Depois da perda da Copa do Brasil na decisão com o Athletico-PR, é consenso de que o Inter perdeu o rumo. O time não se achou mais em campo, o que precipitou mudança de técnicos. A direção primeiro trocou Odair Hellmann, depois contratou Zé Ricardo interinamente enquanto aguardava o ok de Eduardo Coudet, que deixa o Racing no sábado para começar seu trabalho no Beira-Rio em 2020. Nesse meio tempo, o clube ainda viu o vice de futebol Roberto Melo deixar o cargo, que ainda não foi preenchido.
Isso tudo se refletiu nos jogos: o padrão que chegou a ter na temporada sumiu, deixando lacunas em pelo menos quatro posições no time titular. No entendimento dos comentaristas ouvidos pela reportagem, os dirigentes precisam vasculhar o mercado atrás de dois laterais, um esquerdo e um direito, um meia e um atacante.
Zeca não deu a resposta esperada nem pela direita nem pela esquerda. Seus desempenhos criticados, somados a comportamentos pouco profissionais fora de campo, o transformaram em alvo preferido de vaias de torcedores. Bruno também ficou abaixo da exigência do clube e não renovará vínculo. No final do ano, a vaga na lateral acabou sendo ocupada por Heitor, mas o jogador tem 19 anos e não está consolidado.
Na esquerda, desde a venda de Iago, na metade do ano, também não apareceu um jogador à altura do antigo titular. Uendel foi o mais escalado, mas nunca caiu nas graças da torcida, apesar da reconhecida liderança no grupo. Natanael, buscado na Bulgária, pouco atuou — e quando foi a campo não deixou os colorados empolgados. A opção vinda da base é Erik, de apenas 18 anos.
— Os jogadores contratados como solução não renderam o esperado nessas posições — opina Leonardo Bertozzi, da ESPN.
No meio-campo, a qualidade de D'Alessandro é indiscutível. Mas há dois aspectos a serem levados em conta para apontar a necessidade da contratação de um meia. Em primeiro lugar, clube e jogador ainda não renovaram contrato, o que sempre gera uma incerteza sobre o futuro. Além disso, o argentino (que completará 39 anos em abril) não consegue jogar partidas em sequência. O que há no grupo atual fica abaixo não só em talento, mas também em personalidade.
— O Inter precisa de um ponta articulador para fazer a função do D'Alessandro com mais intensidade — indica o analista André Nunes Rocha, do UOL.
Na frente, as saídas de Nico e Rafael Sobis e a indefinição sobre o futuro de Guilherme Parede, William Pottker e Wellington Silva deixam clara a necessidade de se buscar um parceiro para Paolo Guerrero. No sistema preferido de Eduardo Coudet, o 4-1-3-2, o centroavante normalmente fica próximo de um jogador mais móvel, mas que seja atacante, sem ficar preso nas pontas.
Outras posições também deveriam ser avaliadas pelos dirigentes. O colunista José Alberto Andrade, de GZH, chama a atenção para um aspecto importante da próxima temporada.
— Em 2020, haverá Eliminatórias e Copa América. Se ficar no Inter, Guerrero vai desfalcar o time em muitas rodadas. Precisa existir uma reposição de qualidade nessas ausências.