O Grêmio tem um desafio espinhoso neste sábado (27). O time de Renato Portaluppi enfrenta o Athletico-PR na Arena da Baixada. Além dos desfalques, o Tricolor terá uma dificuldade extra: um gramado artificial, mas que oferece perigos reais aos adversários. Na temporada, em 15 jogos, o Furacão ainda não perdeu dentro de seu estádio.
Apesar do receio das equipes que costumam atuar na Arena da Baixada, a mudança do estádio da grama natural para a sintética não apresenta tantas dificuldades para o Grêmio. Em nove jogos no estádio desde a instalação do novo piso, o retrospecto é bastante equilibrado. São quatro vitórias gremistas, com cinco triunfos dos donos da casa. São 11 gols feitos pelo Tricolor, com 15 sofridos.
O último jogo do Grêmio na Baixada foi em 2021, com Felipão como técnico gremista — derrota por 4 a 2, com dois gols de Pedro Rocha para o Furacão. Hoje, Luiz Felipe Scolari é coordenador técnico do Furacão e indicou Paulo Turra, seu auxiliar na última passagem por Porto Alegre, para assumir como treinador.
Instalado para a temporada de 2016, o gramado sintético conta com o nível mais alto da certificação concedida pela Fifa. Apesar disso, o piso é tratado como problema pelos adversários acostumados a jogar em grama natural. Mais recentemente, Gabigol disparou:
— Gramado horrível.
Tcheco, atualmente técnico do Caxias, tem histórico de trabalhar no futebol paranaense. Além de comandar este ano o Azuriz-PR, também foi treinador do Cascavel e Rio Branco. Pela sua experiência como visitante na Arena da Baixada, o gramado artificial não é problema após alguns minutos de adaptação.
— O que muda é que o jogo fica mais rápido. O mandante está acostumado. Até você se adaptar e entender o jogo, leva um tempo. Acredito que uns 20 minutos. O domínio da bola, nos lançamentos é onde se sente mais — disse.
Além da questão da adaptação ao campo, o ex-meia do Grêmio citou que não teve relatos de seus atletas reclamando de dores após as partidas no local.
— É um campo bom, macio. Nunca ouvi reclamações — relembra.
Dois dos testes feitos pela Fifa atestam a ausência de risco maior. A entidade que regula o futebol no mundo realiza uma simulação da rotação de joelho, com uma chuteira especial para observar os movimentos de um atleta durante a partida. A outro teste é do rebote. A bola é solta a dois metros de altura. Ao quicar, precisa subir entre 40 e 80 centímetros. No estádio atleticano, o último teste mostrou a bola alcançando 65 centímetros. O resultado é semelhante ao observado em outros gramados naturais.
O gramado da Arena da Baixada conta com algumas particularidades que outros pisos sintéticos não utilizam. O Allianz Parque utiliza borracha junto da grama sintética, e também conta com uma manta de estabilização para diminuir o impacto para os atletas. Em Curitiba, o material utilizado junto do gramado é um composto orgânico, produzido a partir de casca de coco, chamado Geofill. O estádio do Botafogo, o Nílton Santos, é o que tem o modelo mais atualizado. E o piso recebeu elogios até de equipes adversárias pela similaridade com o gramado natural.
Apesar das evidências científicas que atestam a segurança do gramado artificial, profissionais do futebol ainda tratam a mudança do piso natural para o sintético com cautela extra.
— Quem tem contusão, problemas no púbis e articulares, é um risco. Se puder preservar o atleta, é fundamental — comentou um profissional com experiência na área da preparação física que pediu para não ser identificado.
Por conta do receio de agravar problemas físicos de alguns jogadores, o Grêmio deve ter uma escalação alternativa em Curitiba. Bitello e Carballo, com dores musculares na região do púbis, não devem atuar contra o Athletico-PR. Luis Suárez, que também não jogou na grama artificial do Allianz Parque, é outro que deve ser preservado. Fabio e Bruno Alves podem também ganhar descanso por conta do desgaste físico.