Um dos trunfos do Grêmio na briga pelo título do Brasileirão é a imprevisibilidade das estratégias de Renato Portaluppi. Por conta dos desfalques, do desgaste de alguns atletas e das diferentes características dos adversários, o treinador tem alternado frequentemente tanto o esquema tático quanto alguns titulares.
Nas últimas cinco vitórias consecutivas, por exemplo, que colocaram o Tricolor na briga pelo título, Renato utilizou o 3-5-2, o 3-4-3 e o 4-3-3. Além disso, o técnico vem promovendo um rodízio na lateral direita, no meio-campo e no ataque.
O principal motivo é o desgaste físico natural pelo acúmulo de jogos da temporada. Com o revezamento, a ideia do treinador é ter o grupo todo atuando com a melhor condição física possível nos últimos jogos.
Contudo, a avaliação interna no clube é de que essas mudanças acabam tornando a equipe mais imprevisível e surpreendendo os adversários na parte tática.
Entenda os critérios de Renato para definir o time e o esquema:
Esquema tático: dois ou três zagueiros?
Em função de desfalques no meio-campo, em especial a lesão de Pepê, Renato vem adotando com frequência o esquema com três zagueiros, com Bruno Uvini, Bruno Alves e Kannemann, o que acaba aliviando os meio-campistas nas tarefas defensivas. Foi assim em três dos últimos cinco jogos, como nas vitórias contra Flamengo, Coritiba e Bahia.
Porém, dependendo das características do adversário, Renato por vezes abre mão deste reforço na defesa e prioriza o setor ofensivo. Na vitória contra o América-MG, quando Kannemann estava suspenso, o treinador promoveu a entrada de Bessozi e atuou no 4-3-3, com uma linha de quatro, dois volantes, um meia e três atacantes. Já no triunfo sobre o Botafogo, o técnico sacou Bruno Uvini, promoveu o ingresso de Bessozi e mais uma vez utilizou o 4-3-3, desta vez, com três volantes e três atacantes.
— O Botafogo tinha certeza de que jogaríamos com três zagueiros. O Ronald jogou na frente dos zagueiros. Nós tínhamos a velocidade na frente. É importante mudar as peças. O Lúcio Flávio mudava e eu mexia. O time foi consciente e malandro — disse Renato após o jogo.
Lateral direita: João Pedro ou Fábio
Nos últimos cinco jogos, João Pedro iniciou em quatro deles. A exceção foi a vitória sobre o Coritiba, quando Fábio foi o escolhido. Contudo, é provável que, nos cinco jogos restantes, Fábio volte a aparecer em algumas oportunidades, especialmente quando o Tricolor atuar com três zagueiros.
Na visão de Renato, se João Pedro atuar em todos os jogos, o risco de lesões do defensor aumenta. Além disso, na visão do treinador, Fábio é mais agressivo na ponta direita, enquanto o titular destaca-se mais na marcação. Por isso, a ideia é utilizar as características distintas dos dois laterais para alternar a estratégia e surpreender o adversário no flanco direito.
Meio-campo: atenção com Cristaldo
Cristaldo é considerado um titular do time do Grêmio, tendo participado de 31 dos 33 jogos do Tricolor no Brasileirão. Porém, há atenção especial devido ao desgaste físico do argentino. Por este motivo, o meia foi poupado contra o Botafogo, entrando só no segundo tempo. Devido à boa atuação do garoto Ronald, é possível que isso ocorra em outras oportunidades na reta final do Brasileirão.
Ataque com dois ou três jogadores
A única certeza existente hoje no ataque do Grêmio é que Luis Suárez é titular absoluto. No mais, há um rodízio tanto no número de atacantes quanto em relação aos parceiros do uruguaio. O mais assíduo, com sobras, é Galdino, que foi titular em quatro dos últimos cinco jogos.
Quando Renato opta por uma dupla de ataque, como ocorreu nas vitórias contra Coritiba e Bahia, Galdino e João Pedro Galvão são os preferidos. Já quando a ideia é ter um trio de atacantes, como nas vitórias diante de Flamengo, América-MG e Botafogo, Bessozi e Galdino despontam como os pontas preferidos do treinador.
Contra o Corinthians, no domingo (12), Renato não tem novos desfalques e, com isso, em tese, poderia repetir a equipe da vitória contra o Botafogo. Porém, não há nenhuma garantia de que isso irá ocorrer.