O Grêmio "voltou" ao Estádio Olímpico. Com o entorno da Arena alagado por conta da enchente que castiga Porto Alegre, o clube abriu neste final de semana o antigo estádio na Azenha para receber donativos para as pessoas desabrigadas na Capital e região metropolitana. O alto volume de doações entregues no Velho Casarão surpreendeu positivamente a direção do clube.
Apenas neste sábado (4) se arrecadou mais de oito toneladas de doações. O caminhão locado pelo clube fez o transporte dos mantimentos, mas será necessário mais veículos deste tipo para levar o restante do material. O clube pede que quem tiver caminhões e puder se voluntariar para levar as doações, entre em contato com Virlei Gonçalves, supervisor de segurança do Grêmio, pelo telefone 98198-8904.
Em virtude da impossibilidade de acesso à Arena, o Tricolor estabeleceu quatro pontos de coleta. Além do Olímpico, o clube está recebendo donativos na Escolinha, no Cristal, no Hotel 1903, no Bairro Floresta, e no CT da equipe feminina, na Ulbra, em Canoas. Porém, o antigo estádio na Azenha é o local mais procurado.
- Está chamando a nossa atenção a quantidade de doações. É o ponto que mais está recebendo donativos. Isso comprova que o Olímpico não está e nunca esteve abandonado - afirma o diretor de administração do Grêmio, Luis Moreira.
Ao longo das duas horas em que a reportagem de GZH esteve presente no Olímpico na tarde deste sábado (4), em nenhum momento pararam de chegar pessoas com doações.
- Estamos vendo tudo que está acontecendo e resolvemos nos mobilizar. Fiz uma doação por pix, reuni o que tinha para doar em casa e vim aqui no Olímpico, onde vivi tantos momentos com o Grêmio. É um pouco triste voltar neste momento, mas é bom saber que o nosso estádio segue sendo útil para ajudar as pessoas que mais precisam - afirma o designer gráfico Douglas Konig, 27 anos.
Apesar de ter sido a casa do Grêmio por quase 70 anos, o Olímpico também recebe doações de torcedores do Inter, que deixam de lado a rivalidade em nome da solidariedade.
- Sou colorada, mas neste momento não temos que penser em Inter e Grêmio. O importante é ajudar. Quando temos tanta coisa para agradecer, ficamos incomodados ao ver tanta gente passando necessidade. Por isso, senti vontade de ajudar. Quando temos tanta coisa pra agradecer. Incomodados ver tanta gente com necessidade e sentimos vontade de ajuda - afirma Amanda Sonnig, 24 anos.
O Grêmio ainda não tem uma estimativa de quantos donativos foram recebidos. Como os veículos do clube ficaram "ilhados" na Arena, o clube alugou um caminhão para transportar as doações recebidas até a Defesa Civil. Segundo os funcionários do clube presentes no Olímpico, as principais necessidades no momento são produtos de higiene pessoal e limpeza.
O aposentado Antônio Santos, 78 anos, foi um dos gremistas que separou o que tinha sobrando em casa e levou para o Olímpico. Ao chegar ao antigo estádio, relembrou os momentos vividos ali com o Tricolor.
- Dá uma nostalgia vir aqui. Vi títulos da Libertadores, do Brasileirão e da Copa do Brasil. Vi até o Pelé jogar aqui. Moro perto. Aí ouvi o prefeito na rádio pedindo a doação de colchões usados. Lembrei que tinha um sobrando em casa e vim trazer para ajudar o pessoal - conta.
Antônio aproveitou para levar ao Olímpico a filha Bruna, 29 anos, que começou a assistir aos jogos já na época da Arena.
- Eu vou a Arena, mas moro perto do Olímpico. Minha vontade era de vir à pé aqui assistir aos jogos. Mas o importante hoje é vir ajudar. Está tudo bem com a gente, mas é de doer o coração ver o que outras pessoas estão passando. Por isso, reunimos tudo que tínhamos sobrando em casa e levamos para cá para ajudar quem mais precisa - relata Bruna.
Em frente ao Olímpico, no espaço do antigo Bar do Faísca, integrantes da Geral do Grêmio também recebem donativos e entregam às pessoas atingidas pela enchente.
- Estamos pedindo apoio nas redes sociais e recebendo as doações aqui no bar, em frente ao Olímpico. Aí estamos com nossos carros e entregamos diretamente às pessoas que estão passando necessidade no extremo sul da cidade, como Lami, Ponta Grossa e Guarujá - afirma Matheus Teixeira, 24 anos, um dos integrantes da torcida.
Além de receber doações, o Estádio Olímpico também está servindo de estacionamento para os ônibus das empresas Planalto e Unesul, cujas garagens, na Zona Norte, estão alagadas. Por conta disso, o Grêmio cedeu o antigo estádio para as companhias para evitar que os veículos fossem danificados pelas inundações.
- A verdade é que Olímpico nunca esteve desativado e nem abandonado. Mantemos segurança 24 horas no estádio e frequentemente cedemos as dependências do estádio para treinamentos do Corpo de Bombeiros e da Brigada Militar - completa Moreira.
O Olímpico, a Escolinha do Grêmio, o Hotel 1903 e o CT do futebol feminino receberão doações diariamente das 9h as 18h.