Jorge Sampaoli geralmente coleciona bons trabalhos por onde passa. No Chile, levou "La U" à conquista da Copa Sul-Americana e a seleção nacional ao título da Copa América. A exceção foi o desempenho ruim da Argentina na última Copa do Mundo. Porém, o trabalho realizado na Vila Belmiro no ano passado, levando um modesto Santos ao vice-campeonato brasileiro, mostrou que ele ainda está em alta. Em 2020, repete a dose à frente do Atlético-MG, que promove um duelo direto com o Inter, neste sábado (22), pela liderança provisória do Brasileirão.
Com nove jogos à frente da equipe de Belo Horizonte, o treinador obteve sete vitórias, um empate e apenas uma derrota — sofrida na última quarta-feira, para o Botafogo.
— Deveríamos aumentar as variantes de ataque, mas é preciso valorizar o que este grupo jovem fez, procurando ganhar a partida. Perdeu a partida, mas não perdeu a ideia. Seguimos adiante com nossa ideia, tentando fazer com que este grupo jovem siga aprendendo — declarou o próprio comandante em sua entrevista coletiva.
O modelo de jogo é o mesmo aplicado em seus trabalhos anteriores, priorizando a posse de bola, encurtamento do campo e movimentação intensa. Por conta da exigência física, ele altera a escalação de um jogo para outro, seja para ter os atletas bem condicionados, ou para se adaptar ao que o jogo oferece.
— É um time que sai sempre com a bola pelo chão, fazendo aquele jogo apoiado, que dificilmente entra na linha do chutão. Pode acontecer um lançamento com o Réver, mas não é para se livrar da bola — avalia o jornalista Vinicius Dias, do portal Toque di Letra. — São jogadores de muita movimentação e não tem nenhum camisa 9. É difícil cravar a escalação, porque às vezes o Sampaoli faz mudanças que surpreendem, como um volante na lateral esquerda ou três zagueiros. E justamente essas surpresas revelam o lado estudioso do treinador, que percebe o que o adversário propõe para ele e monta uma equipe em cima disso — complementa Vinicius.
O estilo exigente de Sampaoli também ultrapassa as quatro linhas. A pedido do técnico, a direção investiu mais de R$ 100 milhões em reforços, o último deles o atacante Eduardo Sasha, revelado no Beira-Rio.
— O grande nome neste início de trabalho, na minha opinião, é o lateral-esquerdo Guilherme Arana, que dá segurança na defesa, mas aparece muito bem no ataque. Ainda vejo uma instabilidade na criação das jogadas, onde o Atlético ainda busca jogadores para essa função. Apesar de eu destacar dois nomes de defesa, como Arana e o zagueiro Junior Alonso, um ponto que precisa encaixar melhor é a marcação. Pela busca incessante pelo ataque, o time tem dado muitos espaços a contra-ataques. Foi assim que perdeu para o Botafogo, por exemplo — analisa Vinícius Dias.
Para este fim de semana, o provável time atleticano tem: Rafael; Guga, Junior Alonso, Réver e Guilherme Arana; Allan, Alan Franco e Hyoran; Keno, Marrony e Marquinhos.