A direção do Grêmio criou uma força-tarefa para aplacar a crise envolvendo o goleiro Adriel. A primeira estratégia já definida é que, a partir de agora, apenas o presidente Alberto Guerra irá falar publicamente sobre o assunto, com os objetivos de unificar o discurso do clube e apaziguar o ambiente. O clube avalia duas alternativas para o futuro do atleta de 22 anos até a janela de julho, quando, ao que tudo indica, o jogador deverá ser negociado com o exterior.
Nesta sexta (28), o presidente terá reuniões com o departamento de futebol e com o técnico Renato Portaluppi para definir se Adriel seguirá sendo relacionado para os jogos, podendo até brigar de novo pela titularidade, ou se ele será afastado das partidas até como uma forma de preservação do jogador e do time. Em qualquer hipótese, porém, ganha força a possibilidade de o jogador deixar a Arena no meio do ano.
A principal prioridade de Guerra hoje, contudo, é aliviar a tensão que tomou conta dos bastidores do Arena desde a eclosão da crise envolvendo Adriel. Por isso, apenas o mandatário se manifestará sobre o tema, e, tão logo o futuro do goleiro for definido, o dirigente deve conceder uma entrevista, adotando um tom conciliador.
Adriel foi barrado do time do Grêmio na derrota por 1 a 0 para o Cruzeiro, no dia 22 de abril, por conta de uma série de atos de indisciplina em sequência, como atrasos e uma entrevista concedida sem autorização do clube. Após o jogo, Renato Portaluppi disse em sua entrevista coletiva que o atleta vem sendo mal orientado e disparou contra o seu procurador. O comandante ainda confirmou que Gabriel Grando seguiria sendo o goleiro titular na partida seguinte.
Já na quarta (26), Guerra falou pela primeira vez sobre o assunto. Em entrevista ao podcast do ex-jogador Denilson, o presidente reconheceu que o clube não tratou o tema da forma mais adequada.
— O assunto tomou uma proporção maior do que deveria. Deveríamos ter conduzido de forma para minimizar e não expor tanto o atleta. Sabendo os partícipes, que são Renato, Adriel e Pablo Bueno (empresário do goleiro), a gente não mediu de forma correta. Hoje é mais fácil dizer. Mas, lá atrás, deveríamos ter conduzido de outra maneira — declarou.
Porém, quando a ebulição começava a se dissipar, o goleiro Adriel divulgou, ainda na quarta (26) à noite, um vídeo expondo a sua versão do episódio e fazendo críticas à forma como foi punido. A manifestação foi vista internamente como uma espécie de "afronta" pública e elevou ainda mais a tensão entre as partes.
Como se não bastasse, no empate por 1 a 1 com o ABC, nesta quinta (27), Adriel ficou no banco de reservas e, após o jogo, foi vaiado e hostilizado por boa parte da torcida ainda presente no estádio. Irritado, o goleiro deu um soco na porta do corredor de acesso ao vestiário enquanto deixava o gramado.
Pela alta temperatura dos ânimos, o presidente Alberto Guerra entrou na jogada com a intenção de apaziguar o ambiente. Assim que for definido o futuro do goleiro, o presidente deve se manifestar publicamente com o objetivo de conciliar a harmonia do vestiário, a autoridade do treinador e a valorização do atleta, um dos principais ativos do clube hoje e com alto potencial de venda para o exterior.