— Nonato é um camisa 10. Comparo ele ao Palhinha: um cara que pensa o jogo, que flutua por todo o meio-campo, e que faz a equipe ter o controle de bola. O futuro do Gustavo Nonato é a Seleção Brasileira.
O depoimento acima é do volante campeão mundial de 1992 com o São Paulo Luís Carlos de Oliveira Preto, o Pintado, atuando em um meio-campo que tinha ainda Toninho Cerezo e Raí. Logo à frente, Cafu, Palhinha e Müller. E que bateu o Barcelona do zagueiro Pepe Guardiola por 2 a 1. Aos 53 anos, Pintado foi o último treinador de Nonato antes de o meia de 20 anos embarcar para Porto Alegre. No comando do São Caetano, ele chegou a escalar o novato como titular na vitória sobre o São Paulo, no Estadual.
Após a boa estreia no time de Odair Hellmann, na vitória por 2 a 1 sobre o Caxias, Nonato deverá ter uma segunda chance entre os titulares. Com a expulsão de Edenilson, o camisa 33, dono de 1m74cm de altura, poderá permanecer na equipe para o jogo de domingo (24), diante do Avenida, em Santa Cruz do Sul. E, com uma sequência de partidas, quem sabe até mesmo se transformar em um dos 30 nomes colorados inscritos na Copa Libertadores.
— Vocês viram pouco o Nonato ainda. Mas ele é destes jogadores atuais com qualidade de passe, inteligência, dinâmica de jogo, que faz com que a equipe tenha uma transição defesa-ataque com inteligência — prossegue Pintado. — Tem tudo para crescer no Inter, será de nível de Seleção, reafirmo. Joguei com o Palhinha, e Nonato sempre me lembrou aquele tipo de armador, com boa leitura de jogo. Comigo, era o 10, jogava mais à frente. Gostaria de vê-lo assim também no Inter. É um jogador raro, do tipo que todo o time precisa — destaca o treinador do São Caetano.
Bem antes de chegar ao Inter, em maio de 2018, o paulistano Nonato começou a jogar futsal no Juventus. Anos depois, foi para o campo. Era 2011, enquanto o Inter se preparava para disputar mais uma Libertadores, sob o comando de Celso Roth, Nonato estreava pelo time sub-13 do Corinthians. Foram três temporadas no terrão corintiano, com a conquista de cinco títulos, até que o meia trocou a capital paulista pelo Grande ABC. Foi jogar no São Caetano.
— No Corinthians, Nonato encontrou um grupo forte, com jogadores muito bons, e, como ele era mais franzino na época, acabou não tendo muitas chances. Foi para o São Caetano e, já no primeiro dia do sub-17, ele mostrou que era bom jogador — conta Márcio Griggio, treinador de Nonato na base do São Caetano. — Ele pensa rápido, sabe o que vai fazer com a bola antes de ela chegar. Toma decisões rápidas e corretas. É um excelente atleta, muito promissor. Foi meu titular na Copa São Paulo, mesmo tendo quatro anos a menos do que a maioria dos demais jogadores — comenta Griggio.
Atual técnico do time sub-17 do Santos, Márcio Griggio teve no São Caetano um meio-campo cujos armadores eram Nonato e Matheus Henrique — que teve 70% de seus direitos comprados pelo Grêmio por R$ 1,2 milhão, no ano passado.
— O Nonato é um meia-atacante que pode jogar como volante ou armador. É versátil, joga por todos os lados do meio-campo. No sub-17 do São Caetano, o Matheus abria mais, quase como atacante, mas eram os dois eram os armadores da equipe. Sempre tive certeza de que os dois iriam se destacar — aponta Márcio Griggio. — O pé preferencial do Nonato é o direito, mas ele trabalha bem com a esquerda, e tem facilidade para bater a gol. Tem grande precisão. O Nonato aguenta bem o choque, se tornou um jogador muito forte, além de raçudo. E vem de uma família muito boa, o que facilita tudo — conclui o técnico.
Ainda que Odair Hellmann tenha dado a primeira chance a Nonato neste domingo, o meia já está no radar do treinador desde a sua chegada ao clube, em maio do ano passado. Nonato foi relacionado para a intertemporada colorada em Atibaia, durante o recesso do Brasileirão devido à Copa do Mundo. Treinou com o elenco principal, mas não foi utilizado. Em janeiro, porém, o guri que tem passaporte brasileiro e italiano foi convocado de novo pela comissão técnica, agora, para ficar.
— Sempre tem aquela pressão. Mas o pessoal sempre me deu apoio para que eu me preocupasse só com o meu jogo. Tentei fazer o meu melhor futebol. Foi a realização de um sonho — comentou Nonato, após a sua estreia no time de cima.
Parte da demora para colocar o novato em campo se deve ao contrato de empréstimo. Nonato estava cedido pelo São Caetano somente até junho. No começo de fevereiro, a direção colorada estendeu o empréstimo até o final da temporada 2019, com 50% dos direitos econômicos fixados em R$ 2,5 milhões para a compra. E o Inter não queria valorizá-lo para perdê-lo mais adiante. Agora, tudo depende de Nonato receber novas chances e ir bem para permanecer no Beira-Rio pelos próximos anos.
Entrevista: Nonato, meio-campo do Inter
Como você se sentiu na estreia?
Até a hora do jogo eu estava ansioso, nervoso. Depois do apito inicial, fiquei mais tranquilo, fui sentindo o jogo aos poucos. É normal este nervosismo. Mas, em campo, dei o meu melhor, com o Odair e o grupo me passando tranquilidade, para que eu só estivesse focado no campo. Pude dar o meu máximo, fruto de um trabalho do dia a dia.
Você participa do elenco principal do Inter desde Atibaia, no ano passado. O que mudou para você de lá para cá?
Desde que subi, comecei a conviver com jogadores mais experientes e renomados. Aí, você acaba evoluindo, treinando ao lado destes jogadores e ouvindo conselhos dentro e fora de campo. Isso auxilia muito na evolução e na maturidade de quem vem da base.
Como é a sua relação de amizade com o Matheus Henrique, do Grêmio, já que atuaram juntos no São Caetano?
Jogávamos juntos desde 2014, no São Caetano. Subimos juntos, continuamos amigos, e trouxemos esta amizade para o Sul. Ele veio um pouco antes, um ano antes, sou amigo da família dele também. Não tenho problema com isso. Deixo comentários para mídia, para os torcedores, mas a amizade continua a mesma.
E a expectativa pelo Gre-Nal e a esperança de estar na lista da Libertadores?
Todos sabemos que o Gre-Nal tem um gosto especial. Joguei na base. Mas o foco agora é o Avenida. Queremos chegar ao final de semana e ter um bom papel. Sobre a Libertadores, estou trabalhando dia a dia, o que tiver de acontecer será fruto de um trabalho. Todos estão trabalhando forte, aqui, no grupo, e estamos tranquilos quanto a isto. Agora é deixar as coisas acontecerem naturalmente.
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