Tudo teria corrido bem. A viagem teria sido perfeita. Na bagagem, traríamos um resultado que, se não garantia a vaga, pelo menos a deixaria encaminhadíssima. Contra o "melhor elenco das Américas", o time da segunda divisão aqui chegou, se apresentou, jogou e mostrou que essa camisa é muito, mas muito maior do que a atual divisão que ela se encontra. Teria sido perfeito. Poderia ter sido ótimo, não fosse o infortúnio.
A maldita falta de sorte que, por vezes - e principalmente em encontros tão equilibrados - decide partidas de futebol. Nem tudo é treino. Nem tudo é esquema. Nem tudo é análise de dados, vontade, disposição. Às vezes é sorte, mesmo. Fortuna. É lançar um dado para cima e ver o que indica.
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Foi assim que perdemos a primeira partida destas oitavas de final para o Palmeiras, no Allianz Parque. Foi na sorte deles. Foi no azar nosso. Uma bola cruzada, entre tantas bolas cruzadas. Um carrinho para aliviar o perigo, entre tantos carrinhos para evitar o perigo. Uma bola que pega no lugar exato na hora exata e entra no único canto possível. Que azar, Ortiz. Que raiva que nos deu.
Excluindo-se o gol verde, o jogo foi absolutamente igual. Chances para lá, chances para cá. O Inter se portou como o imenso, o gigantesco clube que é. Não vendeu fácil essa vitória para eles. Brigamos o jogo inteiro, tentamos jogar o jogo inteiro. Prass fez defesaças, a trave salvou (sorte, sua maldita!), Cirino errou... tivemos chances de igualar o marcador e voltar com um empate com gols - resultado que seria o equivalente a perfeição.
Individualmente, destaque para o nosso goleiro. Goleiro que é o reserva do reserva do reserva. O quarto arqueiro na linha de sucessão da meta colorada. Daniel brilhou. Foi seguro, maduro, tranquilo. Por mais incrível que pareça, mesmo a ausência de três goleiros não nos assusta mais. Não é por aí que aparecem os problemas do Colorado.
Cirino, aí sim, foi terrível. Errou praticamente tudo o que fez em praticamente todo o tempo. Na segunda etapa, se tivesse um pouco mais de capricho, um pouco mais de esperteza, teríamos tirado o nosso zero do placar.
Zago preferiu não tirá-lo de campo e, ali, eu até entendi. Ao invés de trocar o 77 por outro atacante, resolveu sacar Fabinho e Nico, mantendo assim Cirino como referência de ataque e agregando Roberson e Brenner às nossas àquela altura já desesperadas tentativas de marcar.
Al fin y al cabo, nosso passeio no Parque foi quase perfeito. Não fosse o infortúnio de Léo Ortiz em um lance absolutamente atípico e isolado, voltaríamos para Porto Alegre com boníssima vantagem. De toda forma, nossas chances ainda são grandes, imensas, Gigantes como o Beira-Rio será no próximo dia 31. Empurraremos o Inter para cima deles. Faremos, no berro, a sorte mudar de lado. Estamos vivíssimos nesta Copa do Brasil.