Novamente, uma partida do Inter se resume aos debates sobre arbitragem. Novamente não se discute o que houve dentro de campo, e assim como o Inter jogou muito bem no empate contra o Santos, jogou muito mal no empate contra o Vasco da Gama no Rio.
E a verdade é que essa gangorra no desempenho está minando as possibilidades do Colorado disputar o título do Brasileirão. Todo mundo entende que, vindo de uma Série B e com um elenco limitado, o Inter foi além do que se esperava. Mas já que está olhando para a taça com vontade, cabe uma leitura dos motivos que levam a um futebol tão irregular.
O Santos de Cuca é um time agressivo com a bola, que gosta da posse e tem em seus atacantes a sua principal arma. E contra um time tão perigoso, o Inter fez uma grande partida, chegando a produzir chances para marcar pelo menos três gols.
No chamado Valor Esperado de Gol (xG), as finalizações do Colorado somaram 3,58xG contra o Santos. Pois contra a segunda pior defesa do Brasileiro (Índice DFENS), somou apenas 0,5xG. A pior produção ofensiva do time no campeonato. É muita diferença de um jogo para outro.
D'ALESSANDRO E A POUCA CONSTRUÇÃO OFENSIVA
O posicionamento médio do time no jogo configurou um 4-3-3, com D'Alessandro centralizado na última linha e Nico López e Rossi abertos na frente. Sem Damião, o Inter perdeu profundidade e também perdeu alguém que servisse de parede para tabelar com os internos e permitir uma progressão coletiva do time no campo ofensivo.
O resultado foi de apenas uma finalização no primeiro tempo. A entrada de Jonathan Alvez deu profundidade e fez com que as conexões fossem mais eficientes no segundo tempo. Mas mesmo assim, foi pouco.
Nesse mapa acima que mostra os passes ofensivos importantes (passes de ruptura e assistências), vemos a pouca produção colorada no jogo. No primeiro tempo, foram apenas 12 (sendo somente 5 para a área mais perigosa do ataque, o chamado "funil"). No segundo quase duplicou essa produção, com 21 passes importantes (sendo 16 pro "funil").
E aí não temos como não falar de Andrés D'Alessandro. O craque colorado teve atuação apagada, mas de acordo à irregularidade que ele vem tendo nesta temporada. No vídeo abaixo, uma compilação de todos os passes ofensivos importantes do camisa 10. E foram BEM poucos. Nenhuma chance criada e nenhuma assistência.
SEM A BOLA, SEM O TEMPO E SEM OS ESPAÇOS
O Vasco é um time que oferece espaços aos adversários, e ofereceu aos montes ao Inter em São Januário. Mas a falta de intensidade ofensiva colorada facilitou ao time de Valentim controlar a bola, o tempo e até mesmo os espaços do jogo.
Nos gráficos abaixo, vemos que o Inter teve mais posse no final do primeiro tempo e no começo do segundo. E foi nesse começo de segundo tempo o único momento do jogo que o time de Odair venceu mais desafios do que o adversário (58% x 42%). Também foi o momento que o time mais finalizou a gol (3) e mesmo assim, em menor volume que o Vasco (4).
MARCELO LOMBA: O GRANDE DESTAQUE
Para não dizer que foi tudo um desperdício, o goleiro Marcelo Lomba teve uma atuação impecável. Foram sete defesas no total, sendo duas muito difíceis. Uma de Yago Pikachu aos 47 minutos, teve xG de 0,57. Ou seja, 57% de chance de gol. E não foi graças ao bom trabalho do goleiro.
Sua distribuição de bolas também foi eficiente, principalmente nas conexões com Cuesta e Fabiano, seja nos tiro de metas ou na reposição manual. As atuações seguras de Lomba fizeram Danilo Fernandes nem mais ser discutido na imprensa ou entre os torcedores.
Todas as estatísticas e gráficos são fornecidas pelo InStat Football, a maior plataforma de estatísticas de futebol do mundo. Parceiro exclusivo do Esquemão e GaúchaZH.