A comemoração por chegar às oitavas de final da Copa do Brasil foi contida no Grêmio. A mescla de uma atuação em baixa rotação e um inesperado empate em 1 a 1 com o ABC, na quinta-feira (28), deixou um grau de constrangimento maior do que a alegria de passar de fase e embolsar R$ 3,3 milhões. Alguns sinais foram sintomáticos. O maior deles foi postura do técnico Renato Portaluppi.
É de costume que, nos jogos na Arena, ele junte o grupo de jogadores e faça uma saudação à torcida. Assim que o apito final soou, ele partiu em direção ao vestiário. O treinador não escondeu a sua insatisfação com a atuação da equipe. Ele foi direto ao fazer a sua análise.
— Foi a pior atuação do Grêmio sob o meu comando. Não fizemos nada certo. Marcamos longe. O adversário achou o gol. Disse que o jogo era perigoso. Alguns jogadores "sentaram" no placar de 2 a 0 (do jogo de ida). Aconteceu o que a gente não queria, por mérito do adversário e falta de concentração nossa. Sofremos, num jogo que não poderíamos sofrer. Podia ter sido pior. Há males que vêm para o bem. Que fique de exemplo.
Mais do que o avanço no torneio, Renato analisou o quadro de maneira mais ampla. Com o departamento médico repleto de lesionados, a ideia do treinador era poupar titulares. Vina, Lucas Silva e Kannemann não foram escalados para começar a partida. A ideia era ir tirando outros jogadores importantes à medida que o jogo fluísse.
O gol sofrido aos 20 minutos e a dificuldade para empatar, o 1 a 1 saiu somente nos acréscimos, o deixaram irritado por quebrar os seus planos.
— Meu planejamento era poupar os três do início e outros cinco se tivesse o placar na frente. Atrapalhou bastante o planejamento. Foi essa a bronca. Houve jogadores que se desgastaram bastante.
Antes que o elenco tenha um meio de semana sem jogos, o Grêmio enfrenta o Cuiabá, no domingo (3), pelo Brasileirão. A partida será disputada no Mato Grosso. Depois, volta a entrar em campo somente no dia 7, contra o Bragantino. O fato de atuar nas duas semanas em que teve confrontos pela Copa do Brasil na quinta-feira e no domingo foi criticado duramente pelo treinador em outros momentos.
Os jogadores foram mais comedidos ao analisarem o desempenho da equipe e tentaram contemporizar.
— Conquistamos um ótimo resultado lá. O ABC não tinha nada a perder e se jogou na partida. Acharam o gol rápido. Tentamos o tempo todo — analisou o zagueiro Bruno Uvini.
Seu companheiro de zaga, Bruno Alves fez uma análise dos motivos que levaram ao resultado frustrante.
— Faltou marcação. Faltou um time mais compacto — admitiu.
O empate com o ABC foi a segunda partida sem vitória seguida do Grêmio, no fim de semana o time havia perdido para o Cruzeiro, pelo Brasileirão. O resultado também derruba os 100% de aproveitamento como mandante na temporada. Até então, eram 10 jogos e 10 vitórias.
A invencibilidade em casa foi mantida graças ao gol de Galdino, nos acréscimos, em chute de média distância. O atacante comemorou o gol.
— Muito feliz pelo gol. Não tem como ficar triste. O importante é a classificação. Nos dedicamos desde o primeiro tempo, nos esforçamos ao máximo pela vitória e saímos com a classificação — comentou.
Depois da partida, ficou escancarada que a questão envolvendo o goleiro Adriel ainda não foi superada. O jogador foi vaiado pelo torcedor. Ao ir em direção do vestiário, desferiu um murro na porta. São sinais de que há muito por corrigir no Grêmio, dentro e fora de campo.