O Conselho Deliberativo acatou a sugestão do Conselho Fiscal e reprovou as contas do ex-presidente do Inter Vitorio Piffero. O presidente do Conselho Fiscal, Geraldo da Camino, falou sobre o que levou o CF a tomar tal decisão e especificou a abertura de sindicância e as falhas administrativas da gestão passada.
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Confira trechos da entrevista
O que levou o Conselho Fiscal sugerir a reprovação das contas de Vitorio Piffero?
Acho que o parecer resume bem. São dois conjuntos de problema. Primeiro são as questões relativas à atividade de controles internos, que é uma situação que se repetiu no exercício anterior, portanto é um agravamento. E o segundo foi o aspecto dos atrasos e direitos de imagem. Uma situação que, em tese, exporiam o clube ao Profut. Esse conjunto de atos de gestão, já que o estatuto agora exige não apenas o pronunciamento sobre as demonstrações contábeis, mas também da gestão, levou a opinião do conselho fiscal. A maioria, por 3 a 2, e a opinião foi acolhida pelo Conselho Deliberativo.
Conselho Fiscal ainda sugeriu a abertura de uma sindicância. Por quê?
Duas sindicâncias. São dois fatos acessórios. O primeiro dele foi o extravio de documentos, que é importante esclarecer. Então, eu oficiei o presidente Marcelo Medeiros sugerindo uma sindicância. E o outro foi uma questão relativa a uma possível locação, no centro de Eventos Artur Dallegrave, já que houve apenas duas locações, uma de R$ 15 mil e outra de R$ 300. Como não havia explicação, sugeri uma sindicância para, eventualmente, responsabilizar o causador de um possível dano.
O que são esses extravios de documentos?
Era um processo de prestação de contas relativos a contratos de empreitada, que havia sido examinada pelo Conselho Fiscal. E, quando solicitamos que os auditores examinassem novamente, o processo não foi localizado. Então, há a necessidade de que seja investigado o que ocorreu. Ela não foi localizada. E por isso, a sindicância para apurar.
É possível detalhar as falhas administrativas, que levou à reprovação?
É um conjunto de falhas, de deficiências na comprovação de serviços, numeração de notas. É um conjunto de falhas que já havia sido apontado no ano anterior, e se repetiu.
Pode ser avaliado como grave? Ou é menor do que a questão contábil?
Não é menor, é grave. O estatuto determina que análise seja feita pelo aspecto contábil, isso o balanço refletia adequadamente a situação do clube, mas manda que se avalie os movimentos administrativos. E há graves fragilidades em controles internos, levando a opinião de rejeição das contas. A análise das contas não é apenas sobre as contas. É análise de uma gestão.
Antiga gestão diz que Conselho Fiscal foi mais rígido desta vez.
Não. Conselho Fiscal não foi mais rígido. Ele repetiu a crítica a uma falha do exercício anterior. E a ela se acresceu uma falha grave, que foi o atraso de direitos de imagem, deixando o clube em risco perante o Profut. Não é apenas o atraso. É o atraso causado pela preferência dada a outros credores, que não os jogadores. Isso ocorrendo ao fim do brasileiro, correndo o risco de rebaixamento. Ou seja: a gestão atrasou os direitos de imagem no fim do campeonato, onde se corria o risco de rebaixamento. E a atividade principal do clube é o futebol. Priorizou outros credores, fornecedores. Foi feita uma escolha e, por esta escolha, eles respondem.
É possível falar em punição?
Não há punição para falar por ora.
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