O jogo desta quarta-feira (31) entre Grêmio e Juventude será um reencontro entre velhos conhecidos. Uma relação que teve o Tricolor como ponto de início, mas que hoje coloca Renato Portaluppi e Roger Machado como adversários nas casamatas da Arena a partir das 21h30min. Atualmente técnicos, chegaram a viver juntos a experiência de defender o clube dentro de campo. Mas ambos trilharam caminhos que se cruzaram em vários momentos.
Renato e Roger viveram, cada um na sua época, alguns dos momentos mais vitoriosos da história do Grêmio. Com a camisa 7 às costas, o atual técnico tricolor foi campeão da Libertadores e protagonista do título mundial em 1983. No caso do ex-lateral, as muitas taças da década de 1990 estão com sua participação gravada na memória dos gremistas. E mesmo com mais de uma década os separando, dividiram o gramado ainda uma vez como atletas. Em 1995, na Copa dos Campeões Mundiais, atuaram juntos por 33 minutos. Por um cachê, Renato fez uma participação especial na vitória por 2 a 0 sobre o Flamengo, no Estádio Mané Garrincha.
Mas a relação entre eles já foi também de técnico e jogador. Em 2007, Roger foi protagonista no primeiro título da carreira da versão técnico de Renato. Atuando como zagueiro, o ex-lateral marcou de perna direita na vitória do Fluminense sobre o Figueirense na decisão da Copa do Brasil.
Alguns anos depois, em 2011, Renato escolheu Roger para integrar sua comissão técnica no Grêmio. Como técnico e auxiliar, trabalharam juntos no Grêmio que buscava a Libertadores como grande objetivo naquela temporada.
Mas o que era parceria, virou uma relação de sucedido e sucessor anos depois. Em 2016, após um momento de instabilidade, o ex-lateral pediu demissão e Renato retornou para levar o Grêmio ao título da Copa do Brasil.
– Quando cheguei ao Grêmio, liguei para o Roger. Foi meu auxiliar aqui, me dou bem com ele, fiquei feliz com a ida dele para o Atlético-MG. O Roger conhece bem o Grêmio, mas eu conheço o Grêmio muito melhor que o Roger. Nasci e me criei aqui. Hoje também. Não é tanto tempo atrás. Do presidente ao roupeiro, conheço o Grêmio. O que acontece em cima, em baixo. Então não devo nada para o Roger – explicou o atual treinador tricolor na época.
A parceria entre eles também já foi tema de entrevistas pelo lado do atual técnico do Juventude. Uma relação que Roger Machado fez questão de afirmar não ser de rivalidade. Pelo contrário.
— Sou uma das pessoas que ficam mais à vontade para falar sobre o Renato. Joguei com Renato, naqueles idos de Copa dos Campeões. Foram 45 minutos, mas está no meu currículo, não vão me tirar (risos). Fui jogador do Renato no Fluminense e voltei ao Grêmio por intermédio do Renato. Os times do Renato sempre jogaram para frente. Pegar um livro para estudar não me torna melhor. Cada um sabe como melhorar. Talvez o Renato veja mais jogos do que eu ou tenha uma capacidade maior do que entender o jogo do que nós, que estudamos. Ele tem uma sabedoria tão grande que levo até hoje a forma que ele gere o vestiário — disse Roger, em entrevista ao jornalista Luciano Potter.
O ex-presidente Romildo Bolzan viu de perto o trabalho de ambos no clube. Com as semelhanças e diferenças de metodologia natural de cada um dos treinadores.
— A competência é uma característica comum entre eles. São dedicados e extremamente diligentes para avaliar os elencos, trabalham intensamente. Cada um com seu estilo. Um mais teórico, outro mais boleiro. Mas o objetivo de ambos é o mesmo: vencer — afirmou Romildo.
Até o apito final desta quarta na Arena, Renato e Roger estarão em lados separados. Cada um com seu time, mas sem esquecer das raízes que os conectam.