A família do pentacampeão Rogério Ceni tem laços profundos com o Inter e com a região do norte de Mato Grosso. Seu Eurydes Ceni, pai do ex-goleiro do São Paulo e da Seleção Brasileira, é gaucho de Erechim e mora há 32 anos em Sinop, a 500km de Cuiabá, onde se dedica ao plantio da soja e do milho. Colorado fanático, o fazendeiro de 79 anos planeja ir ao jogo contra o Luverdense nesta segunda (6) e revelou o seu sonho: ver o filho ser técnico do Inter.
— Espero estar vivo se um dia isso acontecer. Ficaria muito feliz. Não tenho nem palavras para expressar a alegria que isso iria me proporcionar — sonha, com os olhos marejados ao imaginar Rogério com o abrigo colorado na casamata do Beira-Rio dando instruções aos atletas.
Seu Eurydes recebeu a reportagem de GaúchaZH na tarde deste sábado (4) na sua fazenda de 10,5 mil hectares, situada na zona rural de Sinop. Em frente à barragem e com o verde das plantações de soja e milho ao fundo, o fazendeiro contou como surgiu a relação da família Ceni com o Inter, manifestou sua indignação com o rebaixamento colorado para a Série B e expressou certa mágoa com o São Paulo pela falta de paciência com o filho, demitido do cargo de treinador em julho.
— O Rogério não esperava que aparecesse assim tão rápido um convite do São Paulo. Tanto que ele interrompeu um curso de treinador que estava fazendo em Londres (para assumir o cargo). Acho que faltou paciência para o presidente, tanto que logo depois chegou o Hernanes, e ele deu outra qualidade ao time. Depois que ele saiu, o São Paulo reforçou o grupo. Isso (a demissão) foi um abalo para ele na carreira. Ele ficou muito triste, e eu como pai também. A intenção dele era ficar pelo menos no ano — lamenta.
Natural de Erechim, seu Eurydes já morou em Pato Branco, no interior do Paraná, onde nasceu Rogério, e reside em Sinop desde 1985. Sempre mantendo e cultivando o amor pelo Inter.
— Tenho muito orgulho de ser gaúcho e colorado. Desde que eu comecei a entender de futebol eu tive a felicidade de escolher o Inter como meu clube. Quando garoto, o Rogério também era colorado. Em 79, levei ele e todos os meus filhos para assistir a um jogo do Inter no Beira-Rio — recorda.
O fazendeiro pretende, se a saúde permitir, percorrer os 150km que separam Sinop de Lucas do Rio Verde na segunda (6), para assistir ao jogo do Inter contra o Luverdense, no Estádio Passo das Emas. Se recuperando de um problema de saúde que requer repouso e pouca exposição ao sol, seu Eurydes, no entanto, ainda é "dúvida" para a partida.
— Vou ver como estou. Se estiver me sentindo bem, pretendo ir sim — afirma.
O que não é dúvida para o patriarca dos Ceni, entretanto, é a causa do rebaixamento colorado para a Série B em 2016.
— Foi a má administração, a falta de eficiência da diretoria. Assim como o São Paulo, também, que não está em uma situação confortável. Fiquei chateado com a queda do Inter para a Série B, mas tenho certeza que vai voltar e como campeão. Afinal, é o que falta para o Inter ser campeão de tudo, né?! —pondera.
A volta à Primeira Divisão aparenta estar próxima. Com isso, só o que faltará para a felicidade de seu Eurydes no futebol ficar completa é ver o filho Rogério treinar o Inter. E, se um dia esse convite ocorrer, o fazendeiro acredita que o goleiro multicampeão levará a paixão familiar em conta.
— Eu acredito que sim. Ele sabe que sou colorado.