O primeiro confronto da final do Gauchão terminou em empate de 1 a 1 no Estádio Centenário, na tarde deste sábado (1º), e foi marcado por uma postura diferente do Caxias em relação ao demonstrado ao longo do campeonato. O fato de ter saído na frente no placar cedo e também com uma expulsão no começo do segundo tempo contribuíram para o desenrolar da decisão com o Grená postado em seu campo de defesa deixando o Grêmio com a missão de propor jogo. O Desenho Tático de GZH analisa como foi a disputa de estratégias entre os técnicos Renato Portaluppi e Thiago Carvalho.
Sem poder contar com Pepê e Carballo, Renato optou por formar sua dupla de volantes com Villasanti e Lucas Silva. Com isso, Bitello voltou a ser adiantado para formar a linha de três meias com Vina e Cristaldo diante da ausência de Ferreira.
No inicial Plano B, mas que virou A de Renato Portaluppi ao longo do Gauchão, o Grêmio não conta com um extrema de drible e velocidade, mas sim com três meias com capacidade de criação e movimentação.
Também com uma proposta ao longo do Gauchão de ser um time propositivo e que gosta de trocar passes, o Caxias não contou com Vinicius Guedes, expulso diante do Inter na semifinal, e Moacir foi o escolhido para atuar ao lado de Marlon na dupla de volantes. Mais marcador e menos vertical que o titular, Moacir se postou preso na marcação.
Taticamente, os dois times iniciaram no 4-2-3-1 com os seguintes duelos:
O Caxias iniciou a partida com uma postura ofensiva e conseguiu abrir o placar logo aos 7 minutos com Marlon, que aproveitou a indecisão entre João Pedro e Lucas Silva para invadir a área e tocar na saída de Adriel. Nesses primeiros minutos, o Grená teve uma posse de bola de 61%.
A vantagem obtida cedo, porém, fez o Caxias adotar uma postura pouco visto ao longo do Gauchão. A equipe da casa recuou sua marcação e passou atuar de forma bastante defensiva com o Grêmio tendo todos seus jogadores de linha no campo de ataque.
A estratégia do Caxias para tentar conter o volume costumeiro do Grêmio com seu trio de meias foi apostar em uma marcação com encaixes individuais definidos. Ou seja, cada jogador grená era responsável por marcar um do Tricolor tendo a missão de acompanhá-lo nas movimentações.
Neste lance, Bitello recua com a bola e é perseguido pelo lateral Dudu. Já Jean Dias acompanha a subida de João Pedro - os dois jogadores grenás trocam as posições. Dessa forma que o Caxias marcou o Grêmio ao longo do primeiro tempo:
Apesar da dedicada marcação do Caxias, o Grêmio criou chances para empatar e até virar o placar no primeiro tempo. Foram dez finalizações gremistas antes do intervalo, seis delas no gol. O goleiro Bruno Ferreira fez três defesas consideradas difíceis na primeira etapa. A pressão deu resultado nos acréscimos, quando Vina aproveitou o desvio de Bruno Uvini após escanteio batido por Cristaldo e igualou o placar.
O começo do segundo tempo mostrou um Caxias mais ousada tentado repetir a fórmula do começo da partida. No entanto, a expulsão de Moacir aos 7 minutos fez o jogo voltar para o cenário do primeiro tempo.
Com 10 homens, o técnico Thiago Carvalho tirou os ofensivos Diego Rosa e Peninha e mandou a campo o zagueiro Ricardo Lima e o volante Adriel. Com três zagueiros, o Caxias passou a defender com uma linha de cinco atrás tendo os volantes Adriel, Marlon recebendo a companhia do atacante Jean Dias para formar uma segunda linha de três homens. O centroavante Eron também recuava para marcar os volantes gremistas em uma postura no 5-3-1.
A estratégia adotada pelo time da casa deu resultado. Mesmo com um homem a mais, o Grêmio não conseguiu repetir o volume ofensivo do primeiro tempo. No total, o Tricolor finalizou sete vezes na etapa final contra dez nos primeiros 45 minutos. Das sete, porém, apenas duas foram no gol, ambas no mesmo lance, quando Bruno Ferreira defendeu um forte chute de Lucas Silva de fora da área e o rebote de Luis Suárez.
A dificuldade do Grêmio para criar vantagens no campo de ataque passou pela postura de seus volantes e zagueiros. Bruno Alves, Bruno Uvini, Lucas Silva e Villasanti muitas vezes ficaram por fora do bloco defensivo do Caxias. Assim, o Tricolor atacava com seis jogadores contra os nove que defendiam do time da casa e não fazia valer a sua superioridade numérica.
Renato Portaluppi só abriu mão de um dos volantes aos 36 minutos, quando Villasanti deu lugar ao atacante Zinho. Na mesma troca, Gustavinho entrou na vaga de Cristaldo. Com os dois garotos nas pontas, o Grêmio aumentou seu poder ofensivo, principalmente pela esquerda, onde Zinho fez combinações com Bitello. Já aos 45, Galdino foi uma última cartada no lugar de João Pedro. Nos acréscimos, Suárez fez uma bela jogada e cruzou para Vina, que mandou por cima a última chance para o Grêmio sair de Caxias do Sul com uma vitória.
Os números da partida mostram o Tricolor com uma posse de bola de 67% contra 33% dos mandantes e um total de 19 finalizações gremistas contra quatro do Caxias. Faltou ao Grêmio, porém, conseguir gerar mais chances no segundo tempo, quando atuou quase todo com um homem a mais. Das oito finalizações que acertou no alvo na partida, seis delas foram antes do intervalo.
Grêmio e Caxias decidirão o título gaúcho no próximo sábado (8), às 16h30min, na Arena. Pelo demonstrado em sua casa, o time grená poderá apresentar em Porto Alegre novamente uma postura defensiva. Caberá a Renato encontrar as soluções para furar o bloqueio defensivo de Thiago Carvalho e levar o Tricolor ao hexa gaúcho ainda nos 90 minutos.