No que depender da visão da CBF, a tentativa do Inter de buscar uma punição ao Vitória por conta da situação de Victor Ramos não deve funcionar. Diretor de registros da confederação, Reynaldo Buzzoni afirmou que o zagueiro está regularizado e apto a jogar.
Em entrevista nesta terça-feira, Buzzoni rebateu os argumentos colorados de que Victor Ramos não poderia atuar por não ter seguido os processos de uma transferência internacional, garantindo que o seu empréstimo dentro do Brasil – ele defendeu o Palmeiras no ano passado e o Vitória em 2016 – faz parte dos processos autorizados por CBF e Fifa.
Confira a entrevista:
O que a CBF alega no caso Victor Ramos?
A CBF alega que ele está regular. Não tem nenhuma irregularidade no registro dele.
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O Inter alega que o TMS (sistema de registro de transferência), que deveria ter sido enviado pelo Monterrey, não foi enviado. A CBF tem este registro?
O jogador é do Monterrey. Ele estava emprestado até 31 de dezembro ao Palmeiras. O retorno de empréstimo de um jogador internacional não é feito automaticamente. O clube tem que fazer o pedido do ITC (certificado internacional de transferência) no sistema TMS. Não é igual ao Brasil, com o retorno automático. A gente até conversa com a Fifa sobre isso. O clube mexicano não fez o pedido de retorno, e o que aconteceu? O ITC continuou no Brasil, o registro dele continuou aqui. A janela mexicana é diferente da brasileira. Eles não terem pedido não faz com que ele esteja irregular.
Mas ele foi inscrito pela janela nacional ou internacional?
Ele foi inscrito pela janela nacional, porque estava no Brasil. Ele não estava fora. A questão do regular da transferência é o ITC. Não é que ele voltou para o México, e o Vitória o inscreveu ele sem ITC. O ITC dele continuou no Brasil. Como a janela mexicana estava fechada, e o jogador ia ficar sem jogar, o Monterrey autorizou que ele se registrasse no Vitória. Foi autorizado pela CBF, Federação Mexicana e Monterrey. Não teve movimento de ITC para o jogador estar irregular.
No seu entender, o Inter está perdendo tempo, então?
Sim, totalmente. O caso já foi encerrado pela Fifa, já foi fechado pelo STJD. Reabrir um caso, na 37ª rodada?
O STJD avalia o caso e vai dar o seu parecer. Você acredita que deve arquivar o processo?
Eu acredito que sim, mas não posso dizer o que o STJD vai fazer. Só se o Inter apresente algum documento novo, que é o que foi levantado pelo procurador. Mas cadê o documento? Agora, o Inter alegar que a CBF respondeu errado a carta, que ludibriou o STJD... Quem assina a carta autorizando é o doutor Omar Ongaro. Nós fizemos a consulta ao TMS, que encaminhou ao doutor Ongaro, que é quem inscreve os regulamentos. Se tivesse alguma irregularidade, vocês não acham que a Fifa teria aberto um procedimento contra a CBF, o Vitória e o próprio jogador? Se ele é o principal cara, no mundo, de transferências.
Walter Feldmann, secretário da CBF, disse que a CBF foi oficiada. Ele disse que a CBF tinha a questão legalizada, a menos que houvesse um fato novo por parte do Inter. Ele reiterou o pedido de um documento?
O que ele disse sobre fato novo é a mesma coisa que o procurador geral falou. Só poderia ser encaminhado se o Inter apresentasse um documento novo. O STJD nos consultou, vamos preparar a resposta. Estamos totalmente seguros quanto a esta questão. Foi uma transferência feita com a Fifa, CBF, México. O Inter está no seu direito. Eu não concordo que esteja no direito de tentar, na última rodada, mas...
O que o senhor vai alegar ao responder ao STJD?
O que o STJD pergunta é se houve um procedimento aberto com a Fifa e qual a situação em que ele está. Não temos mais que dar explicação sobre a transferência, isso já demos, e o processo está arquivado. O STJD me fez outra consulta, para saber em que pé está o procedimento aberto na Fifa.
E em que pé está este processo?
Está encerrado.
A Fifa confirma que foi uma transação nacional?
O procedimento correto, se fosse para fazer a transferência, era o Monterrey pedir o retorno. Mas ele não é obrigado, talvez não quisesse mais ficar com o jogador. Podia rescindir o contrato. O que caracteriza uma transferência internacional é o envio do ITC. Ele tem que ter o ITC no seu país para jogar. Ano passado teve um caso igualzinho. O Santos tinha um jogador emprestado à Roma, esqueceu de pedir o jogador, e ele não pode fazer o pedido de retorno porque a Fifa não autoriza retorno fora da janela, e o Santos emprestou a outro clube italiano. A CBF aprovou, a Itália aprovou, e a Fifa aprovou.
Se alega que o Vitinho também esteja inscrito irregularmente...
O Vitinho é o mesmo procedimento. Como o ITC está no Brasil, o que caracteriza a transferência internacional é o ITC. Estão alegando que ele estendeu o empréstimo com o Inter quando a janela com a Rússia estaria fechada. Se o Inter está alegando isso do Vitória, também estaria errado. Porque a Rússia teria de pedir o retorno, mandar o ITC, esperar abrir a janela e pedir o ITC de volta para registrar. Ele só estendeu o empréstimo. É o mesmo caso do Vitória. Só não foi o mesmo clube, mas outro. A Fifa trabalha em prol do jogador, que seria o maior prejudicado, ficando sem jogar.
Por que o processo, para o senhor, está encerrado?
Os procedimentos feitos pelo TMS Compliance, quando checam uma transferência. Foi esta área que pegou a transferência do Neymar, que tratou da irregularidade, dos valores. Os clubes prestam esclarecimentos e, quando vê que está certo, ela manda um email dizendo que o caso está encerrado.
Por que o Vitória começou o procedimento de regularização via internacional, e depois passou para nacional?
Porque ele é um jogador com contrato com o Monterrey. Como a janela do México estava fechada, e o clube mexicano não pediu o retorno, e o ITC dele estava no Brasil, ele autorizou que o jogador ficasse no Brasil. O Palmeiras não tem nada a ver com isso. Por isso que a gente faz a consulta. O procedimento do Bahia, no Baiano, é diferente, porque existia uma data no campeonato que era o máximo em que um jogador do exterior podia se registrar. Por isso essa resposta, o Bahia alegava que era uma transferência internacional, mas era nacional. Ele estava na Federação Paulista, foi feita uma transferência nacional, e ele foi registrado e autorizado. Se um clube emprestar um jogador hoje, e não quiser mais o jogador, ele fecha a transferência e o cara fica lá fora. Outro clube que quiser contratar vai ter que pedir o ITC lá fora. É um procedimento normal.
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