O titular do Juizado do Torcedor, o juiz Marco Aurélio Xavier, afirmou em entrevista ao programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha, no começo da tarde desta segunda-feira (22), que a determinação de fechamento do setor norte da Arena de forma preventiva era indispensável após as brigas que geraram paralisações da partida entre Grêmio e Cruzeiro, por duas vezes, neste domingo (21), pela 25ª rodada da Série B. De acordo com o Juiz, essa ação preventiva ainda não resolverá o problema, mas pode ajudar em punições mais pesadas para as organizadas no futuro.
— Essa medida tem natureza preventiva, não podemos permitir que diante de atos de violência de tamanha gravidade as coisas aconteçam normalmente no próximo jogo. A medida por si só, obviamente, não é suficiente (para conter a violência). Temos duas ações civis públicas que podem proibir as organizadas de três meses e três anos. Essa sim uma medida mais efetiva no sentido de corrigir os rumos das torcidas organizadas. A medida cautelar vai repercutir nas ações civis públicas que estão em andamento — explicou.
As medidas citadas dizem respeito tanto para organizadas do Grêmio como do Inter que se envolverem em casos de violência nos estádios futuramente.
— Uma punição maior depende da ação civil pública. Medida cautelar tem natureza criminal para que se apure quem cometeu os delitos no caso de ontem (domingo), mas, tendo em vista o histórico das organizadas, existem duas ações civis públicas que estavam suspensas no aguardo de medidas a serem tomadas por Inter e Grêmio e pelas lideranças das organizadas. Esses fatos repercutem nas ações civis públicas, estas que poderão ser medidas pedagógicas para mudar o comportamento das torcidas — continuou.
Comparação com casos envolvendo o Inter
O juiz Marco Aurélio Xavier também comentou reclamações vindas do Grêmio, tanto de dirigentes quanto de torcedores, que apontam para exageros em punições ao clube em comparação ao que têm sido feito em casos de violência envolvendo o Inter. O titular do Juizado do Torcedor condenou essa postura dizendo que elas não colaboram para o combate à violência. Ele ainda explicou as diferenças do caso deste domingo com os que envolveram a torcida do Inter nos Gre-Nais do Gauchão.
— Isso retira o foco do que é o mais importante. O inimigo do Grêmio, do Inter ou de qualquer torcida não é o Juizado do Torcedor e sim os atos de violência. Isso nos faz perder a capacidade de refletir sobre o assunto, não soma em nada. É importante dizer que o Juizado do Torcedor não funciona com a lógica do campo. O Juizado só tem um adversário, a violência, e o aliado é o torcedor que vai ao estádio apenas para torcer — afirmou.
Marco Aurélio Xavier explicou como foram as medidas adotadas nos casos da pedrada que atingiu o ônibus do Grêmio e feriu o volante Villasanti antes de um Gre-Nal, em fevereiro deste ano, pelo Gauchão, e o caso de um celular arremessado em Lucas Silva, durante outro clássico válido pelo Estadual, em março.
— O caso da pedrada contra o ônibus do Grêmio foi distribuído para a Vara do Júri por ter sido entendido como crime contra a vida e só veio para o Juizado do Torcedor 30 dias após o acontecido. Posteriormente o Ministério Público analisou, o torcedor está sendo processado na Vara do Júri. Quanto aos outros que atiraram foi entendido que não havia vinculação com torcida organizada e foram aplicadas medidas individualizadas, que estão sendo cumpridas — disse, e completou:
— Sobre o celular, o fato foi trazido para o Juizado do Torcedor e imediatamente apurado. Houve uma identificação do torcedor que arremessou e ele foi punido, ficará um ano sem ir aos estádios.