Dos três reforços anunciados pelo Grêmio até agora, Dodi talvez tenha sido o nome que tenha causado a menor repercussão junto à torcida. Apesar de ter vindo do Santos, assim como o venezuelano Soteldo, o volante chega para reescrever sua história no Tricolor. Até porque, quando menino, passou pelas categorias de base ocupando uma função bem diferente.
Um dos profissionais que presenciou a primeira passagem do atleta por Porto Alegre foi Ricardo Grosso. Ex-treinador da base da dupla Gre-Nal, ele comandou Dodi na conquista da Copa Carpina, tradicional torneio sub-16 disputado em Pernambuco.
— Ele era o meu camisa 10. Em 2012, tivemos uma conquista importante da Copa Carpina e meu meio-campo tinha ele como camisa 10 e o Arthur como camisa 8. Mais jogadores iniciaram mais avançados e acabaram vindo para a parte de trás do campo, para a armação, defesa ou lateral, por terem características físicas e cognitivas que contribuem com o jogo. O Dodi se encaixa neste perfil, porque ele sempre foi disciplinado e trabalhou para o bem da equipe, dando dinâmica para o jogo, mas sempre foi um bom passador — descreve.
Apesar do destaque técnico, Dodi não avançou da categoria sub-17 gremista. Uma das hipóteses discutidas é que, naquele momento, dava-se preferência a jogadores com um biotipo maior, o que impossibilitava o aproveitamento de um menino que chegou a apenas 1,69m de altura.
— Trabalhei no Grêmio de 2005 a 2017 e essa cultura de antes era perceptível. Uma cultura de jogadores de força e imposição física e, às vezes, alguns jogadores poderiam sofrer algum tipo de preconceito. Talvez o Dodi tenha sofrido com isso naquele momento — analisa.
Mais de uma década depois, o atleta retorna ao Grêmio em outra condição. Profissionalizado no Criciúma, passou ainda por Fluminense e Kashiwa Reysol, no Japão, até ser negociado pelo Santos como um volante voluntarioso e de muito vigor físico.
— Tenho certeza que foi uma boa contratação. O Dodi é um jogador muito talentoso, que hoje está maduro e a torcida do Grêmio pode ficar tranquila. Tenho certeza que ele vai fazer um bom papel e vai honrar a camisa. Se quando jovem ele contribuiu, agora, mais velho e mais maduro, vai poder desempenhar muito bem as funções e dar alegrias para a torcida neste ano tão importante, com Libertadores, Brasileirão e Copa do Brasil — avalia Grosso.