Eu lembro bem daquele dia quente de 2004. O Beira-Rio lotado desde o início da tarde. Eram 18h e não cabia mais uma mosca. O jogo só começava três horas depois. Teve até show na Coreia para distrair o público.
Aquele Inter era diferente. Estávamos voltando a encarar uma semifinal de competição internacional, o que não acontecia desde os anos 1980. Aquela torcida se sentia grata por participar daquele momento. O adversário era o poderoso Boca Juniors, que nos anos 2000 já tinha conquistado Mundial e Libertadores. Aquele clube estava quase pedindo desculpas por chegar perto de ganhar a Sul-Americana. Perdemos.
No ano seguinte, o confronto de novo. Foguetes nas orelhas do Clemer, cinco minutos de apagão, e a vantagem construída por Fernandão se foi.
Dezesseis anos, duas Libertadores, uma Sul-Americana e um Mundial de Clubes separam aquele Inter do que enfrentará o Boca de novo no final de novembro.
É certo que vencemos os xeneizes em 2008, com grande atuação de Alex. Mas era um time reserva, a lógica era diferente. Agora, eles querem a Libertadores tanto quanto nós.
Disputamos a América ao lado do Brasileiro, com enormes chances de chegar na ponta. O Inter de hoje não pede mais desculpas: vai chegar na Bombonera sem tirar fotos, de cabeça erguida, com a sua própria cuia de mate e suas próprias glórias no peito.
O sorteio foi duro, sim, mas quem ergueu um Gigante sobre as águas não deve temer nada.