Personagem da vitória do Grêmio da última quarta-feira, Dodi é um jogador acostumado a superar as desconfianças. Seu início no futebol foi assim. Trilhou um caminho que teve início em Porto Alegre, mas que passou por Criciúma, Fluminense e Santos até que a oportunidade de vestir a camisa do seu clube do coração se tornasse realidade.
O volante de 1m68cm acabou dispensado pelo Tricolor quando era um jovem em formação e chamado de Douglas Rodrigues. Sem ter o perfil físico buscado na época, provou que pode ser jogador de futebol em alto rendimento. E aproveita, agora, nove anos depois da dispensa, para, enfim, cumprir o objetivo sonhado.
Douglas Moreira Fagundes completou 28 anos na quarta-feira. Mas quem conhece Dodi, garante que ele não "estava de aniversário" na gíria do futebol. A grande atuação contra o Athletico-PR recebeu elogios de Renato Portaluppi após o jogo.
— Ele treina muito bem. O Dodi foi um dos três melhores em campo. Ele entrou porque faz parte do grupo do Grêmio. Tenho toda a confiança nele. Preciso dessa vitalidade. O Dodi jogou muito — explicou o técnico.
Essa vitalidade é uma das marcas que o volante mostrou ao longo de sua primeira passagem no Grêmio. O meio-campista chegou a Porto Alegre vindo de Santo Antônio do Sudoeste, no Paraná, em 2008.
— Chegou ao clube com 12 anos. Era um menino de maturação baixa, que não tinha muita força ainda, com projeção de se desenvolver. Começou a ter uma maior frequência de atuações na sub-15. Quando virou sub-17, foi dispensado. É da mesma geração de Arthur, Everton e Lima — relembra Francesco Barletta.
Seu melhor momento na base gremista foi em 2012. Camisa 10 do Grêmio na Copa Carpina, competição onde o clube descobriu Everton Cebolinha, o então meia tinha Arthur como parceiro de setor.
— Sempre foi um menino trabalhador, gostava de treinar e de competir. Com a bola e sem a bola também. Era até um jogador mais ofensivo na época, mas sempre foi um jogador voluntarioso. Um cara que trabalhava para a equipe — diz Ricardo Grosso, ex-técnico da base do Grêmio.
Grosso cita, inclusive, que a altura nunca foi problema para o rendimento do jogador. E acredita que a passagem de sucesso de Arthur ajudou a mudar esse entendimento no clube.
— Para mim, nunca atrapalhou. Mas se tinha essa cultura de ter um jogador maior. O Arthur e outros quebraram isso, de que se precisava de força e de estatura para ser volante — comentou o profissional.
A transição da base para o profissional, no Criciúma, teve Luizinho Vieira como o responsável pela oportunidade para Dodi.
— Cheguei ao Criciúma em 2013, na base. Quando subi para o profissional, levei comigo 10 atletas. O Dodi era um deles. Ele tem essa característica de transição. De levar o jogo. É trabalhador ao extremo. De atingir as metas de GPS no treino. É, profissionalmente faltando, nota alta em todos os sentidos. Sempre se cuidou muito. É um jogador diferente nesse sentido — comentou Luizinho.
Destaque no Criciúma entre 2015 e 2018, Dodi foi um pedido de Abel Braga para a direção do Fluminense. Em sua apresentação no clube carioca, ainda conhecido como Douglas Rodrigues, avisou que abraçaria de vez o apelido de infância.
— Prefiro Dodi. Lá no Criciúma me chamavam de Douglas Moreira, mas é um apelido que gosto muito, da minha infância. Vai ser Dodi a partir de hoje — comentou.
De nome novo, sua estreia como titular aconteceu justamente contra o Grêmio. Um empate em 0 a 0 na Arena, no dia 30 de maio de 2018. No clube carioca, alternou bons e maus momentos. Mas chamou a atenção de Odair Hellmann, que o indicou para o Santos quando o volante estava no futebol do Japão. Terminou o ano de 2023 com 49 jogos pela equipe paulista.
Contratado junto ao Santos na mesma época da vinda de Soteldo no fim do ano passado, o reforço para o meio-campo acabou sem muita badalação no momento do acerto. Opção como volante, e também alternativa para jogar aberto no lado direito, foi uma das surpresas pensadas por Renato Portaluppi para o primeiro Gre-Nal do ano.
De bom rendimento na vitória sobre o Athletico-PR, é candidato para seguir no time neste final de semana contra o Cuiabá e brigar por lugar na equipe da próxima terça-feira que enfrentará o Estudiantes. Uma peça que soube brigar para alcançar seu sonho no Grêmio.