O Grêmio desistiu da aposta em Martín Benítez, 28 anos. O clube aceitou repassar o empréstimo do meia ao América-MG, que conta com o técnico Vagner Mancini. O jogador tem viagem a Belo Horizonte marcada.
Chamado de craque pelo vice de futebol Denis Abrahão, e escolhido para usar o número que era de Maicon até o ano passado, o meia argentino fracassou em sua passagem por Porto Alegre. Após dar mostras de potencial em passagens anteriores por Vasco e São Paulo, repetiu as mesmas dificuldades que atrapalharam sua carreira no Brasil. Falta de intensidade, problemas físicos e poucas oportunidades marcaram os últimos sete meses.
Benítez foi a contratação de maior investimento para a Série B. Pelo empréstimo até o final de 2022, o clube gaúcho pagou US$ 260 mil ao Independiente-ARG. Cerca de R$ 1,2 milhão, na cotação da época. O salário do jogador também entrou na relação dos maiores do clube. Ficou em um patamar intermediário, abaixo dos principais nomes do elenco, mas com custo mensal próximo a R$ 300 mil.
Na época da contratação, um vídeo de Denis Abrahão viralizou. O dirigente participava de um programa da RDC TV e ficou incomodado ao ser questionado sobre a razão da aposta em Benítez e não em Jean Carlos, destaque do Náutico em 2021.
— O Benítez já deu provas de que é craque. Benítez e Jean Carlos são jogadores totalmente diferentes. O Benítez aqui em Grêmio contra São Paulo, graças a Deus que o grande Rogério Ceni tirou ele no intervalo. Graças a Deus, o Rogério Ceni tirou o Benítez quando enfrentamos o São Paulo. Em três jogadas, ele pifou três vezes. Vi ele jogando no Vasco e no São Paulo. É um grande jogador. Tomara que faça no Grêmio tudo o que ele fez nos outros clubes — comentou.
A convicção da direção e da comissão técnica de Vagner Mancini não encontrou o mesmo apoio após a chegada de Roger Machado. Sem mostrar bom rendimento nos treinos, Benítez teve poucas oportunidades nos jogos. O presidente Romildo Bolzan explicou que liberou o jogador porque não seria utilizado. Mas salientou que a saída também não exigirá uma reposição. O planejamento é utilizar as peças que já estão à disposição.
— O jogador não estava sendo aproveitado. Faz bem para a carreira dele. Ele tem a confiança do Mancini. Foi um jogador exemplar conosco — garantiu Bolzan.
Uma das explicações apontadas para o fracasso da contratação é a mudança da comissão técnica. Benítez contava com a admiração de Vagner Mancini, demitido em fevereiro, mas teve dificuldades para se encaixar no modelo tático que sustentou o trabalho de Roger Machado. No 4-3-3 utilizado no Gauchão, o jogador não demonstrou capacidade para atuar na intensidade necessária dos meio-campistas ou pelos lados.
A primeira tentativa de encaixe na escalação de um meia de estilo mais clássico ocorreu com a mudança para o 3-4-3, observada contra o Glória na Recopa Gaúcha, e depois implementada na disputa da Série B contra o Vasco. O jogo em São Januário foi o único que Benítez fez como titular desde a chegada de Roger. Quando o argentino teria a esperada sequência, acabou sofrendo lesão ligamentar no joelho e a ausência completa 40 dias nesta quinta-feira (14).
Sem mostrar o rendimento necessário no dia a dia de trabalho, e também nas poucas oportunidades que teve em jogos, Benítez foi ultrapassado na hierarquia do grupo. Campaz virou titular pela evolução na parte física, e também na compreensão das questões táticas da equipe. O retorno de Thaciano dá a Roger uma opção para todas as funções do meio de campo. Os jovens Pedro Lucas e Gabriel Silva seguem como alternativas elogiadas pelo potencial. Biel também pode aparecer na função, mesmo que tenha mais características para ocupar uma das vagas pelos lados do campo.
Benítez não deve ser a única saída do grupo de jogadores em julho. Após as chegadas de Lucas Leiva, Thaciano e Guilherme, a direção entende que será importante para a finanças liberar peças que não serão utilizadas. Nomes como Lucas Silva, Thiago Santos e Michel também estão recebendo sondagens e podem ser liberados.