A vitória do Inter sobre o Ceará mostrou um fato curioso. O lateral-direito Cláudio Winck participou dos gols de William Pottker e de Nico López, além de diversos outros lances ofensivos. Na defesa, porém, o herdeiro do clã Winck passou trabalho a noite toda contra os atacantes e meias.
Nos tempos de categorias de base, Cláudio nunca chegou a ser um exemplo como marcador. Pelo contrário: sempre foi mais elogiado por sua chegada à frente do que pela contenção. Cláudio Winck era meia de origem, iniciou assim a carreira como jogador. Por volta dos 16 anos, porém, ouviu do treinador dos juniores André Jardine que deveria trocar de função e investir na lateral, por ter características físicas e força para tal. Mudou e, pouco tempo depois, já vestia a camisa da seleção brasileira sub-17.
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Desde a sua estreia pelo time profissional do Inter, em 2012, contra o Avenida, e entre muitas idas e vindas, Winck soma 48 partidas e 10 gols pelo clube. O mais emblemático deles, pelo Brasileirão de 2014, e que mostra o seu perfil ofensivo, ocorreu em um Gre-Nal no Beira-Rio. Winck marcou o segundo gol da vitória colorada por 2 a 0, ao surgir como atacante em um contra-ataques iniciado por Aránguiz (autor do primeiro gol, de cabeça), que passou por D'Alessandro e parou nos pés de Cláudio, que deslocou Grohe e chutou para o gol.
Antes mesmo de voltar a ter chances no elenco principal do Inter, duas semanas atrás, Winck era um dos destaques do Inter sub-23 na disputa da Terceirona Gaúcha. estava sendo utilizado pelo técnico Ricardo Colbachini como um lateral apoiador e, por vezes, como volante. Ou seja: sem muitas preocupações defensivas.
– Contra o Bagé, ele atuou como lateral ofensivo por 75 minutos. Nos últimos 15, virou volante pela direita. Demonstrou qualidade técnica e força física. A batida na bola dele fez a diferença, com um golaço de falta. Ele é jovem ainda, tem potencial para crescer – diz Geverton Duarte, treinador do Bagé, goleado pelo Inter por 6 a 1, e que sofreu um gol de Winck.
Edemar Picoli, ex-zagueiro e ex-treinador do Juventude entende que as dificuldades de Winck na marcação são questões altamente "corrigíveis". Picoli, que comandou o Capivariano no primeiro semestre de 2017, recorre a uma história ocorrida no Juventude da temporada de 2011 para exemplificar a respeito de Cláudio Winck.
– Recebi Alex Telles no time de cima do Juventude, recém-promovido da base. E me avisaram: "Olha, esse guri sabe jogar, mas tem problemas na marcação". Telles, apesar de lateral-esquerdo, tinhas as características parecidas com o Winck. Era um cara extremamente agressivo no apoio. E percebi que o mais importante ele já tinha: sabia jogar – conta Picoli. – Com Winck se dará o mesmo. Guto (Ferreira) conhece bem o Winck e vai saber trabalhar isso. Dá para equilibrar ataque e marcação – afirmou o treinador.
O "ajuste" feito por Picoli deu certo. Em 2013, Telles foi negociado com o Grêmio. No ano seguinte, foi vendido ao Galatasaray, passou pela Inter, de Milão, e hoje defende o Porto.
– Estava no time B e procurei fazer o meu melhor. Trabalhei quieto, sabia que viria uma oportunidade. Procurei corrigir os meus defeitos, ficar atento. Ainda estou evoluindo, e tenho muito mais a melhorar. Sou um cara que procura melhorar em tudo. Olhei minha marcação, cruzamento e finalização. Peguei ritmo de jogo, algo que precisava. O que fiz no time B está me ajudando muito agora – declarou Cláudio Winck. – Contra o Ceará, fizemos um bom jogo e conseguimos fazer os gols. A sequência é importante com o mesmo time, dá mais entrosamento. Estou feliz por ter retornado, sabia que a oportunidade viria. Estou tentando abraçar da melhor forma possível – completou o lateral.
Para o ex-lateral-esquerdo e ex-zagueiro do Inter Vinícius, há duas alternativas possíveis: o técnico do Inter precisará definir se deseja um Winck mais ofensivo ou mais marcador ou o lateral terá de se aprimorar na contenção.
– Guto terá de fazer essa opção. Cláudio Winck tem dificuldades na marcação e precisa ter uma boa cobertura – comentou Vinícius. – Winck já esteve na Europa (jogou no Hellas Verona). Lá, é preciso equilibrar as ações ofensivas e defensivas. Quando joguei no Sporting, o meu treinador Otávio Machado, exigiu que eu parasse de avançar tanto e cuidasse mais da marcação. Consegui me manter mais na contenção, acabava avançando menos, mas com mais qualidade – recorda o ex-zagueiro colorado.
Winck deverá ter uma nova chance para mostrar equilíbrio entre atacar e defender neste sábado, em Maceió, contra o CRB.
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