Apesar de ser uma das equipes mais tradicionais do país, a Universidad de Chile não vive um bom momento. Depois de terminar o último campeonato nacional em 14º lugar, garantiu classificação a Libertadores graças a um W.O. (o Unión Española se negou a entrar em campo pela semifinal da Copa Chile, no dia 18 de janeiro, por contestar que a vaga fosse dada por meio deste confronto). Mas, além de estar imerso em meio à turbulência que atinge o futebol chileno — paralisado em outubro do ano passado por conta das manifestações sociais contra o presidente Sebastián Piñera — a "La U" abriu 2020 com seus próprios problemas.
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (31), o técnico Hernán Caputto evitou falar sobre o Inter, já que neste sábado (1º) enfrenta o Curicó Unido, em casa, pela segunda rodada do Campeonato Chileno. A partida, aliás, está envolta em um clima de tensão, pois teve seu horário antecipado das 20h para as 17h30min por questões de segurança. Na rodada anterior, um torcedor foi atropelado e morto por um veículo da polícia.
— Para nós, é muito importante ganhar neste sábado. Isso afirma as nossas convicções. No torneio internacional, vamos competir e buscar a classificação, mas quero falar disso depois. Não quero que nada tire o foco da partida contra o Curicó — declarou Caputto.
A situação do treinador também não é das melhores. Ocupando o cargo desde o ano passado, ele vem tendo seu trabalho questionado após abrir o ano com duas derrotas — ambas por 2 a 1. A primeira, para o rival Colo-Colo, determinou a perda do título da Copa Chile. Depois, foi batido pelo Huachipato com gol marcado nos acréscimos da partida, válida pela primeira rodada do certame local.
— Pode-se dizer que é uma equipe frágil psicologicamente, com pouca capacidade de reação. Por mais que tenha mudado alguns jogadores, essa problemática quanto à atitude dos jogadores se mantém. Não há muita diferença em relação a como vinha jogando ao ano passado, antes da suspensão do campeonato — opina Carlos Madariaga, repórter da Rádio ADN, de Santiago.
Entre os atletas trazidos para esta temporada está o meia Walter Montillo, ex-Cruzeiro, que até dezembro estava no Tigre, enfrentando o Racing de Eduardo Coudet pelo Troféu dos Campeões da Argentina. Com a camisa 10 às costas, ele é o jogador mais cerebral da equipe, responsável pela armação das jogadas ofensivas. Outro reforço é o zagueiro Luis Del Pino Mago, que no ano passado defendeu o Palestino e, inclusive, enfrentou o próprio Inter na fase de grupos.
Aliás, o time joga em um sistema tático semelhante ao de Eduardo Coudet. Para dar sustentação aos avanços dos laterais Matías Rodrígues e Beausejour (ambos ex-Grêmio), o volante Cornejo, contratado junto ao Coquimbo Unido, permanece mais posicionado em frente à área. Na frente, o centroavante Henríquez ganhou a companhia do experiente argentino Larrivey, 35 anos, que defendeu o Cerro Porteño na última temporada.
Para terça-feira, contudo, a equipe ainda pode apresentar duas novidades: os meias Camilo Moya e Pablo Aránguiz, que retornam do Torneio Pré-Olímpico após a eliminação da seleção chilena na primeira fase. O último deles, apesar do sobrenome, não tem parentesco com Charles Aránguiz, ex-atleta colorado e que hoje milita no Bayer Leverkusen. Atleta de 22 anos, foi revelado pelo Unión Española.
— São jogadores interessantes, que aportam com um bom desarme e qualidade no passe — atesta Madariaga.
É neste contexto que os chilenos chegam para o duelo de ida contra o Colorado. Uma derrota pode agravar ainda mais a crise. Porém, uma vitória pode representar o ressurgimento do "Azul Azul", como é chamado por seus torcedores.