Foram 130 dias sem marcar gols em jogos oficiais. Acostumado a ser o artilheiro de seus times, Nilmar parecia viver um pesadelo. Os gols rarearam, e a cobrança por desempenho começava a crescer nas arquibancadas. A resposta veio na noite de quarta-feira. Após lançamento de DAlessandro, o atacante de 30 anos disparou como nos velhos tempos, sobreviveu a uma dividida com um dos zagueirões equatorianos do Emelec, foi área adentro, desviou do bom goleiro Dreer e correu para os braços da torcida. Correu, não: voou.
Em uma das fotos de Zero Hora, Nilmar surge decolando rumo à arquibancada. Com um desconforto muscular, Nilmar será preservado nesse domingo, quando o Inter enfrentará o Juventude, no Alfredo Jaconi - curiosamente, o adversário de sua estreia profissional pelo Inter, em 2003, em um 3 a 3, no Beira-Rio.
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O atacante conta que segue vislumbrando a Seleção Brasileira em sua carreira, pede a permanência de Alex no clube, elogia o "novato" Lisandro López e diz que o ataque do Inter precisa se tornar a melhor defesa, começar a marcar a saída de bola dos adversários, e deixar de sobrecarregar a zaga.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Qual foi a sua sensação ao marcar o primeiro gol no ano?
Foi uma mistura. Mas de alívio, sim. Estava angustiado por não marcar. Isto incomoda. E quanto mais se tenta sair desta situação, mais acaba se precipitando em alguns lances. Fiquei feliz pela atuação em si e pela vitória, o que ajuda bastante.
Foi a sua melhor atuação desde o retorno ao Inter?
Em todos os aspectos, sim. Não só pelo gol, mas por participar das jogadas. Foi bom ter saído um pouco, jogando mais pelos lados e não ficar no meio dos zagueiros. Me aproximar do Sasha e do Vitinho ajudou bastante, pelas minhas características.
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Esta parceria, com Sasha e Vitinho se aproximando, auxiliou para o bom desempenho?
Sem dúvida. São jogadores velozes, como costumo jogar. DAlessandro, com um pouco menos de velocidade e mais qualidade técnica. Alex também faz a bola correr e não ele corre atrás da bola, ainda que tenha feito um gol de velocidade. Só precisamos ter mais atenção na marcação para ajudar o pessoal do meio e da zaga. Às vezes, a gente sai para o jogo, deixa aberto e sobrecarrega a defesa.
Mas ainda falta melhorar a marcação a partir do ataque.
Acho que sim. O melhor exemplo de time brasileiro que marca bem no ataque é o Corinthians, que compacta bem. Eles jogam há um tempo juntos. O nosso é um grupo novo. É difícil hoje um atacante ter características de marcação. Quando comecei não tinha tanta exigência assim de ter que ajudar. Os atacantes ficavam mais parados ali na frente. Hoje, não. Tem que correr muito.
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Após a vitória sobre o Emelec, você contou que, no intervalo (os equatorianos haviam virado para 2 a 1), houve uma conversa entre os jogadores, onde se entendeu que estava faltando "espírito de Libertadores". Como foi esta conversa? No segundo tempo, o Inter virou a partida.
Estávamos abatidos no intervalo. Começamos bem, saímos ganhando e levamos dois gols. Depois, o Emelec se fechou de novo. Erramos em lances que não poderíamos errar, e a concentração não era a que deveria ser. A cobrança foi sobre isto e que tínhamos mais 45 minutos para mostrar que estávamos jogando a Libertadores. No final, saímos todos exaustos, mas felizes pelo resultado.
Começaram a surgir lesões musculares: em você, DAlessandro, Ernando, Andeson e Aránguiz. Isto se deve ao esforço na Libertadores?
Hoje está mais complicado. A gente joga muito, às quartas e aos domingos. Temos um elenco muito forte, é verdade, e que está se revezando. Estamos correndo bem. Mesmo assim, é inevitável não ter este tipo de desgaste. É difícil se controlar. Eu mesmo tentei dar um pique no final do jogo e acabei sentindo um incômodo. Talvez por ter jogado os 90 minutos no Gre-Nal, já que não estava mais acostumado a jogar quarta e domingo.
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Para quem disse que voltava ao Brasil para resgatar a adrenalina, o jogo contra o Emelec foi um belo exemplo de emoção.
Bah (risos)! Contra o Emelec, foi. Jogos como aquele diminuem em três ou quatro anos a carreira de um jogador. Não são todos os jogos que têm aquela tensão. Era uma partida decisiva para nós. Começamos perdendo na altitude. São poucos jogos em casa na Libertadores e temos que vencer todos eles. Agora, disputaremos a liderança do grupo na casa deles.
Qual é o plano do Inter para o jogo no Equador?
Será mais uma decisão. Libertadores tem disto: todo o jogo é decisivo. Estaremos mais confiantes, por estarmos empatados em pontos com o Emelec. Não vamos no expor tanto dessa vez. Teremos mais espaços para os contra-ataques. Temos que ser inteligentes e saber que não poderemos perder. Se não der para vencer, o empate não será mau resultado.
Como ficou a relação com a torcida após o gol?
A dívida que eu tinha era com o torcedor. Não sou mais o mesmo de quando tinha 18 anos, mas a cobrança sempre existe. É algo natural e normal, pois ele sabe o que posso render. Quero sempre ser elogiado, é bom. Às vezes, a gente tenta e não consegue fazer as coisas. Mas o torcedor tem carinho por mim. Fui criado aqui, a minha família hoje é toda colorada. E eu estava com saudades de receber elogios (risos).
Você já conseguiu tirar o Catar do corpo?
Olha, não vou mentir: às vezes dá saudades (risos). Ainda mais quando se fala em concentração, que lá não tinha. Mas já estou bem. A parte física era minha maior preocupação. Precisava estar no mesmo nível dos demais jogadores. Tecnicamente ainda vou melhorar.
O que o dia a dia do Catar dificultou no seu retorno ao futebol brasileiro?
Os treinos. Por dois anos, treinei apenas uma hora por dia. E à noite. Aqui, é diariamente, pela manhã e à tarde. O corpo leva um tempo até se readaptar.
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O que é possível esperar de Lisandro López?
Lisandro é um jogador de muita qualidade. Passou por clubes da Europa e vem da escola argentina, que sempre revela grandes atacantes. É um centroavante de muita técnica. Ele vai nos ajudar muito. É um jogador que sabe jogar bem de costas, característica que eu não tenho.
A Seleção Brasileira ainda faz parte dos seus planos?
Primeiro, quero me encontrar de novo, estar em um melhor momento. O jogador é quem se convoca. Foi assim quando fui chamado para a Seleção (por Dunga, para a Copa do Mundo de 2010). Quando o jogador está bem, o time está bem, e a convocação vem ao natural. Vou fazer 31 anos, não sou mais nenhum guri, mas vou lutar para voltar à Seleção. Se fizer grandes jogos na Libertadores, quem sabe não volto?
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Está ocorrendo uma pressão saudável do vestiário para que o Inter renove o contrato com Alex (que vencerá em julho)?
Vou oferecer para ele: tenho três anos de contrato aqui. Tiro um dos meus e dou para ele. Dependo do Alex em campo. Além de um grande jogador, é um amigo, e tem uma grande história no Inter. Quem decide é o presidente, mas espero que renove. Se não renovar, a gente faz uma vaquinha (risos).
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