Para transformar o sonho do título do Brasileirão em realidade, o Grêmio tem um confronto direto para entrar no G-4 pela primeira vez nesta edição da competição. O jogo deste domingo, às 16h, na Arena, é a chance que a tabela oferece de tirar pontos de um concorrente que está à frente do Tricolor na classificação. Com 14 pontos, em quinto lugar, o clube gaúcho recebe o São Paulo. Os paulistas estão em terceiro, com um ponto a mais. Uma chance de fazer valer o fator Arena, que deve ter um bom público, e seguir avançando na competição.
O sonho de um título pode parecer distante em junho, mas o rendimento do Grêmio no ano coloca o Tricolor como um dos candidatos. Entre os 20 competidores da Série A, a equipe de Renato Portaluppi é a de melhor aproveitamento na temporada. Em 30 jogos, contando todas as competições, tem 20 vitórias, sete empates e apenas três derrotas. Um aproveitamento de 74,4% dos pontos disputados.
Esse crescimento passa por uma reformulação que ainda está em andamento. Após começar o ano com a previsão de contar com Ferreira como jogador de velocidade para abastecer Luis Suárez, e sonhar com a contratação de Michael para ocupar o lado direito de ataque, Renato precisou fazer uma série de adaptações por conta da ausência do camisa 10.
A primeira alteração contou com a implementação da linha dos três meias, formada por Vina, Cristaldo e Bitello. O trio de jogadores com mais técnica se mostrou muito efetivo no Gauchão. Mas quando o nível técnico dos adversários subiu com o início do Brasileirão, a proposta acabou insuficiente. Faltavam intensidade para marcar e velocidade para atacar.
A solução encontrada por Renato foi a adoção do esquema 3-4-3. O zagueiro a mais ajudou a tirar os espaços dos adversários, e o atacante extra devolveu a capacidade do Grêmio de ser ofensivo. E que também já passou por uma evolução nas duas últimas partidas. Após Cristaldo ser utilizado no Gre-Nal, Cuiabano ganhou o posto nos jogos contra Athletico-PR e Cruzeiro.
— É um esquema que nos últimos três jogos deu certo. A equipe se apresentou muito bem, mas isso não quer dizer que seja uma coisa fixa. Eu reinventei um pouco o Grêmio justamente pela falta daquele jogador de velocidade pelos lados que eu tanto gosto. Coloquei três zagueiros, reinventei o Cuiabano por dentro para que a gente pudesse ter uma marcação mais forte com uma saída mais rápida. Vai depender do que a gente irá precisar, do adversário e do local dos jogos. Isso não quer dizer que o Grêmio vai jogar sempre com três zagueiros, já testei outros esquemas. O importante é obter o resultados — projetou Renato, sexta-feira, em entrevista coletiva.
O problema é que o adversário deste domingo também vive um momento de recuperação. Invicto com Dorival no Brasileirão, o São Paulo está numa nova fase desde a saída de Rogério Ceni da comissão técnica. Além de ajustar questões de campo, a chegada do novo técnico mudou o ambiente no Morumbi.
— A chegada do Dorival Junior mudou o cenário do São Paulo. Ele circula por todas as áreas, tenta compor as situações. Isso funcionou. O time teve algumas mudanças táticas, deu chances a jogadores que não atuavam, e isso deu um fôlego ao time. Esse pontapé inicial foi bom. Afastou a ameaça de rebaixamento. O time está mirando outras coisas. O elenco é limitadíssimo. Não é um time com muitos recursos. Então, precisa ser uma equipe operária para conseguir alguma coisa — afirmou Eduardo Tirone, jornalista da Bandsports e do Uol.
A mudança rendeu uma campanha de sete rodadas sem perder no Brasileirão. São quatro vitórias e três empates. Apesar dos sete jogos de invencibilidade na Série A, o São Paulo perdeu para o Sport no Morumbi, quinta-feira (1), e teve de buscar nos pênaltis a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil.
— O São Paulo é um time que sofre muitas finalizações. Uma média de 11 chutes cedidos por partida. Tem problemas defensivos, como a bola área. Quase foi eliminado para o Sport por causa disso. É um time limitado, que sempre precisa jogar no limite — avaliou Tirone.