
Parece-me óbvio concluir que, caso desembarcasse na capital gaúcha e quisesse assistir a uma partida de futebol, o único clube possível para o Príncipe T'Challa seria o Sport Club Internacional. Digamos - para simplificar bastante a questão - que um Saci ensandecido gritando o quanto gosta do "clube do povo" seria mais atrativo ao wakandiano do que um mosqueteiro berrando "chora, macaco imundo". Patrick, meu volante, parece que já entendeu isso e ontem, depois de anotar o segundo gol na vitória do colorado sobre o Vasco, celebrou vestindo a máscara do Pantera Negra (herói dos quadrinhos e filmes da Marvel).
Aliás, não há o que o Patrick não tenha entendido desde que chegou ao Inter. O volante tomou conta do meio de campo, assumiu uma grande faixa de terra para si e participa da imensa maioria das jogadas de ataque do time. Defensivamente tem se mostrado também importante. É um cara que marca muito, corre demais, briga sempre. Personifica aquilo que sempre gostamos de ver em um jogador colorado: raça, dedicação e qualidade técnica.
Os gols que voltemeia marca ainda nos premiam com o lado carismático do camisa 88. A "encerada" no bigode já me parecia divertida o suficiente, até que ontem ele foi atrás da máscara do herói que virou bastião cinematográfico de diversidade racial e valorização da cultura africana.
Nunca houve registro de cartão amarelo mais esdrúxulo na história do futebol mundial. O juiz amarelar o atleta por vestir a máscara do príncipe de Wakanda (com todo o simbolismo que ela traz) é um absurdo completo.
Patrick foi a melhor contratação do Inter no ano. Mesmo com as boas chegadas de Lucca e Zeca, reside no volante o maior acerto da direção colorada nos últimos tempos. O jogador participativo, aguerrido, técnico e carismático que chegou aqui era exatamente o herói que precisávamos nesta temporada difícil. Um jogador que já chegou aqui entendendo o que é o Inter e o que deve ser feito enquanto se é jogador do Sport Club Internacional.
Wakanda é aqui.
E não poderia ser em nenhum outro lugar.