O Brasileirão recrudescerá um debate entre CBF e clubes. O novo Regulamento Geral de Competições da entidade prevê que os clubes compensem os descontos nos ingressos que excederem 50%. Ou seja, quando aquele associado de Inter e Grêmio da modalidade isenta de pagar ingresso entrar no estádio em jogos de Brasileirão e Copa do Brasil, os clubes terão de registrar no borderô metade do valor do tíquete.
A CBF adotou a medida inspirada no que já faz a Federação Carioca. Isso significará um bolo maior na renda e, consequentemente, valor maior nos 5% dela destinados à federação local e nos 5% de INSS. Os clubes que contam em seus programas de sócios descontos no valor do ingresso que excedem a meia-entrada estimam perdas na ordem de R$ 10 milhões. Como a decisão foi aprovada em fevereiro, essa era uma conta que não havia sido prevista no orçamento de 2023. Agora, o mais maluco de tudo isso é o fato de a mudança ter sido aprovada sabe por quem? Pelos próprios clubes.
Sim, no Conselho Técnico realizado pela CBF em 14 de fevereiro, os dirigentes se atentaram a mudanças como aumento no limite de estrangeiros, de cinco para sete, debateram a redução dos rebaixados de quatro para três, aplaudiram a paralisação do Brasileirão nas datas Fifa e ouviram as mudanças nos protocolos do VAR, em que as linhas sobrepostas, agora, tiram o impedimento. Porém, como nos contratos aqueles em que há letras miúdas, deixaram de dar atenção para a mudança na contabilização das rendas.
Os executivos dos clubes, em conversas paralelas, se mobilizaram para mudar esse artigo do regulamento. Porém, inexistiu, até agora, qualquer sinal de mudança pela CBF. Até porque esse é mais um movimento do presidente Edinaldo Rodrigues para fortalecer sua base, as federações. No começo deste ano, ele aboliu as vagas na Copa do Brasil através do ranking e definiu os Estaduais como classificatórios para a competição. Foi uma forma de fortalecer as competições organizadas pelas federações.
Em contato feito pela coluna, o CEO do Inter, Giovane Zanardo, explicou que um estudo mais aprofundado ainda está em andamento. Só depois de as áreas envolvidas derem um retrato mais exato, o clube terá uma projeção do quanto deixará de arrecadar por causa dessa mudança.
No caso do Grêmio, o tema será tratado a partir de agora. Os dirigentes se debruçarão sobre esse novo regramento e irão rever a política de preços com a Arena Porto-Alegrense, gestora do estádio e responsável por estipular os valores.
O artigo alterado
"Independentemente das políticas e valores adotados pelos clubes em seus programas de sócio torcedor, em caso de venda por valor abaixo da meia-entrada do respectivo setor, o clube responsável deverá lançar e complementar, no borderô, o valor correspondente à diferença da meia-entrada..."