Na partida mais importante no momento de crise, o Inter precisa de seu goleador. Thiago Galhardo é a maior esperança colorada para enfrentar o Boca Juniors, em partida que abre os mata-matas da Libertadores, a partir das 21h30min desta quarta-feira, no Beira-Rio. O jogador mais festejado da temporada, que ocupa o topo da lista dos artilheiros do Brasileirão, corre atrás de seu primeiro gol na competição continental.
Lógico que não é coincidência, e esse momento turbulento colorado e está atrelado a uma queda de desempenho do camisa 17. Seu último gol foi marcado na última vitória do Inter, em 3 de novembro, contra o Atlético-GO, pela Copa do Brasil. Depois, cumpriu suspensão contra o Coritiba pelo Brasileirão, Eduardo Coudet pediu demissão e, sob novo comando, de Abel Braga, ainda não balançou as redes adversárias. Pior, perdeu seu primeiro pênalti, chutando para fora diante do América-MG, na Copa do Brasil.
É preciso esclarecer, porém, que mesmo sem repetir performances anteriores, continua sendo decisivo. Foi dele a assistência para o gol de Yuri Alberto em Belo Horizonte e saiu de seus pés a tabela com Maurício contra o Fluminense no domingo passado, que não é contabilizada como passe para gol porque houve rebote do goleiro.
Além de decisivo, também é participativo: passam por ele praticamente todas as melhores jogadas ofensivas da equipe, e, na última partida, chegou a ter dois gols anulados, um por toque de mão na origem da jogada e o outro por impedimento.
— Todos nós, jogadores, sonhamos com grandes jogos, grandes conquistas. Para poder ser campeão precisa passar por adversários assim, o Boca é um dos maiores vencedores, é um time competitivo e passar por eles mostraria o quanto estamos querendo. Uma pena não podermos ter os torcedores do nosso lado. Mas um bom resultado é fundamental para decidir na Bombonera — afirmou Galhardo.
A troca de estilo de jogo, seja no sistema que na maneira de se posicionar em campo, porém, ainda estão exigindo adaptação. Com Coudet, Galhardo quase nunca jogava como único centroavante. O treinador anterior preferia ter uma dupla de atacantes centralizados, e costumava colocá-lo ao lado de Abel Hernández ou Yuri Alberto, depois que Guerrero rompeu os ligamentos do joelho.
Abel Braga opta pelo 4-2-3-1, o que deixa o goleador como única peça que já parte do ataque. Essa posição não foi tão frequente na carreira do jogador. Antes de vir para o Inter, ele costumava ser meia-atacante, em determinado momento de sua história jogou até mais recuado. No Ceará é que acabou adiantado.
— Quando começamos o trabalho, usamos o Galhardo mais à frente, como um falso 9, em um 4-3-3. Como ele se mexia muito, tínhamos posse mas perdíamos a referência. Depois chegou o Bergson, e deixamos o Galhardo mais solto, para flutuar entre as linhas. Mas sempre como atacante — explicou o técnico Cyro Leães, que trabalhou na comissão técnica do Ceará com Adilson Batista, que completou:
— Ele nos deu as melhores respostas tendo um centroavante jogando junto. Como é um jogador muito inteligente, sabe a hora de tabelar, de abrir espaço.
A forma de jogar também exige adaptação. Coudet gostava de marcar sob pressão, sufocar o adversário, e houve casos em que Galhardo foi beneficiado, como no gol sobre o Flamengo. Abel é adepto da recomposição com saída em velocidade para contra-ataque.
— Não tivemos muito tempo para treinar e nossas peças foram contratadas para um modelo de jogo diferente. Agora vamos corrigir, e até mesmo mudar, para buscar as vitórias. Esse é o mesmo elenco que nos levou à liderança do Brasileirão — opinou o diretor-executivo colorado, Rodrigo Caetano.
Para essa partida, Abel Braga, que será representado pelos auxiliares Leomir Souza e Osmar Loss em razão da covid-19, deve manter o sistema. Ele terá a volta do zagueiro Rodrigo Moledo, que substitui Cuesta, suspenso, e do lateral-direito Heitor.
No meio, Dourado e Edenilson devem formar a dupla de volantes, tendo Nonato centralizado, Maurício (ou D'Alessandro) aberto pela direita e Patrick, que retorna após lesão, na esquerda. Galhardo segue como centroavante.