Corria a última hora do dia 1º de Julho de 2009. Perdíamos a final da Copa do Brasil para o Corinthians. Mesmo jogando em casa. Mesmo jogando de branco. Esse maldito rival que tanto nos irrita desde 2005 nos superava no Beira-Rio em uma decisão de campeonato. A indignação era total. Nervosismo dos colorados no cimento, nervosismo dos colorados em campo.
Lá pelas tantas, a tensão vira briga. E é aí que acontece a cena que personifica, representa e explica o que é Inter x Corinthians do pênalti no Tinga até a partida desta quarta-feira última. D'Alessandro, indignadíssimo, cerra os punhos e parte para cima de William, que recua enquanto sorri, debochado.
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Há doze anos, nós somos D'Ale correndo atrás do William. Com sangue nos olhos, partimos atrás deles com vontade de socá-los. Dizemos que são nossos rivais. Os alçamos, por vezes, ao posto de nosso maior rival na atualidade. Queremos destruí-los, vingar uma estrela que nos foi tirada. Enquanto isso, eles, como o William, recuam e sorriem.
Nos armamos com DVD's, que nós julgamos sérios; nos preparamos com estádios lotados, que nós julgamos "clima de guerra". Eles, num chiste, nos vencem no campo e respondem com piadinha em telão. É o Curioso Caso Da Rivalidade Unilateral. Só nós levamos a sério este ódio, esta rixa. Colocar o Corinthians no mesmo nível do Grêmio no que diz respeito às nossas inimizades é um delírio futebolístico.
Promover o alvinegro de São Paulo a este posto só nos trouxe problemas. Nesses doze anos, nas vinte e cinco vezes em que jogamos contra eles, vencemos apenas seis. Seis em vinte e cinco. Fora de casa, foram só duas vitórias vermelhas. Eles nos venceram quatro vezes aqui. Eles deram volta olímpica aqui. Nós, nada. Quando foi que nos proibiram de vencer esses caras?
Nós levantamos a guarda, tentamos atirar socos, destilamos ódio. Eles recuam. Eles dão risada. Perdemos na provocação e no campo. Chega disso. Na quarta-feira que vem, repete comigo: vamos enfrentar um adversário normal. Não precisamos socá-los. Não há rivalidade exagerada. Vamos lá como quem vai a Gravataí eliminar o Cruzeirinho.
Quando pararmos de supervalorizar este adversário, quem sabe conseguiremos rasgar o infame contrato que nos impede de vencê-los.