A renovação do Inter com Odair Hellmann é iminente. As duas partes têm interesse em estender o vínculo para a próxima temporada. Mas nenhum deles quer negociar agora. Clube e treinador só falam em "terminar o campeonato".
A negociação deve iniciar nas próximas semanas. Os interesses de Odair estão sob a curadoria do empresário Gilmar Veloz, o mesmo que cuida das carreiras de nomes consagrados como Tite e Alexandre Pato. A tendência é de que não haja problemas para o acordo. Mas é certo que haverá uma valorização do profissional, que foi efetivado no final de 2017, após cinco anos como auxiliar do time profissional. Outro ponto a facilitar é o fato de que os maiores clubes brasileiros já têm treinador.
Apesar de o discurso oficial ser o de conversar apenas quando tudo for definido, tanto o técnico quanto a direção já planejam o 2019 colorado. A vaga para a Libertadores está bem próxima — faltam dois pontos para ser confirmada matematicamente a classificação ao menos para a etapa preliminar, enquanto para a fase de grupos a projeção atual é de precise somar seis pontos.
No programa Bola nas Costas, da Rádio Atlântida, Odair comentou sobre o futuro do clube:
— O planejamento no próximo ano é tentar oportunizar mais aos garotos da base para que, em um time mais equilibrado, em um clube mais consolidado, possam render e mostrar seu trabalho. Temos muitos garotos da base treinando conosco. Mas, se não estão sendo aproveitados, descem para jogar no sub-23, porque é ali que eles vão amadurecer.
Perguntado se esse planejamento poderia ser interpretado como uma iminente renovação de contrato, tentou despistar:
— Ninguém falou comigo ainda. Não sentamos para conversar, mas acho que o momento é de disputar essa reta final com concentração.
O discurso é afinado com aquele proferido pela direção. Tanto o presidente Marcelo Medeiros quanto o vice de futebol Roberto Melo já anunciaram desejo em permanecer com o treinador. Mas não iniciaram negociações. E eles ainda têm outra razão além de evitar o desgaste com detalhes de contrato: o Inter passará por uma eleição para decidir quem comandará o clube no biênio 2019-2020.
— Odair faz um grande trabalho, conhece a nossa realidade, nossa categoria de base, nossos jogadores. Com calma vamos acertar tudo. Não tem por que acelerar as coisas. Queremos estar todos focados nessa fase final do Brasileirão, ainda estamos na disputa pelo título —disse Melo.
Nas últimas 10 temporadas, o Inter trocou de técnico na virada do ano em metade delas. Apenas Tite (2008/09), Celso Roth (pressionado em 2010/11), Dorival Júnior (2011/12), Argel (2015/16) e o próprio Odair (de interino para efetivo em 2017/18) foram mantidos de uma época para a outra.
Vantagens de renovar
Odair foi duplamente formado no Inter. Como atleta, conheceu o clube ainda adolescente, vindo de Salete-SC. Foi jogador da base e do time principal, antes de rodar o país. Retornou, para ser treinador, em 2009, começando como observador de talentos e subiu na carreira passando por todas as categorias até chegar ao profissional. Está familiarizado com os processos.
Conhece a realidade do Inter. Segundo o vice de futebol Roberto Melo, Odair sabe o orçamento do clube, as carências do time principal, as promessas da base.
Tem domínio do vestiário. Odair é elogiado por todos os jogadores com frequência. Conseguiu, ao longo do ano, desvincular-se do carimbo de auxiliar paizão para chefe treinador sem perder o respeito dos atletas e manter o bom relacionamento.
— Ele é um grande treinador, tem muito a crescer com a gente ainda, tem o nosso respeito. A humildade dele no dia a dia e a força de buscar as vitórias nos fortalece muito — declarou o lateral Zeca.
Desvantagens de não renovar
A falta de sequência dificulta a busca por resultados expressivos. Grêmio e Cruzeiro são exemplos. Os dois times que conquistaram títulos importantes recentemente mantiveram seus treinadores e boa parte de seus grupos de jogadores.
A procura por um técnico novo obrigaria a direção a traçar um novo perfil de treinador. E, possivelmente, precisando apostar em um medalhão. As últimas apostas do clube, como Antônio Carlos Zago, Guto Ferreira e Argel, não deram os resultados esperados.
Obviamente, um técnico consagrado pediria um salário mais alto do que a média do mercado. Como consequência, tiraria o poder de investimento de jogadores.