Pela amostragem inicial, o Inter, a partir de agora, é Paolo Guerrero e mais 10. Bastaram 63 minutos do atacante peruano em campo para que a equipe de Odair Hellmann já se mostrasse diferente. É bem verdade que o adversário era um Caxias correndo atrás do placar no mata-mata semifinal do Gauchão e jogando no Beira-Rio. Porém, com o advento Guerrero, o ataque do time reserva fluiu como poucas vezes, com grandes atuações de Parede, de Sarrafiore e de Camilo. E o torcedor colorado terá mais uma chance de ver Guerrero em ação no Beira-Rio, na noite dessa terça-feira (9), às 21h30min, diante do Palestino, pela Libertadores.
A uma vitória da vaga antecipada às oitavas, o Inter abre contra os chilenos os seus próximos nove dias de decisões. Após enfrentar o Palestino, o Inter terá pela frente os Gre-Nais finais do Gauchão. O "Fator Guerrero" pode elevar o sistema ofensivo do Inter a um outro patamar. Paolo Guerrero pode não ser um jogador que figure em todas as listas de artilheiro do ano, porém ele abre espaços, dá assistências e é um facilitador do ataque.
— Guerrero impressiona pela técnica e pela facilidade de bater na bola — comenta Cléber Xavier, auxiliar técnico da Seleção Brasileira, e auxiliar no Corinthians campeão do Mundial, com gol do peruano, em 2012. — Ele sempre nos ajudou muito, em nosso melhor período. Tem uma técnica altíssima de domínio de bola, de fazer o pivô, além de segurar a bola do jeito que vier. Guerrero faz a aproximação aos meias, para que a bola passe com velocidade pelos lados — acrescenta Cléber Xavier.
Para o auxiliar da Seleção, Guerrero só precisa de um pouco mais de ritmo de jogo para se mostrar em sua essência:
— Ele é excelente na finalização de cabeça e mostrou isto já na estreia. Guerrero faz um pivô qualificadíssimo. E não é só a "Grife Guerrero", ele dá muito trabalho para o adversário, porque vai direto no corpo de seu marcador, tem sustentação para este contato com os zagueiros. É um jogador raro com estas características no futebol brasileiro. Pegando ritmo, Guerrero é um dos melhores jogando no país.
Paolo Guerrero disputou quatro vezes a Libertadores, com uma boa média, marcando 10 gols em 18 jogos. No total, foram 1.535 minutos em campo, entre as 12 partidas pelo Corinthians (foi contratado junto ao Hamburgo logo depois de o time de Tite e de Cléber Xavier ter conquistado a Libertadores), outras seis pelo Flamengo. O peruano recebeu cinco cartões amarelos e um cartão vermelho.
Adversário do Inter nesta terça, o Palestino não é um desconhecido para Guerrero. Em 2016, pelo Flamengo, ele encarou o time chileno pelas oitavas da Copa Sul-Americana. No dia 21 de setembro, no Estádio Monumental de Santiago, os cariocas venceram por 1 a 0, com gol de Emerson Sheik, em assistência dele, Guerrero. No jogo da volta, disputado em Cariacica, no Espírito Santo, o time brasileiro foi surpreendido e perdeu por 2 a 1, sendo eliminado do torneio. O atual camisa 9 colorado atuou por 76 minutos, quando acabou sendo substituído por Felipe Vizeu, hoje no Grêmio. O ataque ainda tinha Marcelo Cirino (ex-Inter) e Fernandinho. O ex-colorado Alan Patrick fez o gol flamenguista.
— Ele (Guerrero) é de longe um dos melhores atacantes do mundo. Isto está mais do que claro — declarou o técnico do Palestino, Ivo Basay, após o treino desta segunda-feira, no CT do Grêmio, em entrevista coletiva, ao ser questionado sobre o atacante colorado.
— Guerrero representa um grande ganho para o Inter. Ele é um jogador que Odair não tem no elenco. É único. Quem tem a retenção de bola do Guerrero no Brasil? Fred? Ricardo Oliveira, talvez? Poucos fazem o que ele faz, ainda mais quando se tem um time de ultrapassagens: Nico, Pottker, Patrick. Ele vai facilitar a vida de todo mundo — entende o comentarista dos canais SporTV Sérgio Xavier. — Trata-se de um atacante que faz parede, que distribui com inteligência, que joga fácil para tocar e receber, que tem uma velocidade bem aceitável. A questão é o torcedor colorado não esperar um superfinalizador, mas, sim, um bom cara que faz o ataque time jogar — concluiu Xavier.
Há grande curiosidade para ver o peruano Paolo Guerrero com o uruguaio Nico López no ataque. Em tese, um ataque gringo mortal, pelas características de ambos. Mais: são os únicos jogadores do Inter a ter média de duas assistências (em condição de marcar o gol) por jogo.
— Guerrero é o encaixe perfeito para um Inter que sempre gostou de praticar um jogo direto, mas que nunca teve um centroavante de elite para segurar a bola e esperar os meias chegarem — diz Vinicius Fernandes, analista do Projeto Footure. — Com Sobis e Nico, Odair tentou uma referência móvel bastante efetiva contra o Alianza Lima, mas sem a profundidade necessária para enfrentar o River Plate, por exemplo. Guerrero chega para ser esta peça que joga de costas para o zagueiro, escorando para quem vem de trás. O peruano tem uma média na carreira de dois passes para gol. Entre os atacantes colorados, apenas Nico tem a mesma média. Ou seja: a cada jogo, Guerrero deixa pelo menos duas vezes um companheiro em condição de anotar um gol. É um centroavante armador — agrega Fernandes.
O novo e encorpado Inter, e com chances de vaga antecipada no Grupo A da Libertadores, começa por Guerrero.