O elenco do Grêmio passou por notável metamorfose desde o início da temporada. Passou pela reformulação de um grupo desgastado com torcida e economicamente desequilibrado nos últimos oito meses. Desde o início da pré-temporada até a escalação atual, jogadores-chave emergiram, novas contratações vieram, e o trabalho de Renato Portaluppi foi fundamental para interferir em momentos de instabilidade, que exigiram reinvenções.
Foram 19 contratações, entre elas a de Luis Suárez, o grande investimento. Por outro lado, 24 jogadores deixaram a Arena. As modificações, ao longo do ano, foram em todos os setores.
Goleiros
Titular até o final da Série B, o goleiro Brenno começou o ano no mesmo posto, participando da conquista da Recopa Gaúcha, em janeiro. Entretanto, Adriel ganhou chances nas primeiras rodadas do Gauchão e ganhou a confiança do treinador, assumindo a posição até o início do Campeonato Brasileiro.
A queda de Adriel, porém, ocorreu fora de campo. Atos de indisciplina nos treinos e problemas da comissão técnica com seu novo empresário influenciaram sua saída do time.
Este foi um dos primeiros contratempos com que Renato e a diretoria de futebol gremista tiveram de lidar. Contudo, possibilitou a Gabriel Grando, que era o terceiro na hierarquia, receber uma chance e não soltar mais.
Embora convivesse com insegurança por parte da torcida, Grando se consolidou a partir do grande desempenho diante do Cruzeiro, nas oitavas de final da Copa do Brasil.
Defensores
Na defesa, os ajustes da comissão técnica foram mais em aspectos táticos do que por problemas externos. Depois de dois anos de dificuldades físicas, Kannemann conseguiu retomar uma regularidade de jogos e tornar-se um dos principais jogadores do time. Seu companheiro, desde o início do ano, é Bruno Alves, que fora também titular no ano passado.
A novidade, entretanto, ocorreu a partir de uma vitória sobre o ABC, em Natal, quando Portaluppi supriu a ausência do atacante Luis Suárez com a entrada de Bruno Uvini, um terceiro zagueiro. O esquema 3-4-3 veio a ser consolidado nas vitórias sobre Athletico-PR e Cruzeiro, dias depois. Rodrigo Ely, recém-contratado, chega para brigar por um espaço.
Nas laterais, o Grêmio viveu momentos distintos. Reinaldo foi titular na maior parte das partidas do ano pelo lado esquerdo. Quando não pôde atuar em razão de uma lesão no joelho, foi substituído por Diogo Barbosa. Uma falha deste jogador diante do Bragantino, que determinou um empate em 3 a 3 na Arena, foi o estopim para uma negociação com o Fluminense, depois de meses de contestação.
Agora, o versátil Cuiabano é o reserva da lateral esquerda. No lado direito, João Pedro é o atual titular. Mas não sabemos até quando, já que é um jogador que convive com problemas físicos, assim como o reserva Fábio, que começou o ano como o dono da posição. Thomas Luciano, que era uma alternativa para o setor, foi vendido ao Gil Vicente.
Meio-campo
No setor defensivo do meio-campo, Villasanti e Pepê foram os titulares na conquista da Recopa Gaúcha, contra o São Luiz. O paraguaio chegou a perder espaço no Gauchão, mas depois cresceu de desempenho e passou a ser um elemento surpresa na área adversária, marcando gols de cabeça.
Seu crescimento se deve ao fato de ter ganhado liberdade com a escalação de Felipe Carballo, que atua mais fixo e possibilita que Villa avance. Pepê, de atuações de encher os olhos no Estadual, teve uma lesão grave e não há perspectiva de retorno. Mila e Ronald, do Sub-20, ascenderam ao elenco profissional e se firmaram como alternativas.
Na linha de meias foi também onde Renato Portaluppi teve de trabalhar e encontrar alternativas. Sendo assim, Bitello foi o mais polivalente e cumpriu praticamente todas as funções. No esquema inicial, o 4-2-3-1, foi meia-central, junto dos atacantes (Campaz e Ferreira) pelas pontas. Para encaixar Cristaldo, um dos líderes de assistências da equipe no ano, Renato passou Bitello para o lado direito.
Quando Ferreira voltou a se afastar por uma série de lesões, o clube não encontrou outro atacante de velocidade no mercado, e os jovens não deram conta do recado. Os reforços, Iturbe e Besozzi, chegaram apenas na janela de inverno. A “reinvenção” foi unir Bitello, Cristaldo e Vina, três meias, em uma movimentação intensa por trás de Suárez.
Essa ideia, eficaz no Gauchão, perdeu força quando o Grêmio encontrou adversários de maior nível no Brasileirão, com partidas que exigiam mais intensidade na marcação. E foi daí que o esquema com três zagueiros foi consolidado e Vina perdeu espaço. Vina, aliás, de gol em Gre-Nal, passou a ser o centroavante reserva. Com uma proposta irrecusável do Al Hazm, foi vendido e já deixou a Arena.
Ataque
Por fim, chegamos na posição de centroavante, do inquestionável Luis Suárez — ou quase. Em campo, foram 33 jogos, 16 gols e nove assistências. Ele foi escalado sempre que esteve em condições físicas, poupado apenas em jogos de estádios com grama sintética. O uruguaio, de resultado midiático imediato, foi fundamental nas conquistas da Recopa, Gauchão, e na chegada do clube às semifinais da Copa do Brasil.
A “novela mexicana” de uma possível saída do clube, necessidade de cirurgia ou até aposentadoria, porém, fizeram ele também ficar de fora de jogos importantes, como Bahia e Atlético-MG. Quem aproveitou esta brecha foi André Henrique, que já marcou dois gols no Brasileirão. O clube ainda foi ao mercado e investiu pesado na contratação de João Pedro Galvão, que pode ser uma reposição para o uruguaio ou até companhia.
Por ali, ou como um meia-armador, poderá jogar Luan. O “Reizinho” foi abraçado pelo clube que lhe revelou e espera retomar os bons momentos da carreira, em baixa justamente desde que deixou a Arena, em 2019.
Com seis reforços na última janela de transferências, o Grêmio espera suprir as carências do elenco e manter o desempenho na caça ao Botafogo, em busca do título do Brasileirão. Se estiverem em boa forma física, estes nomes ainda poderão estar à disposição no jogo de volta da semifinal da Copa do Brasil, contra o Flamengo, em 16 de agosto.