Houve um tempo em que o Beira-Rio rugia. E o time escutava. Não parece ser o caso atual.
Mesmo com o apoio de seus torcedores, o Inter não consegue mais reagir ao incentivo das arquibancadas, a fim de se impor como mandante. Nesta quarta-feira (27), às 19h30min, diante do Goiás, a previsão do clube é que se repita o público de 28 mil torcedores, que assistiram ao frustrante empate com o Fortaleza. A torcida mantém viva a esperança de empurrar a equipe de volta à Libertadores, diante de um adversário que já passa a ameaçar a vaga colorada. No primeiro turno, o Goiás de Rafael Moura, com um jogador a menos durante quase 90 minutos, bateu o Inter por 2 a 1.
Dono da nona maior média de público no Brasileirão (22.789 torcedores por jogo), o Inter anteriormente de Odair Hellmann, do interino Ricardo Colbachini e, agora, do provisório Zé Ricardo, parece não ter mais a força da sua casa a seu favor. E a queda não se deu por falta de apoio. Ainda que jogadores como Zeca, Uendel, Wellington Silva e Guilherme Parede tenham sido vaiados pontualmente, a torcida segue aplaudindo a maioria dos nomes anunciados no sistema de som do Beira-Rio. Com exceção de clássicos com Flamengo, Grêmio e Corinthians, jogos com mais de 40 mil torcedores, com mais de 33 mil torcedores e com mais de 31 mil torcedores, respectivamente, a média de público no Beira-Rio se manteve.
Desde a derrota para Athletico na final da Copa do Brasil, os números da equipe em casa no Brasileirão passaram a ser decepcionantes. O curioso é que, ao contrário de anos anteriores, desta vez, ninguém foi vendido ou se perdeu algum jogador por longo tempo de lesão (com exceção de Rodrigo Dourado, cuja temporada acabou ainda no primeiro semestre). Se antes de perder o torneio o aproveitamento da equipe de Odair em casa no Brasileirão era de 86,6%, pós-Copa do Brasil ele despencou para 47,6% – com duas vitórias, quatro empates e uma derrota em sete jogos.
— Em casa a gente resolve — sentenciou Paolo Guerrero, após a partida de ida da final da Copa do Brasil.
O Inter não resolveu em casa. Não conseguiu mais transformar o Beira-Rio numa espécie de "Estrela da Morte" para os rivais. O empate com jeitão de derrota com o Fortaleza foi um exemplo disso. Um time confuso em campo, que permitiu a uma equipe que até então brigava para evitar o Z-4 sair na frente, depois empatar e, se não fosse Marcelo Lomba defender um pênalti já nos acréscimos, teria amargado nova derrota em casa.
— A gente também se pergunta sobre essa oscilação — comentou Lomba, ao ser questionado sobre a falta da antiga imposição do Inter em casa. — Éramos quase imbatíveis aqui (no Beira-Rio) e, agora, teve essa queda. Queremos retomar isso no jogo de quarta-feira. No ano passado, tivemos 95%, 90% de aproveitamento em casa — completou.
Mesmo que Zé Ricardo tenha desembarcado em Porto Alegre com a idade de fazer do Inter uma equipe mais ofensiva, o projeto ficou apenas no plano das ideais. Mas Lomba ainda acredita em um crescimento do time nas rodadas finais. E, sobretudo, na decisão contra o Goiás.
— Zé Ricardo tem batido bastante nessa tecla, de sermos um time mais ofensivo, com mais criatividade, mais leveza ofensiva. Mas falta a gente encontrar esse equilíbrio entre fazer gols e não tomar. Tivemos uma mudança porque os resultados negativos tiraram a nossa convicção da forma de jogar. Estamos nos adaptando. A zaga está mais ofensiva (adiantando a marcação) para ajudar o ataque. Contra o Fortaleza, os gols saíram em lances imprevisíveis. O que o Zé está implantando vai dar resultado — acredita Lomba.
O técnico Zé Ricardo trata de proteger os seus jogadores. Uendel foi vaiado cada vez que tocava na bola, após o erro grosseiro no segundo gol do Fortaleza.
— Gostaríamos que fosse o contrário (que os jogadores não fossem vaiados). Mas senti o apoio até o final da maioria dos torcedores. O torcedor está no seu direito, ele é quem faz o clube. A gente respeita a opinião deles. Mas o nosso grupo é esse e já mostrou o que pode fazer. Estamos tentando unir nossas forças e mostrar tudo que podemos já no próximo jogo - disse o treinador do Inter.
Uma vez mais, o Inter terá o apoio da torcida. Agora, basta devolver esse carinho com uma vitória, a fim de seguir na busca por vaga à fase de grupos da Libertadores. Tudo para evitar que Eduardo Coudet assuma pressionado por uma obrigação de colocar a sua nova equipe na etapa quente do torneio continental.
Os jogos do Inter no Beira-Rio depois de perder a Copa do Brasil
Inter 1x0 Chapecoense
Púbico total: 24.362
Inter 1x1 Palmeiras
Público total: 23.114
Inter 0x0 Santos
Público total: 13.572
Inter 0x1 Vasco
Público total: 24.908
Inter 1x1 Athletico
Público total: 20.900
Inter 2x1 Fluminense
Público total: 13.251
Inter 2x2 Fortaleza
Público total: 28.684