O jogo entre Grêmio e Londrina, nesta terça-feira (28), às 19h, na Arena, irá protagonizar um confronto entre dois nomes que dentro de campo marcaram história com a camisa gremista. Companheiros no vitorioso time de Luiz Felipe Scolari, nos anos 1990, Roger Machado e Adilson Baptista estarão em lados apostos na partida válida pela 15ª rodada da Série B.
Roger e Adilson formaram o lado esquerdo da defesa do Grêmio bicampeão da Libertadores, em 1995, quando o zagueiro levantou a taça e recebeu a alcunha de capitão da América. Juntos, os dois ainda conquistaram a Recopa Sul-Americana de 1996, os Gauchões de 1995 e 1996 e o Brasileirão de 1996, a última competição de Adílson com a camisa tricolor antes da ida para o Jubilo Iwata, do Japão.
Roger seguiu e levantou duas taças de Copa do Brasil, em 1997 e 2001, a Copa Sul, em 1999, e mais dois estaduais antes de Adilson retornar ao velho Olímpico na condição de treinador. Em um Tricolor que brigava contra o rebaixamento no Brasileirão de 2003, o lateral foi capitão do ex-companheiro na arrancada na reta final que garantiu a permanência na Série A com a goleada de 3 a 0 sobre o Corinthians, na última rodada.
Ex-companheiro deles, Luís Carlos Goiano diz que Adilson e Roger, cada um a sua maneira, já mostravam sinais de que virariam técnicos no futuro.
— O Adilson já era um líder nato. Era um jogador mais experimentado que nós, mesmo que ele e eu tenhamos a mesma idade, já tinha rodagem em grandes clubes e Seleção Brasileira no currículo. Ele demonstrava essa liderança no dia a dia, sempre foi muito aquela cara perfeccionista — conta ao recordar do ex-zagueiro.
Sobre Roger, Goiano conta que mesmo um garoto - tinha 20 anos em 1995 - o lateral-esquerdo demonstrava personalidade.
— O Roger estava começando e, mesmo jovem, era um jogador de muita personalidade no vestiário. A liderança é algo que você vai desenvolvendo com o tempo e aconteceu com ele, depois foi capitão no Grêmio, no Fluminense. Em 1995, o Roger era um iniciante, mas que tinha uma personalidade forte — afirma.
Adilson deixou de ser técnico do Grêmio em 2004 e seguiu uma carreira de treinador com passagens por alguns dos maiores clubes do país, casos de Corinthians, São Paulo, Vasco, Santos e Cruzeiro. No time mineiro esteve perto de conquistar a Libertadores, em 2009, em uma final em que acabou derrotado de virada pelo Estudiantes dentro do Mineirão. Roger Machado teve sua estreia na casamata em 2014 no Juventude e no ano seguinte chegou à Arena para substituir justamente Felipão. Não vieram as taças, mas o trabalho no Grêmio rendeu elogios no Brasil inteiro e lhe renderam oportunidades para treinar equipes do porte de Atlético-MG, Palmeiras e Fluminense.
O jogo desta terça será apenas o segundo confronto entre Roger Machado e Adilson Batista como treinadores. O primeiro foi em 2019, quando o Ceará de Adilson venceu o Bahia de Roger por 2 a 1, em Pituaçu, pela 27ª rodada do Brasileirão.
Ainda que estejam em momentos diferentes da carreira, há semelhanças entre Roger e Adilson nesta temporada. Enquanto o treinador gremista tem a missão de recolocar um gigante do futebol brasileiro na Série A e também de consolidar um trabalho de longo prazo após não ter conseguido terminar as temporadas nos outros três grandes que comandou, Adilson busca se recolocar no radar das principais equipes do País.
O Londrina tem a menor folha salarial da Série B - cerca de R$ 500 mil mensais -, o que torna a permanência na Segunda Divisão um desempenho satisfatório, mas a campanha atual vai além disso. Na oitava posição com 18 pontos conquistados tendo uma partida atrasada - o confronto com a Chapecoense, pela 10ª rodada, será disputado apenas em 5 de julho -, o time paranaense poderá até se colocar como candidato ao G-4 em caso de vitória na Arena.
Mas isso, claro, Roger tentará impedir. Porque diante da torcida gremista, o Grêmio espera conquistar os três pontos, se firmar entre os quatro primeiros e já projetar assumir o terceiro lugar no confronto direto com o Bahia na próxima rodada.
Roger e Adilson no Grêmio
Títulos juntos
1995
- Gauchão
- Libertadores
1996
- Gauchão
- Recopa Sul-Americana
- Brasileirão
Como técnicos, único confronto
- Bahia (Roger) 1 x 2 Ceará (Adilson) - Brasileirão de 2019