Após a importante vitória do Inter por 2 a 1 sobre o Fluminense, no Beira-Rio, fica a pergunta: com o futebol apresentado neste domingo (10), será possível obter um bom resultado na próxima semana, quando a equipe enfrentará o Corinthians, na Arena Itaquera? O clássico vintage em São Paulo poderá definir o futuro colorado em 2020. Na briga por uma vaga na Libertadores ou na pré-Libertadores, o Corinthians surge como o principal adversário do Inter no Campeonato Brasileiro. Paolo Guerrero, convocado pela seleção peruana, está fora da partida.
— Temos de melhorar rendimento e desempenho — disse o técnico Zé Ricardo.
O treinador argumentou na sequência que o fato de ter enfrentado muitos jogos com pouco tempo de trabalho prejudicou uma melhor elaboração e polimento de time e de jogadas. O que ocorrerá a partir de agora, com uma semana livre de jogos antes do clássico em São Paulo.
— É difícil disputar cinco jogos em 17 dias, com viagens. Não é desculpa, mas estamos em reta final de campeonato, e alguns atletas sentem mais do que os outros, por participarem mais do que outros — comentou Zé Ricardo. — Temos jogadores importantíssimos perto ou com mais de 30 anos, e enfrentar uma sequência de quatro partidas, vir para um quinto jogo, e buscar desempenho o tempo todo é mais complicado. Para o jogo com o Fluminense, devido ao desgaste da viagem de Fortaleza, fomos a campo (no treino de sábado) para posicionar alguns atletas, foi mais em conversas que nos policiamos e projetamos onde atacar o Fluminense. O resultado foi justo, e agora é descanar para buscar uma boa vitória em São Paulo — acrescentou.
Zé Ricardo lamentou que terá de alterar a equipe uma vez mais – pela sexta vez em seis jogos. Paolo Guerrero estará junto à seleção peruana, e desfalcará a equipe contra o seu ex-clube.
— As mudanças ocorrem por necessidade. Em todos os cinco jogos tivemos atletas suspensos ou com um nível de desgaste muito grande. Tivemos de administrar isso. Esta semana que entra será a primeira que poderei trabalhar inteiramente, sem jogos — comentou o técnico.
Questionado sobre os protestos da torcida, no sábado e durante o jogo, o treinador retrucou sobretudo os cânticos de "time sem-vergonha".
— Essa não é uma equipe sem-vergonha, é uma equipe com muita vergonha, e que honra a camisa. O momento é de confiar no grupo, e de ter tranquilidade. Sempre que joguei contra o Inter sofri uma pressão absurda da torcida. Espero que possamos fazer essa pressão aqui nos jogos que nos restam no Brasileirão — finalizou Zé Ricardo.
Punições às torcidas
Antes mesmo da manifestação do treinador, o presidente do Inter, Marcelo Medeiros, foi à sala de entrevistas. O protesto de sábado mais as vaias e as faixas de protesto contra os jogadores do Inter causarão dissabores às torcidas organizadas do clube. No sábado, durante o treino a portões fechados, no Beira-Rio, integrantes das uniformizadas xingaram direção e atletas, no pátio do estádio. Além disso, eles chegaram a entrar em confronto com funcionários do clube. No domingo, durante o jogo com o Fluminense, novas faixas e cânticos de "mercenários" contra os atletas. Após a partida, Marcelo Medeiros prometeu sanções.
— Me vi na obrigação de me dirigir à comunidade esportiva. Primeiro, para deixar claro que foi esse grupo que nos levou à final da Copa do Brasil, uma final que nós perdemos, e que gerou uma frustração do tamanho da expectativa que esse mesmo grupo criou. O Inter está na briga pela vaga à Libertadores, e nós vamos lutar por ela como lutamos neste ano, resgatando a autoestima do nosso torcedor. É inaceitável chamar esse grupo de mercenário e de covarde. O ambiente hostil tem que ser para o adversário, não para o nosso time — declarou Medeiros.
O dirigente prometeu uma reunião extraordinária da direção, a fim de analisar sanções internas às organizadas ou pelo menos o fim de privilégios (perder as salas que elas usam no Gigantinho, por exemplo, poderia ser uma delas).
— O clube oferece espaço, e eles agem contra o clube. Isso vai ter de mudar. As faixas (de protesto à direção e aos jogadores) foram pintadas no pátio do estádio. O Inter sempre tentou defender a liberdade do torcedor, foi até criticado pelo Ministério Público, mas agora vamos ter de mudar esse protocolo. Vamos fazer o que nos cabe, a identificação daqueles que ultrapassaram o limite do protesto. Vir para o estádio vaiar, em um momento de tensão, eu entendo, mas depreciar o patrimônio do Inter, não. Esse tipo de manifestação não ajuda em nada — disse Medeiros.