A Copa do Brasil foi o campeonato que o Inter esteve mais próximo de vencer no ano passado. A decisão, naquele setembro de 2019, ainda está na retina dos colorados, que sonham com um desfecho melhor na atual temporada. O desafio de 2020 começa em Goiânia, contra o Atlético-GO, e, entre as missões de Eduardo Coudet, estão a de equilibrar com um Brasileirão que o time lidera e a de consolidar um substituto para Boschilia, que rompeu o ligamento do joelho direito. Marcos Guilherme é o candidato da vez.
Contratado no início da temporada e com vínculo até o final de 2022, o jogador estava no Al Wehda, da Arábia Saudita, e teve um começo promissor em Porto Alegre. Era titular praticamente incontestável, válvula de escape do time e alternativa de velocidade do time, até a paralisação do futebol, em março. Depois que o esporte voltou, porém, caiu de rendimento, algo admitido até por ele.
— Antes da pandemia eu estava rendendo muito mais, as jogadas estavam entrando. Fisicamente também estava encaixado, tudo muito melhor. Na volta tive alguns jogos abaixo, saí da equipe titular porque não estava rendendo. Me cobrei muito. Treinei mais e falei com a comissão técnica e o Coudet para saber o que precisava para eu retomar o lugar no time. Acho que nos últimos quatro jogos tenho ajudado, mas ainda tenho muito a melhorar e crescer — disse o jogador, em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha.
De fato, os treinadores que trabalharam com Marcos Guilherme reconhecem nele um jogador esforçado e obediente. Isso, somado à versatilidade, ajuda a mantê-lo sempre entre os lembrados para começar os jogos. E como candidato à vaga, mesmo tendo características diferentes às de Boschilia.
Enquanto o meia que veio do Monaco é mais técnico e passador, Marcos Guilherme chama a atenção pela velocidade. É um dos atletas mais rápidos do grupo. Mas não é um organizador como o jogador lesionado. Ainda assim, tanto Claudinei Oliveira quanto Petkovic, que o treinaram no Athletico-PR, garantem que ele pode, sim, executar diferentes funções. Pet o escalava como meia central, com liberdade de movimentação. Claudinei optava por mantê-lo aberto, buscando espaço.
— Não temos no grupo jogadores com as mesmas características — alertou Coudet na última entrevista coletiva.
Por isso, não é de se descartar que Marcos Guilherme atue aberto pela direita e Edenilson ocupe a faixa central, por exemplo. E que ambos invertam as funções de acordo com o andamento da partida. Isso, tudo, orientado aos gritos pelo treinador, como o meia-atacante colorado deixou claro para a Rádio Gaúcha:
— Quando você pensa em dar uma dosada, ele já tá em cima gritando para que você dê o máximo. Isso é importante. Quer sempre tirar o máximo do grupo. Levamos isso de uma forma muito boa, porque ele quer nos ajudar. Por isso estamos como estamos — comentou, antes de brincar: — Quando eu jogo pela direita estou do ladinho dele, escuto bastante. Pode ter certeza que nos treinamentos é ainda pior.
Aos berros e na velocidade, o Inter tenta repetir o desempenho de 2019, mas com o desfecho de 1992. Que foi, inclusive, a última vez que conquistou um título nacional.