Tema tabu, e que causa desconforto e incômodo no Beira-Rio, a contratação de Eduardo Coudet para comandar o Inter em 2020 é amplamente debatida na imprensa esportiva argentina. Nesta terça-feira, veículos como o canal de TV TyC Sports e o jornal Clarín, dois dos principais daquele país, anunciaram que a "Era Coudet" no Racing chegará ao fim após a decisão do Troféu dos Campeões, em 14 de dezembro, diante do Tigre e que, a partir de então, o técnico de 45 anos já poderá se apresentar ao seu novo clube, onde passará a receber R$ 700 mil mensais, o dobro do que recebe atualmente.
Segundo pessoas com acesso a Coudet, na Argentina, o treinador já fez pedidos à direção do Inter. O primeiro deles seria a contratação do atacante argentino Marco Ruben, conhecido dos colorados por ter conquistado a Copa do Brasil com o Athletico, no Beira-Rio.
Marco Ruben era um dos destaques do Rosario Central montado por Coudet, e que eliminou o Grêmio de Roger Machado na Libertadores 2016. O atacante de 33 anos está emprestado pelo Central ao Athletico somente até o fim desta temporada. O seu contrato com o clube argentino vai até dezembro de 2020.
Conforme fontes do Clarín, Coudet demorou um mês para comunicar ao Racing sua saída ao final desta temporada. Após as primeiras conversas com o vice de futebol do Inter, Roberto Melo, que embarcou para Buenos Aires no feriado de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro, o treinador deu o "sim" aos brasileiros. Mas pediu sigilo total porque o Racing ainda tinha reais possibilidades de bicampeonato argentino e, enquanto essa chance estivesse viva, Coudet desejaria manter tudo em segredo.
O Inter insistiu que precisava do técnico imediatamente, mas Chacho Coudet se manteve firme em sua decisão de prosseguir comandando a equipe — e o Colorado partiu para o interinato de Ricardo Colbachini e, três jogos depois, para o contrato temporário de Zé Ricardo.
Os recentes tropeços diante de Banfield e de Patronato, porém, distanciaram o Racing do título, ficando quatro pontos atrás dos líderes Argentinos Juniors e Lanús, três pontos atrás dos sempre favoritos River Plate e Boca Juniors, além de perder para o Vélez no desempate.
Além disso, conforme a imprensa argentina, a visita da mulher de Ariel Broggi — o seu auxiliar técnico, e que também trabalhará no Inter —, a Porto Alegre, a fim de conhecer a cidade e de começar a definir locais para a moradia, fez Coudet quebrar o silêncio. O treinador, então, anunciou internamente a sua saída em dezembro, quebrando o contrato com o clube argentino, válido até meados de 2020.
Em um primeiro momento, Eduardo Coudet comunicou ao presidente do Racing, Víctor Blanco, sobre a sua decisão. Alegou a oportunidade de uma carreira internacional, em um país que está em encantamento com treinadores estrangeiros, além da oferta de um salário que jamais receberia no futebol argentino.
Depois disso, Coudet anunciou a sua saída para o manager do clube, Diego Milito, e, mais adiante, chamou o ex-Inter e atual capitão do Racing, Lisandro López, para apresentar os seus argumentos e oficializar para o vestiário que disputará os seus últimos jogos pelo clube.
Eduardo Coudet se mantém atualizado sobre o Inter. Recebe informações quase diárias sobre a equipe, além de ter a promessa de reforços para 2020. Uma das missões de Coudet será tirar o ranço defensivista das mais recentes formações da equipe, a fim de transformar o Inter uma vez mais em um time ofensivo.
A carreira de Chacho Coudet como treinador é curta, iniciada em 2015, no Rosario Central (de Marco Ruben), onde permaneceu até 2017, quando foi para Tijuana do México. Transferiu-se para o Racing em janeiro de 2018. No clube de Avellaneda, conquistou a Superliga Argentina neste ano — seu primeiro título como treinador. Nos três clubes, manteve o mesmo estilo de jogo.
O esquema tático preferido de Eduardo Coudet é o 4-1-3-2. Ele costuma usar um primeiro volante de bom passe para iniciar as jogadas e exige que esse jogador faça muitos lançamentos longos buscando as viradas de jogo. Em vários momentos, o jogador da posição recua entre os zagueiros para fazer a chamada saída de três, que permite o avanço simultâneo dos laterais.
A partir do meio-campo, os times de Coudet costumam apostar na agressividade. O treinador não é adepto de um jogo de muita posse, prefere ser direto quando tem a bola. Essa maneira de jogar exige bastante intensidade dos jogadores do meio-campo, setor que o Inter conta com nomes como Edenilson, Patrick e Nonato, capazes de jogar desta forma.
D'Alessandro jogaria, exigindo uma compensação dos outros três companheiros de setor no momento da recomposição defensiva. O Inter de Coudet já está sendo planejado em Avellaneda. Porque, no Beira-Rio, tudo é silêncio.
Linha do tempo
18/9
Inter perde a Copa do Brasil para o Athletico, e demissão de Odair Hellmann começa a ser desenhada.
9/10
Odair abre o returno o Brasileirão, mas a equipe parece ter entrado em depressão. Na quinta rodada, a derrota para o CSA de Argel derruba Odair ainda em Maceió.
10/10
Sem conseguir contratar Roger Machado, a direção do Inter anuncia Ricardo Colbachini como interino.
12/10
O vice de futebol Roberto Melo embarca para Buenos Aires, com a missão de contratar Eduardo Coudet. Após longas reuniões, o treinador demonstra desejo de seguir no Racing até o fim do ano, pois ainda tinha chances de título, e enfrentaria dias depois o clássico com o Boca Juniors. Apesar do "não" de Coudet para assumir o Inter em 2019, um acerto para comandar o clube a partir de janeiro fica encaminhado. E esse acordo é concretizado durante a semana.
21/10
Aliviada, após definir a contratação de Eduardo Coudet para 2020, a direção do Inter então anuncia e apresenta o carioca Zé Ricardo como o treinador para os 11 jogos finais do Brasileirão.
3/11
Após o empate com o Patronato, Eduardo Coudet oficializa à direção do Racing e ao capitão do time, Lisandro López, que deixará o clube após 14 de dezembro (quando decidirá com o Tigre o Troféu dos Campeões), e que se apresentará ao Inter.