De repente, Lindoso. Uma das mais discutíveis contratações do Inter para a temporada, enfim, começa a mostrar serviço — e bom futebol. Ex-capitão do Botafogo, Rodrigo Lindoso começou a temporada atrás de Rodrigo Dourado e de Rithely. Terceira opção para ser o primeiro homem do meio-campo (e protetor da zaga), não demorou para que o volante de 29 anos ultrapassasse Rithely na hierarquia Odariana e se tornasse o reserva imediato do capitão colorado — que vem sofrendo com constantes dores no joelho esquerdo, depois de uma contusão ocorrida na partida contra o Palestino, no Beira-Rio, que o fez ficar fora de quatro jogos e de diversos treinos desde então, e que não consegue mais ter uma sequência.
Passado o Campeonato Gaúcho, em que Lindoso recebeu chances na maioria das vezes com o time B, o Brasileirão e a Libertadores mostraram o volante com bom desempenho em jogos grandes. A partida no Monumental de Núñez, por exemplo, foi luxuosa. Lindoso, atuando no lugar de Edenilson, pela direita, marcou e ajudou a equipe na transição para o ataque. E deu certo. Assim, Rodrigo Lindoso começa a se estabelecer como o primeiro suplente de Dourado e a Edenilson — com Rithely perdendo espaço.
Em janeiro, a direção colorada detectou que necessitava de uma alternativa como volante. Rithely estava parado há quase um ano, e Lindoso surgiu como uma opção. Com o contrato por se encerrar no Botafogo, o volante deixaria o clube de graça, uma vez que havia pedido alto para renovar, e os cariocas não bancariam a sua solicitação. Foi então que o Inter propôs uma troca pelo rebelde Alex Santana, agora com 24 anos.
Promessa colorada, Alex chegou a ser integrado ao grupo principal, a fim de ser um eventual substituto de D'Alessandro. Acabou barrado pela ascensão de Juan Alano. Retornou ao time sub-23, mas, por indisciplina (não compareceu a um treino, nem deu explicações), acabou sendo envolvido na transação por Lindoso. Foram trocas em definitivo, com cada clube ficando dono de 50% dos direitos de seu ex-atleta. No Botafogo, Alex Santana encontrou outros dois ex-colorados: João Paulo e Gustavo Ferrareis.
— Lindoso chegou ao Botafogo para a disputa da Série B de 2015 (quando o Botafogo foi campeão), como um jogador experiente, mas que tinha jogado no Madureira. Havia alguma desconfiança. Mas ele foi bem como primeiro volante e como um meia pela direita. Além disso, tornou-se o cobrador oficial de pênaltis do time. E sempre bateu muito bem. Num geral, a sua passagem foi boa, ainda que, nos últimos meses, a torcida já estivesse pegando no pé. Daria uma nota 7 para a passagem do Lindoso pelo Botafogo — comenta Thiago Veras, repórter da Rádio Tupi e setorista do Botafogo. — Mas é inegável que a troca por Alex Santana foi muito vantajosa para o Botafogo. É titular do time, um dos goleadores do ano, e assinou contrato longo. A torcida do Botafogo tem certeza de que o clube saiu ganhando com esta negociação — completa Veras.
Curiosamente, foi no Botafogo que Rodrigo Lindoso começou a "recuar". No Madureira, atuava como armador. Mas o Botafogo de 2015 tinha outras necessidades quando o contratou.
— Rodrigo Lindoso jamais será um nota 8 ou nota 9 em qualquer das valências que se exige hoje de um meia. Mas é um bom jogador, que se adaptou à função de volante, tendo sido originalmente um armador. Era o camisa 10 no Madureira. Lindoso é um meia de origem. Consegue ser um volante com bom poder de marcação e com saída de bola limpa. Não dará um passe que resolva o jogo, mas dará sequência às jogadas. Neste Inter que tenta acrescentar um pouco mais de articulação ao jogo de vigor, de roubada de bola e de saída rápida, ele talvez possa ajudar. Não será o pilar do time, mas, sim, um bom substituto a esta altura da temporada — analisa o articulista de O Globo Carlos Mansur.
Aos poucos, o Inter começa a identificar no maranhense Rodrigo Lindoso não apenas um volante, mas, também, um bom meio-campo. Uma espécie de neo-Edenilson (ainda que sem a mesma efetividade). Foi assim em Buenos Aires, diante do campeão da América.
— Em 2018, no período de Zé Ricardo como treinador do Botafogo (de agosto a dezembro), Lindoso foi o artilheiro do time, com oito gols. Foi justamente quando ele deixou de atuar como primeiro volante para ser o segundo homem do meio-campo, com liberdade para penetrar na área e de explorar o seu forte jogo aéreo. Deixou o clube por não aceitar com as condições de renovação — conta o colunista de o Lance! Lazlo Dalfovo.
— Tendo Airton (ex-Inter) como primeiro volante, Lindoso pôde encontrar a sua posição natural, entre o centro e o lado direito do meio-campo, quando conseguia espaços para avançar e para ligar outros jogadores através de passes em profundidade, uma de suas melhores qualidades. Na queda de rendimento do Botafogo, no final de 2017, Lindoso se tornou um dos alvos dos torcedores e, por isso, a sua saída foi vista com bons olhos. Alex Santana chegou e, apesar de possuir características praticamente opostas, adaptou-se rápido e já se destaca, principalmente pelo fato de artilheiro: já são sete gols na temporada até aqui — agrega Sérgio Santana, setorista de Botafogo para o Lance!.
Sem Dourado, que segue em tratamento e com retorno indefinido, Rodrigo Lindoso poderá voltar a seus bons tempos de Botafogo, dando mais opções a Odair Hellmann para o meio-campo colorado.