Quando for aberta a janela de transferências nacional, em 18 de julho, o primeiro reforço anunciado pelo Grêmio será o atacante Guilherme. Livre após o termino do contrato com o Al-Dahfra, dos Emirados Árabes, o jogador de 27 anos já tem um acordo com a diretoria gremista. Não será uma novidade para a torcida, afinal, se trata de um retorno cinco anos depois. Mais maduro, com experiências em Libertadores, Série A e Série B do Brasileirão, além das últimas três temporadas no Oriente Médio, ele chega para disputar posição com Janderson, Biel e Ferreira, os extremas do elenco tricolor.
Substituindo Everton Cebolinha aos 42 minutos do segundo tempo de um 3 a 2 sobre o Santos, no Brasileirão 2016, foi sob comando de Roger Machado que o atacante Guilherme estreou no time profissional gremista. Quando pisou no gramado, com 20 anos, o time santista recém tinha igualado o 2 a 0 aberto pelo Grêmio ainda no primeiro tempo. Contudo, minutos depois, Giuliano fez grande jogada e Marcelo Hermes deu a vitória ao Tricolor.
Esses foram os primeiros passos de Guilherme com a camisa tricolor na Arena. Quatro meses antes, porém, ele já havia chamado a atenção ao balançar as redes da casa gremista. Um fevereiro, na quarta rodada do Gauchão, não havia a restrição para um jogador emprestado e ele pode atuar. Por ironia do destino, o atacante anotou um dos gols da vitória do São José por 2 a 0 sobre o Grêmio.
Considerado o 12º jogador no time do Zequinha que havia conquistado uma série de copa das Federação Gaúcha de Futebol em 2015, em um ataque que contava com Jô da Bike, Rafinha e Heliardo, Guilherme aproveitou o empréstimo no Passo D’Areia para se desenvolver e conquistar seu espaço no time de Roger Machado. Para China Balbino, técnico do São José na época, o jogador se adaptou com facilidade.
— O Guilherme optou por jogar a Copinha, já que estava naquele momento no time de transição do Grêmio e não existiam os campeonatos de base que tem hoje. Não é fácil sair de um time grande e se desenvolver em um time de baixo-médio porte. Mas ele mostrou ser um profissional extremamente qualificado e teve uma adaptação muito rápida. Em 2015 foi muito importante, fazendo o gol do título da Copa Walmir Louruz contra o Inter. No Gauchão, pedimos o empréstimo novamente, e, no nosso jogo da Arena, eu o coloquei no segundo tempo e ele marcou um dos gols — destacou Balbino.
Sem sequência
Foram 19 jogos pelo Grêmio em 2016, a maior parte deles entrando no segundo tempo, e nenhum gol marcado. No título da Copa do Brasil estava no banco. Com a saída de Roger Machado e a chegada de Renato Portaluppi, em setembro, o time titular se firmou com Ramiro na ponta direita e Pedro Rocha pela esquerda. Everton, Bolaños, Negueba e Lincoln eram as principais alternativas, e assim Guilherme perdeu espaço. No ano seguinte, a solução encontrada foi um novo empréstimo. Dessa vez para o Botafogo, que disputaria a Libertadores.
Embora também tenha sido reserva em praticamente toda a temporada, a passagem de Guilherme pelo Fogão de Jair Ventura foi significativa. Foram 62 jogos no ano – a maior marca de sua carreira — e gols importantes na competição continental, como na vitória fora de casa por 2 a 0 sobre o Atlético Nacional-COL.
Com a intenção de novamente disputar a Libertadores, o atacante foi emprestado para a Chapecoense em 2018. Porém, o time catarinense foi eliminado ainda na fase preliminar pelo Nacional do técnico Cacique Medina. Novamente na reserva, Guilherme foi emprestado ao Coritiba no segundo semestre e disputou sua primeira Série B na carreira. O Coxa de Argel Fucks, contudo, terminou na 10ª posição, longe do acesso, e o atacante fez apenas três gols.
Destaque
Ainda sob contrato com o Grêmio e sem chances de ser integrado ao elenco de Renato Portaluppi, o 2019 de Guilherme foi no Sport. Cansado de empréstimos em que ficava na reserva, o atacante queria atuar com regularidade e viu no time de Recife essa possibilidade— e dessa vez conseguiu aproveitar. Quase o "dono do time", conduziu o Leão à Primeira Divisão sendo o artilheiro do Brasileirão Série B, com 17 gols. Além disso, atuando na ponta esquerda, mostrou comprometimento com a marcação na fase defensiva, sendo o principal escape para os contra-ataques, e também era o principal cobrador de bolas paradas.
— Ele teve uma passagem bastante positiva pelo Sport. Deslanchou com Guto Ferreira à frente do time na Série B. Atuou majoritariamente pelo lado esquerdo, ajudando na criação de jogadas, puxando para o meio antes de chutar ou levando à linha de fundo. Sem a bola, auxiliou fazendo pressão já no campo de ataque, principalmente no 4-4-2 ao lado de Hernane ou na segunda linha de 4 pela esquerda — comentou a analisa Mateus Schuler, do site Pernambutático.
O destaque no Sport fez Guilherme chamar a atenção de vários clubes do exterior. Na época, o presidente do clube pernambucano afirmou que a renovação do empréstimo para 2020 seria impossível por conta de uma proposta irrecusável do Japão. Em último ano de contrato, o Grêmio na verdade vendeu o atacante de 24 anos para o Al-Faisaly, da Arábia Saudita, por três milhões de dólares. O time era treinado pelo brasileiro Péricles Chamusca.
No Oriente Médio foi sempre titular. Na primeira temporada, ajudou a equipe a terminar o campeonato nacional na quinta colocação. No ano seguinte, embora o time tenha terminado apenas em 11º, sagrou-se campeão da Copa do Rei da Arábia Saudita, e assim classificou-se para a Liga dos Campeões da Ásia.
O desempenho chamou a atenção do Al-Dhafra, dos Emirados Árabes. O contrato foi de apenas seis meses, mas Guilherme aceitou trabalhar com outro treinador brasileiro: Rogério Micale. Mesmo na curta passagem, o camisa 10 ajudou o time a escapar do rebaixamento, com 14 jogos e cinco gols.
Números de Guilherme
Al-Dhafra - EAU (2022)
- 14 jogos
- 5 gols
Al-Faisaly - SAU (2020/2022)
- 64 jogos
- 15 gols
Sport (2019)
- 49 jogos
- 21 gols
Coritiba (2018)
- 13 jogos
- 2 gols
Chapecoense (2018)
- 30 jogos
- 6 gols
Botafogo (2017)
- 62 jogos
- 7 gols
Grêmio (2016)
- 19 jogos
- 0 gols