
A cidade de Chiclayo, no noroeste do Peru, ganhou atenção mundial com a eleição do cardeal Robert Prevost como papa Leão XIV, nesta quinta-feira (8). O religioso serviu como bispo na região de 2015 a 2023.
Lá, ele manteve forte ligação com a comunidade local, onde também atuou em missões religiosas nas décadas anteriores.
Chiclayo está situada a cerca de 770 quilômetros da capital Lima e tem pouco mais de 629 mil habitantes, sendo a quarta cidade mais populosa do país.
Para quem sai de Lima, é possível chegar a Chiclayo em uma viagem de cerca de 11 horas por estrada ou em voos domésticos, que duram aproximadamente uma hora e meia. A cidade é o principal centro urbano da região de Lambayeque e está a apenas 13 quilômetros da costa do Oceano Pacífico.
"Capital da amizade"
Fundada no século XVI por padres espanhóis como “Santa María de los Valles de Chiclayo”, a cidade foi oficialmente reconhecida em 1835 pelo então presidente Felipe Santiago Salaverry, que lhe conferiu o título de “Cidade Heroica”. A homenagem fazia referência à bravura dos moradores na luta pela independência do Peru.
Além da importância histórica, Chiclayo é conhecida como “Capital da Amizade” e “Pérola do Norte”. Nas proximidades, se encontram alguns sítios arqueológicos pré-colombianos, como as ruínas huaris, que datam entre os séculos VII e XII, remanescentes do Império Tiauanaco-Huari.

Quem é Robert Prevost, o Papa Leão XIV
Prevost passou um terço de sua vida nos Estados Unidos. O restante entre a Europa e a América Latina, de onde também era natural o argentino Jorge Mario Bergoglio. O jornal italiano La Repubblica o chamou de "o menos americano dos americanos" pela moderação de suas palavras.
A ideia de um papa americano foi descartada durante séculos, em Roma, seja pela distância — estavam tão longe que geralmente chegavam atrasados aos conclaves — ou por decisões geopolíticas. Segundo o site especializado Crux, ter um pontífice da primeira potência mundial também levantou temores de que a CIA pudesse colocar as mãos na Igreja.
Arcebispo emérito de Chiclayo, Prevost deixou o Peru para se juntar ao governo do Vaticano, onde chefiou o Dicastério para os Bispos, que tem a importante função de aconselhar o papa sobre a nomeação de líderes da Igreja.
Após a morte de Francisco, Prevost disse que ainda havia "muito a fazer" na transformação da Igreja.
— Não podemos parar, não podemos retroceder. Temos que ver como o Espírito Santo quer que a Igreja seja hoje e amanhã, porque o mundo de hoje, em que a Igreja vive, não é o mesmo que o mundo de 10 ou 20 anos atrás. A mensagem é sempre a mesma: proclamar Jesus Cristo, proclamar o Evangelho, mas a maneira de alcançar as pessoas de hoje, os jovens, os pobres, os políticos, é diferente — afirmou.
Missionário no Peru
Prevost foi um dos cardeais mais próximos de Francisco, cujo pontificado gerou resistência nos setores mais conservadores. Mas, ao mesmo tempo, sua sólida formação em direito canônico tranquiliza aqueles círculos que buscam uma abordagem mais focada na teologia.
Prevos frequentou um seminário menor da Ordem de Santo Agostinho, em St. Louis como noviço, antes de se formar em Matemática, na Filadélfia. Poliglota, estudou direito canônico em Roma, onde também obteve o doutorado.
Ele se juntou aos agostinianos no Peru, em 1985, para a primeira de suas missões no país andino. Ao retornar a Chicago em 1999, foi nomeado prior provincial dos agostinianos naquela região americana e, posteriormente, prior geral da ordem em todo o mundo.
Ele retornou ao Peru em 2014, quando Francisco o designou administrador apostólico da Diocese de Chiclayo.
Quase uma década depois, ele se juntou à Cúria, substituindo o cardeal canadense Marc Ouellet, que foi acusado de agredir sexualmente uma mulher e renunciou devido à idade.
Então, o falecido pontífice também o nomeou presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.
Por volta das 14h15min desta quinta-feira, o Papa Leão XIV foi apresentado aos fiéis que o aguardavam na Praça São Pedro.