A cada rodada, a pergunta se repete nas entrevistas coletivas pós-jogo: por que Sarrafiore não joga? Contratado no ano passado junto ao Huracán, o meia argentino chegou a ser alvo de uma disputa judicial na Fifa. Ainda assim, mesmo depois de toda o empenho para tê-lo, o Inter deixa o jovem de 22 anos na fila de espera — atrás de Neilton, Guilherme Parede, Wellington Silva e outros atletas.
Nem mesmo a troca no comando técnico, com a saída de Odair Hellmann, alterou o panorama. Desde a chegada de Zé Ricardo, Sarrafiore só jogou por 14 minutos — nos minutos finais da vitória sobre o Bahia, em Salvador.
— Confesso que é bem difícil responder a essa pergunta. Vou conhecê-lo melhor em um trabalho com o grupo. Muitas vezes, o treinamento dele foi em separado. Vamos tentar ter mais informação sobre ele, e certamente será um atleta que vai nos ajudar na reta final — declarou Zé Ricardo, após a vitória sobre o Fluminense.
Média de gols
— Claro que as pessoas podem pensar: "Ah, mas ele é importante para fazer gol", mas futebol não é só isso, não é só fazer gol. Ele precisa participar, porque precisa de um equilíbrio no time. Ele evoluiu bastante, é um jogador que tem grandes possibilidades de ser titular, mas é um processo de evolução — argumentou Maurício Dulac, auxiliar técnico de Odair, em entrevista à Rádio Gaúcha no último fim de semana.
De fato, um jogador de futebol não pode se preocupar apenas em balançar as redes adversárias. Entretanto, a média de gols do argentino salta aos olhos. Ao longo de 2019, Sarrafiore atuou em 33 jogos, mas apenas nove vezes iniciou como titular. Nas demais partidas, entrou no segundo tempo, totalizando 1.039 minutos em campo. Neste período, marcou seis gols — três pelo Gauchão e três pelo Brasileiro.
Para efeitos de comparação, o artilheiro colorado na temporada é Paolo Guerrero, com 17 gols em 3.104 minutos (média de um gol a cada 182,5 minutos) — ou seja, inferior à do meia argentino, que tem média de um gol a cada 173 minutos.
Posição
— Durante os treinamentos, tenho observado que a posição em que ele melhor tem desempenhado seria na função do D'Alessandro, jogando por trás do atacante. Como a gente acabou tomando o segundo gol, achei que precisávamos de outro atacante, com característica mais de área, trazendo o D'Ale para jogar na iniciação da jogada — justificou Zé Ricardo após o empate com o Fortaleza.
Na única vez em que foi utilizado pelo atual treinador colorado, o jovem meia ingressou centralizado na linha de três do meio-campo. Sem D'Alessandro, que estava suspenso, Neilton foi escolhido para iniciar como titular da posição. Portanto, a justificativa do treinador faz sentido.
O problema é que, ao longo da temporada, Sarrafiore foi utilizado pouquíssimas vezes nesta função. Como o time era escalado com três volantes e três atacantes por Odair, no 4-1-4-1, ele nunca iniciou uma partida como meia-armador. Em seis vezes, atuou aberto pelo lado direito. Mas também jogou pela esquerda e no tripé do meio-campo.
Quando ingressou no decorrer das partidas, substituiu Nico López em seis oportunidades e William Pottker em três — novamente jogando pelos flancos.