Enquanto Sônia, aos 45 anos, estiver na escola para recuperar o tempo perdido fora dos estudos, o filho caçula, Taiberson, iniciará como titular do Inter pela primeira vez na temporada.
Mesmo que estivesse na casa em um bairro humilde de Alegrete, a falta de um canal por assinatura impediria a mãe de assistir às arrancadas e conclusões a gol do filho com a camisa colorada. Restará a ela ouvir os lances pelo rádio do celular sentada na cadeira de madeira da sala de aula.
- Tive os filhos muito cedo, com 15 anos. Então, deixei de estudar. Mas agora voltei. Estava precisando para ler na Igreja, ler a bíblia - explica a mãe da mais nova afirmação do Inter de Diego Aguirre.
Acontece que Sônia precisa ler mais que a Bíblia. Desde que marcou gols contra o Brasil-Pel e Veranópolis, Taiberson tem aparecido em jornais, revistas, sites de notícias na internet. O moleque que deixou o Alegrete aos 12 anos para tentar a sorte no futebol, primeiro no Juventude e depois no Inter, é a celebridade de Alegrete. Na rua, Sônia já recebe até cumprimentos e congratulações pela ascensão do filho. Procura manter os pés no chão, não se deslumbrar com a fama que pode aumentar à medida que os gols do atacante forem aparecendo.
- Eu criei eles de uma forma bastante difícil. Olho no jornal e vejo que ele está no caminho bom, no caminho certo. Taiberson foi o mais complicado dos quatro, sempre foi o mais doentinho. Mudava o tempo, adoecia. Mas eu sabia que ele seguiria os passos do irmão (Douglas Tuché, lateral-direito que atua no São Paulo-RG). Desde que saiu da fralda, quando começou a caminhar, já chutava bola. Era a brincadeira dele era futebol e bolita. É coisa de Deus - lembra Sônia, que ainda mantém os irmãos de Taiberson, Lucas e Dienifer, debaixo da saia.
Nesta segunda passagem pelo Inter, Taiberson Ruan Menezes Nunes tem muita história para contar. Quando deixou o clube, em 2012, acabou no Atlético-PR após um período em que repensou sua carreira. Colorado desde criança, ficou chateado sem a chance no clube do coração e ficou com a família por oito meses, em Alegrete.
Acabou no Atlético-PR e cresceu. Sagrou-se artilheiro da Copa São Paulo (2013) e chegou à Seleção, convocado por Ney Franco. Voltou ao Inter em 2014, com um contrato de seis meses e precisando produzir. Conseguiu chamar atenção de Clemer. De Abel. Marcou gol contra o Palmeiras. Resultado: aumentou seu vínculo no Beira-Rio até dezembro de 2017.
O guri não consegue mais ir a Alegrete. Os treinos, concentrações, viagens pelo Gauchão e Libertadores impedem que Taiberson deixe a Capital. Para a cidade natal, viaja apenas no final do ano, para as festas. Os dias de folga em Porto Alegre são aproveitados com a mulher Ana Paula e o filho Davi, de dois anos.
Ainda pode ir a shoppings e parques sem ser parado pelos torcedores a todo momento. Alguns, mais atentos ao dia a dia do futebol, quando percebem que se trata da revelação do Inter, param para pedir autógrafos, tirar foto, parabenizar pelas atuações do atacante. Já foi comparado, inclusive, com Marcelinho Carioca.
- Alguns ficam com receio de falar, até porque eu sou comum: carequinha, moreno, baixinho. Mas alguns me conhecem, eu fico feliz pelo reconhecimento. Eu sempre brinco: me chama, sim, de Marcelinho Carioca, Denilson... eu sempre tive eles como referência, pelo futebol deles.
Acompanhe o Inter através do Colorado ZH. Baixe o aplicativo:
IOS
*ZHESPORTES