A possibilidade de título brasileiro não se apresentava tão palpável para o Inter desde 2009, possivelmente. A sete rodadas do fim, a equipe de Abel Braga depende de si. Faltam 21 pontos ainda, é verdade, mas a sequência de sete vitórias seguidas, sendo uma delas como a da noite passada, com autoridade, sobre o São Paulo, então líder, permitem ao clube e à torcida alimentar a ilusão de buscar o tetra.
Naturalmente, depois de fazer 5 a 1 no São Paulo, o tema foi tratado. Pelos colorados, no caso, nas redes sociais. Não foram poucas as recordações e comparações, principalmente com 2006. O mesmo adversário, o mesmo estádio, o mesmo treinador do Inter, a mesma camisa 11 de Rafael Sobis, autor dos dois gols da decisão daquela Libertadores. Yuri Alberto, que usou o número abençoado, e Abel Braga à beira do campo comandando seu time em uma atuação luxuosa, foram os nomes mais citados, as montagens mais compartilhadas.
— Abel tem me dado muita confiança, como sempre falo, jogando como centroavante, como ponta. Essa vitória foi importante para pegarmos confiança e irmos em busca dos três pontos no domingo. Estamos muito felizes, mas claro com o pé no chão para o clássico — declarou Yuri Alberto, que levou a bola para casa, como os europeus quando fazem três gols.
Claro, o Gre-Nal virou tema ao final do jogo. Abel Braga, que caminha para ser o técnico com mais partidas na história do Inter, lembrou da amizade que tem com Renato Portaluppi, o técnico que tem mais jogos na história do Grêmio:
— Tem um respeito muito grande. Renato é um amigo, que faz um grande trabalho, também lançando jogadores jovens. É uma situação incômoda sobre o período sem vitórias, mas vamos trabalhar porque vamos precisar jogar ainda mais do que hoje (quarta-feira).
Depois, experiente, tratou de tirar o peso do clássico:
— A vitória de hoje não nos coloca como favorito. Não vamos tirar os pés do chão nem sentir soberba. Vamos nos concentrar muito. Essa vantagem que o Grêmio tem tido, me parece é porque jogam muito seguros, e o Inter fica mais pressionado.
No final, o treinador disse:
— Isso o que aconteceu hoje só vai acontecer de novo daqui a 20 anos — declarou Abel.
Se a referência é ao placar elástico, o maior da história do Morumbi, talvez ele tenha razão. Se for ao símbolo, o treinador tirou uma licença poética: a última foi há 14 anos. Com ele mesmo na casamata.