Ouvi uma entrevista dada pelo Valdomiro Vaz Franco, nosso grande ponteiro da década de 70, para a Rádio Gaúcha.
Falou, sem rodeios, sobre o "caso Fabrício". Valdomiro fala de cadeira. Ninguém melhor do que ele pode discorrer sobre ser vaiado. No final da década de 60, ainda no Estádio dos Eucaliptos, experimentou todos os tipos de hostilidades, desamores e apupos que uma torcida pode produzir.
Valdomiro não tinha sossego. Era entrar em campo no lugar do grande Carlitos, que ouvia ofensas em coro. Pois Valdomiro contou que isto lhe causava muita raiva. Sentia-se injustiçado.
Quando a vida lhe deu a oportunidade, foi à forra. Meteu um gol, já jogando no Beira-Rio, correu até a torcida e desabafou. Comemorou com raiva.
Decisão correta
Deu-se aí a mudança. Durante a comemoração, a vaia foi se transformando em aplausos, para, em seguida, virar uma ovação. Estava encerrada ali a briga entre torcida e Valdomiro.
O resto da história todos conhecem: Valdomiro se transformou em um símbolo de jogador colorado. É recebido até hoje no Beira-Rio como herói. Mora em Criciúma, mas seguidamente está por aqui torcendo pelo time de seu coração.
Com Fabrício foi diferente: desabafou com a torcida, mas não soube se controlar na sequência. Por ter sido muito acintoso, foi expulso. Ainda assim estaria salvo se não tivesse se destemperado e jogado a camisa no chão.
Neste momento, acabou com a possibilidade de perdão dos torcedores. A camisa é o símbolo do clube, tanto quanto uma bandeira nacional é o símbolo de um país.
Portanto, parece corretíssima a decisão do presidente Vitorio Piffero: Fabrício não joga mais no Inter e, como patrimônio do clube, será negociado. Pena. Nem todos são Valdomiro Vaz Franco.