Um coadjuvante ganhou ares de protagonista no Grêmio em 2023. Contratado no ano passado para ser o plano B da defesa em caso de eventualidades, o zagueiro Bruno Alves fez valer as chances recebidas. Saiu do Gauchão deste ano como um dos destaques da campanha do título e ajudou a sanar a ausência de Geromel. Como fez em boa parte de 2022, quando Kannemann pouco atuou na campanha do acesso devido às lesões.
Vice-artilheiro do time no ano, com quatro gols, Bruno Alves virou sinônimo de segurança defensiva e arma na bola parada ofensiva. Nesta quinta-feira (13), em Natal, o Grêmio inicia a terceira fase da Copa do Brasil, contra o ABC, às 21h30min. Para este jogo, Renato Portaluppi não contará com o volante Carballo e o artilheiro Suárez. Poupados, eles ficaram em Porto Alegre.
Contratado do São Paulo, de onde saiu criticado pela torcida, Bruno Alves foi anunciado como jogador do Grêmio no Natal de 2021. E seu desempenho dentro de campo fez com que a desconfiança em seu rendimento desaparecesse.
Aos 31 anos, o defensor não tem histórico de lesão e de indisciplina. Com isto, liderou com Bitello o ranking de quem mais jogou em 2022, com 48 das 55 partidas do clube na temporada. E em 2023, seu cartel de 14 jogos só perde para o de Bitello, que jogou 16, e Luis Suárez, 15.
Na virada do ano, a possibilidade de retornar ao posto de reserva imediato da defesa se desfez na pré-temporada. A lesão de Geromel (ainda sem previsão de retorno) manteve Bruno Alves no time. E ele aproveitou bem a oportunidade.
Formou a dupla de defesa com Kannemann em boa parte da competição e terminou o Gauchão na seleção do campeonato divulgada pela FGF.
— Está ficando consciente e tranquilo. Sempre faz bons jogos. Não é uma Mercedes, mas está chegando lá. Marca firme, chega bem na disputa. E está com a saída de bola muito boa — comentou o uruguaio Ancheta, lendário zagueiro gremista nos anos 1970.
Acostumado a ser o ponto de equilíbrio da defesa de suas equipes, Ancheta entende que a parceria com Geromel e Kannemann fez com que Bruno Alves pudesse melhorar o rendimento. Sem ter a obrigação de ser o protagonista, encontrou espaço para crescer.
— O importante é dar confiança, e que o companheiro mais afirmado o apoie. Ele tem experiência e conhecimento do jogo. O Grêmio encontrou mais um bom zagueiro — elogia Ancheta.
Campeão com o Grêmio na Copa do Brasil de 1989, a primeira edição da competição, Luis Eduardo passou por um processo parecido em seu início de trajetória no clube. Formado nas categorias de base na década de 1980, assumiu o lugar de titular ao substituir o ícone Hugo De León. Os ensinamentos do uruguaio, inclusive, o colocaram em um caminho mais fácil para o sucesso.
— Trabalhei muito com o Hugo. Fui influenciado pela liderança e o posicionamento dele. Procurei as coisas positivas. Ele chegou e me disse que não jogaria por estar lesionado. Me avisou que teria a oportunidade. Devo muito a ele, me ajudou bastante. Ele me ajudou a carregar o peso de substituir um ídolo. Mas também precisa ter personalidade — relembra Luis Eduardo.
O ex-zagueiro aponta que o rendimento da dupla de zaga possa ser um importante aliado para buscar o hexa na Copa do Brasil. Até o momento, após duas partidas, o Grêmio não tomou gols. E para Luis Eduardo, essa é a receita para conquistar o título:
— Ajuda muito ter zagueiros que deem segurança ao time. É a parte principal dos jogos eliminatórios. Confiar nos teus zagueiros. Precisa acreditar que, se falhar no meio, alguém vai ajudar. Dupla de zagueiro é como marido e mulher, sempre precisam estar próximos.
Números
Bruno Alves em 2023
14 jogos (1.290 minutos)
4 gols
1 cartão amarelo
Em 2022
48 jogos (4.149 minutos)
3 gols
6 cartões amarelos
Total: 62 partidas (5.439 minutos), 7 gols e 7 cartões amarelos