Começou a contagem regressiva de Zé Ricardo. Apresentado na manhã de terça-feira (22), no Beira-Rio, o novo técnico do Inter terá 46 dias e 11 jogos para devolver o clube à Libertadores. Neste período, o treinador carioca de 48 anos de idade também dará continuidade à transição dos novatos ao time principal. Tudo isso para preparar parte do elenco que será entregue ao argentino Eduardo Coudet, a partir da pré-temporada de janeiro. Logo em sua apresentação, o novo técnico anunciou a sua versão do "mudar não mudando": prometeu seguir o trabalho que estava sendo realizado por Odair Hellmann, mas dotar o time de fome por gols e de agressividade no ataque.
Zé Ricardo, que revelou ter recebido o convite para assumir o Inter ainda na semana passada, após a vitória colorada sobre o Avaí, mas que somente deu o "sim" na segunda-feira. Ele desembarcou pouco antes das 10h de terça em Porto Alegre, e rumou direto para o CT Parque Gigante. Lá, foi apresentado aos jogadores depois do treino comandado pelo ex-interino Ricardo Colbachini (agora promovido à comissão técnica permanente do clube, ao lado de Caíco) e, a partir desta quarta-feira, começará a montar o plano de jogo para a dura estreia contra o Bahia de Roger Machado, em Salvador, neste sábado – e sem poder contar com Lindoso, Patrick e D'Alessandro.
— A ideia é dar continuidade no trabalho, pois, em 40 e poucos dias, se você buscar mudanças drásticas em um time que vem trabalhando de uma forma há mais de dois anos, você tem grandes chances de errar. Vamos tentar mudar algumas coisas já para o próximo jogo, mas de forma bem pontual – disse o técnico José Ricardo Mannarino, o Zé Ricardo. – Temos uma semana cheia e, depois, temos jogos sequenciais. Fica difícil fazer mudanças bruscas. Mudar muito poderia causar uma confusão. Às vezes, com uma troca de característica de jogadores, você já dá uma leveza e uma diferença coletiva – acrescentou o novo treinador.
Obrigado a pontuar em Salvador, Zé Ricardo anunciou que tentará já colocar em campo um time mais agressivo no ataque, e que busque o gol o tempo todo – o que já significaria uma grande mudança no atual Inter:
— Temos um adversário direto já agora. Temos de procurar pontuar dentro e fora de casa. Temos de ter cuidados defensivos, mas vamos sempre buscar o gol. Quanto mais perto do gol do adversário, mais próximo de marcar. Seremos um time agressivo, que queira vencer as partidas, com muita organização. Vamos buscar o gol sempre.
O treinador contratado para finalizar o calendário 2019 colorado acabou sendo uma necessidade do clube. A saída de Odair, o que estava prevista para ocorrer somente ao encerramento do ano, precipitou o mandato-tampão. Como Coudet tem um acerto verbal com o Inter, com salários definidos e até mesmo um encaminhamento de ideias para reforços futuros, mas se negou a deixar o Racing em meio à temporada argentina, a direção do Inter precisou buscar um treinador da confiança do homem forte do futebol: Rodrigo Caetano. Nessa disputa interna, o nome de Lisca acabou preterido pelo de Zé Ricardo, com quem Caetano já havia trabalhado no Flamengo – quando o técnico teve a sua primeira chance como treinador principal.
— O principal objetivo para o qual fui contratado é chegar à Libertadores. O que Odair (Hellmann) fez aqui não foi pouco. Depois de Rubens Minelli, ele é o mais longevo, o que não é fácil, e mostrando resultado e desempenho. O grupo tem potencial — elogiou Zé Ricardo. — O futebol é tão dinâmico que não tem como prever 2020. Vou fazer o meu melhor, e essa possibilidade, deixarei com a direção. Se me perguntar se quero seguir em 2020? Lógico que quero. Mas quero exaltar a forma como tudo foi tratado de maneira bem clara. Tomei a decisão de vir sabendo o que teríamos pela frente — afirmou, ao ser questionado sobre o sonho de permanecer para 2020.
A curta trajetória de Zé Ricardo no Fortaleza (o seu segundo clube na temporada, uma vez que abriu o ano no Botafogo) teve início justamente contra o Inter. O time reserva. A equipe B foi ao Castelão e ganhou por 1 a 0, com um gol de Wellington Silva, que formava a dupla de ataque com Santiago Tréllez naquela tarde-noite. Em apenas 46 dias de Fortaleza (o mesmo tempo que terá agora, no Inter), Zé Ricardo tinha a missão de substituir Rogério Ceni, aquele que é considerado o maior treinador da história do clube. Ceni havia sido contratado pelo Cruzeiro.
Após estrear com derrota para os reservas do Inter, o time de Zé Ricardo empatou com o Santos e venceu o Goiás. Apesar desses bons resultados, a campanha não decolou, e o treinador foi demitido após ser goleado pelo Athletico por 4 a 1 - o mesmo Athletico que marcou o início do fim de Odair Hellmann no Inter. Em sete jogos com o Fortaleza, Zé Ricardo venceu uma partida, empatou duas e perdeu quatro, com a equipe tendo marcado sete gols e sofrido outros 11 – com um aproveitamento de 24%. Pegou o time na 12ª colocação e devolveu a Rogério Ceni em 15º.
— Zé Ricardo teve muito pouco tempo para trabalhar no Fortaleza. É um bom técnico, mas pegou um time montado pelo treinador anterior, que trabalha de uma maneira um pouco diferente. Ele tentou jogar com três volantes, e sentiu muita dificuldade para mudar a forma de atuar do time. Teve ótima relação com os jogadores, mas não conseguiu encaixar um trabalho em um grupo que não foi montado por ele — comentou Lucas Catrib, setorista do Fortaleza para o sistema Verdes Mares, do Ceará.
A era de Zé Ricardo até dezembro terá início nesta quarta-feira. Na sexta colocação, quatro pontos atrás do quarto colocado no Campeonato Brasileiro, o São Paulo, a direção do Inter só quer uma coisa de seu novo treinador: encerrar o ano no G-4 do Brasileirão. O G-6 surge como prêmio de consolação.
Onze jogos e um destino
- Bahia x Inter
- Inter x Athletico
- Grêmio x Inter
- Ceará x Inter
- Inter x Fluminense
- Corinthians x Inter
- Inter x Fortaleza
- Inter x Goiás
- Botafogo x Inter
- São Paulo x Inter
- Inter x Atlético-MG