Neste domingo, pela primeira vez em 2015, teremos uma rodada de Gauchão de verdade e no mau sentido. Andava tudo meio morno, modorrento, amistoso, mimoso até.
O fato de a Dupla chegar ao final da fase de classificação disputando ponto a ponto a vantagem de mandar em casa o mata, já está sendo suficiente para um turbilhão de artimanhas, xurumelas, reclamações e paranoias.
Neste momento, o futebol gaúcho regride. Retroage à época em que pressão funcionava. Fica aquela coisinha chata de ficar buscando pelo em ovo. Ou, como se diz no Alegrete, procurando linguiça debaixo do arroz. Será que algum árbitro vai marcar ou deixar de marcar um pênalti porque faz parte de uma organização escusa, cujo objetivo seja prejudicar ou beneficiar "A" ou "B"? Ou que a imprensa tende a ser benevolente a um determinado clube?
Futebol se decide em campo. Não se tem notícia de qualquer eficácia obtida em resultados de jogos, com macumba, vodu ou reza forte. O "Sobrenatural de Almeida", até onde eu sei, é apenas uma invenção espetacular do grande escritor brasileiro Nelson Rodrigues.
Futebol é bola na rede
O campeonato gaúcho, que nos dias de hoje, se limita a ser chato e apenas um entrave no já caótico calendário do futebol brasileiro, apequena-se mais ainda quando se supõe que a malandragem possa trazer benefícios ao nosso clube.
Em nível político, no entanto, são os mesmos que demonstram indignação aos maus feitos e subterfúgios que assolam o Brasil desde 1808, quando a corte portuguesa se mudou de mala e cuia para o Rio de Janeiro.
Eu adoro futebol. Como admirador deste lindo esporte, sou sabedor de que derrotas e vitórias fazem um campeonato ser bacana. No momento em que quiser vencer no grito ou passar a achar que existe um complô contra o meu time toda vez que ele for derrotado, vou estar ajudando a matar a beleza do futebol.