O acesso antecipado à Série A mudou a fotografia do time do Grêmio para os últimos jogos da temporada. Um dos atletas que receberão oportunidades contra o Tombense, nesta sexta-feira (28), e contra o Brusque, na última rodada, é Elkeson. O centroavante de 33 anos chegou com status de goleador, mas teve poucas chances na competição.
Sem Diego Souza, que será submetido nesta sexta a uma cirurgia para correção de hérnia inguinal, o camisa 9 terá duas oportunidades na Série B para mostrar que pode ocupar o posto de centroavante titular e ter o contrato renovado para a próxima temporada — seu vínculo termina em dezembro de 2022.
A avaliação do atual departamento de futebol é de que Elkeson merece chances. Além do encaixe no vestiário, o centroavante chegou com salário dentro da realidade financeira da equipe. Mesmo que a eventual permanência de Renato Portaluppi signifique mais um ano de Diego Souza como opção, a próxima gestão receberá um relatório positivo do chinês.
— É jogador que, acima de tudo, teve comprometimento. Tem técnica e experiência para agregar ao grupo, ainda mais pela chance de começar 2023 com pré-temporada. Diante do alto número de contratações e possível saída de Diego Souza, Elkeson é um jogador útil ao Grêmio de 2023 — avalia o narrador e colunista de GZH Marcelo De Bona.
Elkeson entrou na lista de jogadores avaliados pelo Grêmio após o rebaixamento. A ideia da direção era apostar em um centroavante capaz de ser o homem-gol da equipe para a temporada, e com investimento mais alto em relação aos outros reforços. A negociação iniciada em dezembro de 2021 não avançou, mas o nome seguiu na lista de opções do clube.
A chegada da comissão técnica de Roger Machado fez que o diretor-executivo Diego Cerri transformasse as conversas de dezembro e janeiro em propostas oficiais. Quando a comissão técnica foi consultada, a aprovação do nome veio com simples resposta.
— Fez mais gols do que o Hulk na China — disse um dos membros da comissão técnica.
De fato, o reforço gremista era o grande nome do futebol chinês. Elkeson ainda ocupa o posto de maior artilheiro da história da liga local, com 122 gols em 191 partidas, mesmo sem disputar qualquer partida na competição desde agosto de 2021. Tanta idolatria conquistou o coração do jogador. Em 2019, anunciou que iria se naturalizar chinês e encabeçar o projeto da seleção de disputar a Copa do Mundo do Catar.
"Hoje, comunico a todos que, oficialmente, embarquei nesse desafio. Abri mão da minha nacionalidade para tentar retribuir todo o carinho que recebo aqui desde a minha chegada. Estou muito animado e empolgado. Conto com a torcida de vocês. Forte abraço, Ai Kesen", escreveu em suas redes sociais, em 2019.
O centroavante marcou quatro vezes em 13 rodadas, mas não foi o suficiente para classificar a China. A pandemia, e as restrições locais despertaram o desejo de voltar ao Brasil para seguir jogando com regularidade, e ficar à disposição para a disputa em 2023 da Copa Asiática. Essa vontade foi citada em sua entrevista de apresentação no Grêmio.
Elkeson foi abraçado pelos companheiros desde sua chegada. O jeito simples no vestiário caiu bem entre os novos colegas. Promoveu churrasco de aniversário com presença de quase 100% dos companheiros, comissão técnica e demais funcionários auxiliares no futebol.
A dedicação aos treinos o levou ao status de um dos mais elogiados pelos integrantes do departamento de futebol ao longo deste ano. A expectativa era promover uma disputa com Diego Souza pela titularidade, mas uma formação alternativa também era estudada. A ideia era utilizar Elkeson como um segundo atacante, atrás do centroavante, e aproveitar os dois melhores finalizadores do grupo em campo ao mesmo tempo.
— É um jogador de alto nível. Se entrosou muito bem com o grupo. Tínhamos expectativa alta pelo que ele apresentava nos treinos. Finaliza muito bem — disse James Freitas, ex-auxiliar técnico do Grêmio.
Chamado de "China" pelos colegas, por conta de ter optado pela nacionalidade, acabou prejudicado por conta de uma lesão muscular de grau 2 na coxa esquerda, sofrida no dia 13 de junho. Ficou fora de ação por dois meses, com 10 rodadas perdidas, e não conseguiu recuperar a condição. Chateado pela lesão muscular sofrida, Elkeson procurou o então técnico Roger Machado. Como ficaria cerca de dois meses sem jogar, ofereceu abrir mão dos salários pelo período em que não estivesse disponível.
O centroavante participou de 22 jogos na Série B, com 700 minutos em campo, e dois gols marcados. Agora, espera marcar mais vezes para se garantir no Grêmio da Série A.