Jesus Dátolo está há 80 dias no Beira-Rio. E já virou ídolo da torcida. Talvez pelo começo com um gol em Gre-Nal, ou por ter encaixando-se bem na equipe de Dorival Júnior. Talvez pelos chutes de fora da área, algo raro no Inter desde a saída de Giuliano, ou ainda pelo fato de ter sido campeão da Libertadores sobre o Grêmio, em 2007. Ou por tudo isso. O fato é que o argentino de 27 anos está feliz em Porto Alegre.
Nesta entrevista a ZH, em sua casa na zona sul de Porto Alegre, Dátolo fala sobre a chegada ao Inter, o gol marcado no primeiro Gre-Nal, a vitória com o Boca Juniors sobre o Grêmio na Libertadores de 2007, o Santos de Neymar e a expectativa para o Brasileirão, entre outros assuntos. A seguir, trechos da conversa com Dátolo. O restante da entrevista você lê amanhã, em Zero Hora.
Zero Hora - Você estava há duas temporadas no Espanyol, de Barcelona, por que decidiu voltar ao futebol sul-americano?
Jesus Dátolo - Porque sabia que viria para um clube importante. Nem tive tempo de falar com DAlessandro, Guiñazu ou Bolatti. Precisava decidir rápido, pois queria provar que ainda posso atuar em alto nível.
ZH - O que deu errado?
Dátolo - Tive muitas lesões no Espanyol. Lesões musculares e até um problema no perônio (direito), que saiu do lugar, necessitando uma cirurgia para que eu pudesse voltar a jogar. Foram quatro meses parado em meio à temporada. Estava sempre fora de ação. Demorei e voltar e, na época, a minha perna não voltou a ser a mesma. Agora está tudo bem outra vez.
ZH - A estreia, com um gol sobre o Grêmio, colaborou para a sua rápida adaptação?
Dátolo - Claro que sim, mas, sobretudo, quando alguém troca de clube vai com uma atitude melhor, mudam os ares, uma troca sempre é importante na carreira. Além disso, eu queira muito jogar o clássico Gre-Nal e ir bem. Todos me falavam no Gre-Nal quando cheguei. Por tudo isso, entrei muito motivado em campo.
ZH - Os torcedores do Inter já conheciam o Dátolo de 2007, campeão da Libertadores pelo Boca Juniors sobre o Grêmio. Que lembranças você tem daquela decisão?
Dátolo - Foi inesquecível, pois era uma fase vencedora do Boca. Nos dois jogos, fizemos 5 a 0 na final (3 a 0, na Bombonera, e 2 a 0, no Olímpico, com Palermo ainda perdendo um pênalti), tínhamos um time fantástico, ganhamos tudo. Aquele título foi muito importante para o começou da minha carreira. Comecei no Boca em 2006 e, no ano seguinte, já virei titular.
ZH - Você devolveu ao Inter os chutes e os gols de fora da área. É a sua especialidade?
Dátolo - Me surpreendi com tantos gols. Foram seis em 12 jogos pelo Inter, isso não é normal para mim. Mas, agora, tenho a experiência que não tinha anos atrás, penso mais para chutar e para dar um passe do que antes. Agora sei bem o momento certo para bater a gol ou dar uma assistência.
ZH - O Brasileirão está chegando. Há alguma equipe que você queira enfrentar?
Dátolo - Gostaria muito de jogar contra o Fluminense. Eles têm uma boa equipe e gosto muito do futebol do Deco. Gosto da maneira com que eles atuam.
ZH - E jogar contra Santos, com toda a badalação sobre Neymar, como foi?
Dátolo - Estou acostumado com isso. Não jogo futebol há dois dias, jogo há 10 anos. Não é novidade enfrentar as grandes equipes, estou acostumado, mas é sempre bom enfrentar um time que te obriga a jogar mais. O Neymar está começando, tem muito a dar, tomara que siga assim, pois quem gosta de futebol gosta de vê-lo em campo. E eu também.
Vídeo: O jogador do Inter Dátolo responde a oito perguntas sobre sua carreira.