No imaginário popular sempre esteve bem claro: o melhor ataque é aquele que marca mais gols e a melhor defesa, a que menos sofre. Até aí,tudo bem. Mas e se, além disso, houvesse um olhar para o conjunto de ações coletivas que indicassem, de forma mais precisa, qual time joga de forma mais ofensiva? Ou aquele que tenha a defesa mais sólida?
Pensando nisso, criei dois índices de performance (KPI) que juntam diversas métricas coletivas para encontrar uma definição para quem tem o melhor ataque e a melhor defesa do Brasileirão. E de que forma podemos associar estes índices aos pontos conquistados. A cada rodada, você poderá acompanhar o desempenho do seu time nos índices.
O Índice Well Played (WP) junta as métricas que supõem caracterizam a um time que joga de forma ofensiva, cria chances e marca gols. Até os times que jogam mais reativos (na retranca), podem ser ofensivos em rápidos contra ataques ou em bolas paradas.
O Índice DFENS junta as métricas que mostram como um time pode ser forte no seu sistema defensivo além dos gols sofridos. E até os times mais propositivos (faceiros) podem ser muito equilibrados e oferecer poucas chances aos seus adversários.
COMO FUNCIONA O ÍNDICE WELL PLAYED
A coisa mais importante do futebol é o gol. Sobre isso, não há discussão. A questão é como se chega a esse gol. Com velocidade? Com posse? Com muitos passes? O WP está atrelado aos gols marcados, pois muitas métricas são referentes aos ataques que resultaram em gols. Por outro lado, há métricas que refletem um jogo de imposição e verticalidade, independente se resultaram em ataques de gol. Utilizo as MÉDIAS das métricas no campeonato, o que permite uma leitura mais precisa do desempenho. As métricas utilizadas no índice são:
- Duração dos ataques de gol: quanto tempo o time levou naquele ataque do início da jogada até botar a bola dentro da rede.
- Passes por ataque de gol: Nestes ataques que resultaram em gol, quantos passes foram dados? Isso é importante pois um time bem organizado taticamente, consegue fluir melhor sua troca de passes.
- Velocidade dos passes nos ataques de gol: a média de tempo desses passes dados no ataque de gol. Foi mais lento? Foi mais rápido?
- Passes na área adversária: importante pois mostra uma ideia de que o time quer impor seu jogo, ser propositivo, e estar perto do gol do adversário. Quem não pisa a área de lá, não consegue gols. Quem mais pisa, tem mais chances de marcar.
- Passes chave: as assistências para finalização e os passes de ruptura. São métricas que provam que o time é ofensivo, vertical, que joga pra frente. Quantos mais passes chaves forem dados pelo time, melhores chances de marcar ele terá. E mostra um jogo coletivo forte e eficiente.
O treinador do AtléticoMG Thiago Larghi foi demitido faltando nove rodadas pro final do Brasileiro, mas deixa o time liderando o Índice WP como time mais ofensivo do Brasileirão com 0,996 pontos. O Galo liderou o índice desde a parada pra Copa do Mundo. Dois times que se destacaram subindo bastante foram o AtléticoPR de Tiago Nunes e o Santos de Cuca.
A dupla Gre-Nal nunca se destacou entre os líderes do Índice WP no campeonato, apesar que o Grêmio de Renato Portaluppi sempre esteve entre os 5 melhores. Depois de 29 rodadas, o tricolor tem 0,823 pontos e é o quinto time mais ofensivo do campeonato.
Já o Inter de Odair Hellmann tem 0,769 pontos e é o SEXTO time mais ofensivo do Brasileirão.
COMO FUNCIONA O ÍNDICE DFENS
A fórmula junta vários índices de fundamentos defensivos, respeitando os contextos e os pesos de cada um. Pra isso, foi necessário ver quais as ações que tornam uma equipe eficiente na defesa. Além disso, assim como no Índice WP, utilizo as MÉDIAS dos fundamentos, pois assim se tem uma ideia mais precisa do comportamento em um campeonato longo como o Brasileirão. Os fundamentos incluídos no índice são:
- DESARMES: média de aproveitamento das roubadas de bolas.
- DESAFIOS: aproveitamento médio dos confrontos 1×1 nas partidas.
- DESAFIOS AÉREOS: média de vitórias nos combates aéreos.
- INTERCEPTAÇÕES: aproveitamento médio das bolas interceptadas.
- INTENSIDADE NA RECUPERAÇÃO: a média de desarmes e interceptações por minuto de posse do adversário. Quem tenta recuperar de forma mais intensa ao perder a bola ou quem deixa o adversário tocar mais “tranquilo”a bola.
- GOLS SOFRIDOS EM ATAQUES POSICIONAIS: a média de gols sofridos por jogo em jogadas de “bola corrida”, os chamados ataques posicionais. Isso mostra se o time está bem posicionado, se tem uma transição defensiva correta e se faz bem a recomposição.
- FINALIZAÇÕES SOFRIDAS POR GOL: a média de finalizações que o time recebe por gol sofrido. É um time cujos adversários precisam finalizar muitas vezes para marcar? Ou não?
O Índice DFENS teve líderes diferentes durante o campeonato, o que mostra que sistemas defensivos variam mais a sua eficiência no campeonato que os ofensivos. São Paulo teve a melhor defesa por algumas rodadas, Flamengo também. O Internacional chegou a liderar por sete rodadas consecutivas e perdeu o primeiro lugar para o Palmeiras de Felipão, que soma 2,233 pontos.
CRUZANDO OS ÍNDICES NO BRASILEIRÃO
Em um cruzamento simples dos dois índices dos times no Brasileirão, temos este gráfico que mostra quem tem um desempenho mais e menos equilibrado, e quem tem os ataques mais fortes e as defesas mais sólidas.
Se por um lado Vitória, Vasco da Gama e Sport mostram ser os times com desempenho menos equilibrado, temos Palmeiras, Grêmio, Internacional e Flamengo os mais equilibrados. Não por acaso, os favoritos na disputa pelo título do campeonato.
As estatísticas utilizadas na construção e atualização dos índices são do InStat, mais importante plataforma de scout do mundo.