
Se há algo que impeça qualquer projeção possível de colocar o Inter como candidato a campeão brasileiro em 2019, a resposta é o desempenho fora de casa. Na sexta-feira (7), uma vez mais, a equipe de Odair Hellmann deu um bom exemplo desta situação. A derrota por 2 a 1 para o Vasco, até então lanterna do Brasileirão, em São Januário, mostrou um time displicente no primeiro tempo e que, por isso, precisou se desdobrar na segunda etapa – para conseguir apenas descontar o placar, saindo do Rio de Janeiro sem nenhum ponto.
É bem verdade que Rodrigo Moledo e Rodrigo Dourado estão lesionados, que D'Alessandro ficou na capital gaúcha porque é assim que funciona nesta temporada, e que Paolo Guerrero e Iago estão nas seleções peruana e brasileira sub-23, respectivamente. Ainda assim, o jogo foi contra o frágil Vasco. Já são 10 meses sem ganhar como visitante no Brasileirão – a última vez foi contra o Bahia, em agosto de 2018 –, e o Inter fez na noite carioca algo que ninguém havia conseguido nesta edição: perder para o time de Vanderlei Luxemburo. Na quarta-feira, na última rodada antes do recesso para a Copa América, os colorados recebem justamente o Bahia no Beira-Rio. Emerson Santos, suspenso, está fora. Moledo, recuperado de lesão, pode voltar. Edenilson, com um problema muscular, é provável desfalque.
— Não foi o resultado que viemos buscar. Tínhamos condições de vencer, pela diferenças das equipes e pelo momento que cada uma vive no campeonato. São pontos que farão falta no campeonato. Temos de entrar mais concentrados desde o primeiro minuto. Até tivemos o domínio do jogo, mas sem objetividade. Perdemos pelos nossos erros. Demos dois gols ao Vasco no primeiro tempo — lamentou o vice de futebol Roberto Melo.
O dirigente confirmou que o clube vai às compras no recesso para a Copa América. Um volante, um armador, um atacante e, possivelmente, mais um lateral, deverão ser contratados.
— A gente sabe o que precisa, o que pode perder e o que repor. Alguma coisa boa que podemos tirar desse jogo é dar mais convicção de algumas situações já diagnosticadas. Nas derrotas, temos que tirar uma lição e isto serve para o futuro — comentou Melo.
Para se ter uma ideia do quão ruim foi o começo de jogo do Inter, Rossi, atacante que esteve no Beira-Rio em 2018 e pouco fez, era o nome da partida. Erros de passe, desconexão entre meio e ataque foram a tônica do início. O Inter conseguiu respirar aos 10 minutos, quando Nico fez uma bela jogada e cruzou para a frente da pequena área. Ali, geralmente está Paolo Guerrero. Desta vez, porém, só havia Uendel, que cabeceou sozinho, com o gol aberto, mas tocou pela linha de fundo.
Para a sorte colorada, o forte do Vasco não é exatamente o toque de bola, a posse e a pressão sobre o adversário. Aos poucos, com a falta de um ataque mais contundente pelos donos da casa, os torcedores cariocas passaram a apupar a própria equipe. Rossi, aos 25 minutos, já era o melhor em campo. Um cruzamento na cabeça de Marrony só não foi gol porque a conclusão foi muito ruim. O Inter passava a ser envolvido pelo Vasco de Luxemburgo, então último colocado na tabela.
Ainda que timidamente, o Inter voltou a avançar a partir dos 36 minutos. Foi quando Sobis desviou uma bola de cabeça nas mãos de Fernando Miguel, e depois Nico teve uma chance cara a cara com o goleiro, mas a arbitragem marcou impedimento. Aos 43, o Colorado fez por merecer a sua má atuação diante do pior time do campeonato. Rossi, sempre ele, cruzou na área, a bola foi afastada e não havia ninguém de vermelho para o rebote. Andrey, de fora da área, bateu no canto esquerdo, e Marcelo Lomba ficou apenas no golpe de vista: Vasco 1 a 0.
A configuração da derrota chegaria quatro minutos depois, já nos acréscimos. Nonato cometeu falta na entrada da área. Após a cobrança de Danilo Barcelos no travessão, Tiago Reis, sozinho, sem marcação alguma, surgiu na frente de Lomba para cabecear e comemorar o 2 a 0.
No segundo tempo, sem Edenilson e com Patrick, o Inter foi para o desespero dos que estão perdendo. O Vasco se trancou todo e só esperou os contra-ataques. O time de Odair foi totalmente ofensivo, melhorou no jogo — até porque piorar era tarefa quase impossível — e descontou aos 10 minutos, com gol de Emerson Santos, batendo em curva e vencendo Fernando Miguel.
A atitude que o Inter não teve no primeiro tempo veio na etapa final, quando mandou no jogo, mas sofreu para criar chances de empate. Só teve capacidade e força para um gol. A derrota para o até então lanterna coloca a equipe de Odair em xeque: afinal, qual a real capacidade do elenco do Inter para sonhar com voos mais altos no Brasileirão?